Lendo Ellen White: Ellen White e a Bíblia - Capítulo 3
Você pode
pensar que o título deste capítulo se parece com o conteúdo do capítulo
anterior. Você tem razão. Estamos tratando de um assunto extremamente
importante que se encontra no centro de uma compreensão saudável e equilibrada
dos escritos de Ellen White. Quando as pessoas não entendem a relação entre seu
dom e a Bíblia, elas cometem um dos erros fundamentais em relação aos seus
escritos. Se elas estão equivocadas sobre esse ponto, não percebem o propósito
da contribuição dela à sua vida pessoal e à igreja. Por isso, é indispensável
empregar mais algumas páginas para examinar a relação entre os escritos de
Ellen White e a Bíblia.
O
primeiro ponto a ser enfatizado é que a Sra. White não queria que seus leitores
fizessem de seus escritos a autoridade maior da vida deles. “Nossa posição e crença têm por base a Bíblia”,
escreveu em 1894. “E nunca queremos que alguém ponha os Testemunhos à frente da
Bíblia” (Evangelismo, p.
256) No mesmo ano, ela tomou uma posição idêntica em relação ao evangelismo: “No trabalho público, não tornem proeminente nem citem
o que a irmã White tem escrito, como autoridade para apoiar suas posições.
Fazer isso não aumentará a fé nos testemunhos. Apresentem suas provas, claras e
simples, a partir da Palavra de Deus. Um ‘Assim diz o Senhor’ é o
mais forte testemunho que vocês podem apresentar ao povo. Que ninguém seja
instruído a olhar para a irmã White, e sim ao poderoso Deus, que dá instruções
à irmã White” (Mensagens Escolhidas,
v. 3, p. 29, 30).
Por
ocasião de um encontro com os representantes da Associação Geral para discutir
a reorganização da Igreja, em 1901, Ellen White os exortou uma vez mais a fazer
dos princípios da Bíblia a autoridade maior deles em vez de suas exortações e
palavras. Dirigindo-se aos líderes da Igreja Adventista, ela declarou: “Ponham a irmã White de lado. Não citem outra vez as
minhas palavras enquanto viverem, até que possam obedecer à Bíblia. Quando vocês fizerem da Bíblia seu alimento, sua
comida e sua bebida, quando fizerem dos princípios dela os elementos de seu
caráter, vocês conhecerão melhor como receber conselho de Deus. Eu exalto a
preciosa Palavra diante de vocês neste dia. Não repitam o que eu declarei,
afirmando: ‘A irmã White disse isto’ e ‘A irmã White disse aquilo’. Descubram o
que o Senhor, Deus de Israel, diz, e façam então o que Ele ordena” (Mensagens Escolhidas,
v. 3, p. 33).
Essas
declarações não significam que Ellen White não tenha dito nada sobre o assunto
em discussão. Também não implica que seja errado procurar o conselho em seus
escritos ou que eles não tenham nenhuma autoridade. As citações acima invocam,
sobretudo, uma questão de prioridade. Em cada caso, algumas pessoas têm
colocado Ellen White numa posição que ela não ocupa. A missão dela era conduzir
à Bíblia, e não tomar o seu lugar. Os que fazem uma compilação com dezenas de
citações de Ellen White sobre determinado assunto, mas negligenciam a Bíblia,
não seguem Ellen White, por mais “fiéis” que possam parecer aos seus próprios olhos.
Avançam numa direção oposta à da pessoa que eles consideram como guia. Com
frequência, Ellen White orientou as pessoas em direção à Bíblia como a mais
alta autoridade em cada área da vida cristã.
Tiago
White, seu marido, adotou a mesma posição, assim como os outros líderes
adventistas. Em seu primeiro texto sobre o dom de Ellen White, escrito em 1847,
Tiago declarou que “a Bíblia é uma revelação perfeita e completa. Ela é nossa
única regra de fé e de conduta. Mas isso não é uma razão para que Deus não
possa mostrar o cumprimento passado, presente e futuro de Sua Palavra, nestes últimos dias, por
sonhos e visões, segundo o testemunho de Pedro (veja Atos 2:17-20; Joel
2:28-31). Verdadeiras visões são dadas para nos conduzir à Deus e a Sua Palavra
escrita, mas as que são uma nova regra de fé e de conduta, distintas da Bíblia,
não podem vir de Deus e devem ser rejeitadas” (A Word to the Little
Flock, p. 13).
Vemos nessa declaração o equilíbrio delicado seguido por
vários dos primeiros pensadores adventistas. A ideia central é que a Bíblia
constitui a autoridade suprema, mas ela mesma declara que Deus enviaria visões
e dons espirituais nos últimos dias da história da Terra, para conduzir Seu
povo de volta à Bíblia e lhe fazer atravessar os perigos da crise final. Assim,
Tiago White mostra que o uso de Joel 2:28-31 por Pedro, em seu sermão do
Pentecoste (Atos 2), não esgota o cumprimento dessa profecia. No fim dos
tempos, Deus enviaria novamente o Espírito Santo, e “os seus filhos e as suas filhas profetizarão” (Joel
2:28, NVI) e teriam visões antes da segunda vinda. Tiago White cita também 1
Tessalonicenses 5:19-21, onde Paulo diz: “Não apaguem o Espírito. Não tratem com desprezo as
profecias, mas ponham à prova todas as coisas e fiquem com o que é bom” (NVI).
Também cita Isaías 8:20, onde lemos: “À lei e ao
testemunho! Se eles não falarem segundo esta palavra, é porque não há luz neles”
(ARC) (A Word to
the Little Flock, p. 14).
Tiago White e os outros pioneiros da Igreja Adventista não
tinham nenhuma dúvida: a Bíblia ensina que Deus concederia o dom de profecia
nos últimos dias, e que cada um tem a responsabilidade de testar os que afirmam
ser profetas pelos critérios da Bíblia contidos em textos como Isaías 8:20 e
Mateus 7:15-20. Os líderes adventistas não duvidavam também que esses dons
devessem estar subordinados à Bíblia e que se não o fossem, seriam mal
empregados.
Assim, em 1851, Tiago White escreveu que “os dons do Espírito
deveriam ter o lugar que lhes convém. A Bíblia é uma rocha eterna. Ela é nossa
regra de fé e de conduta”. Ele chegou a afirmar que se todos os cristãos fossem
tão dedicados e honestos como deveriam, estariam na condição de aprender todos
os seus deveres com a própria Bíblia. “Mas, como o caso contrário existe, e
sempre existiu, Deus, em Sua bondade, teve piedade da fraqueza de Seu povo e
colocou dons na igreja para corrigir nossos erros e nos conduzir à viva
Palavra. Paulo diz que os dons existem ‘com o fim
de preparar os santos para a obra do ministério’, ‘até que todos alcancemos a
unidade da fé’ (Efésios 4:12, 13, NVI). A extrema necessidade na qual se
encontra a igreja, em seu estado de imperfeição, é oportunidade para conceder
os dons do Espírito.”
Tiago White continua: “Portanto, cada cristão deve tomar a
Bíblia como regra perfeita de fé e de conduta. Deve orar com fervor para ser
auxiliado pelo Espírito Santo no estudo das Escrituras, na busca de toda a
verdade e de todos os seus deveres. Ele não tem a liberdade de se desviar dela
para descobrir seus deveres por meio de qualquer dom. Dizemos que a partir do
momento em que ele age assim, o cristão coloca os dons no lugar errado e toma
uma posição extremamente perigosa. A Palavra de Deus deve ser colocada em
primeiro lugar e a atenção da igreja deve fixar-se nela, como regra de conduta
e fonte de sabedoria, a fim de aprender o que é seu dever ‘em toda boa obra’.
Mas, se parte da igreja se afasta das verdades da Bíblia e torna-se fraca e
doente, e o rebanho se dispersa e pareça necessário a Deus empregar os dons do
Espírito para corrigir, fortalecer e curar os afastados, devemos permitir que
Ele faça essa obra” (Review and Herald,
21 de abril de 1851).
Vemos que Tiago White estava de acordo com sua esposa sobre o
lugar de seu dom espiritual em relação à Bíblia. Essa posição reflete também o
consenso dos outros líderes dos primórdios da igreja. Seria difícil ser mais
claro sobre o assunto.
Neste momento, é importante notar que embora Ellen White, seu
marido e os outros líderes adventistas cressem que seu dom de profecia estava
subordinado à autoridade da Bíblia, isso não significa que eles considerassem
sua inspiração de qualidade inferior aos dos escritores bíblicos. Ao contrário,
eles pensavam que a mesma Voz que falava aos profetas da Bíblia também se
comunicava por meio de Ellen White.
Encontramos
aqui um perfeito equilíbrio. Ainda que os adventistas considerassem que sua
inspiração possuía a mesma origem divina que a dos autores bíblicos, eles não
lhe atribuíam a mesma autoridade. Ellen White e seus contemporâneos adventistas
sustentavam que sua autoridade era derivada da
autoridade da Bíblia e, portanto, não podia lhe ser igual.
Portanto,
sua influência não tinha por objetivo transcender ou contradizer os limites da
verdade revelada na Bíblia. Como o disse pertinentemente Ellen White: “Os testemunhos não estão destinados a
comunicar nova luz; e sim a imprimir fortemente na mente as verdades da
inspiração que já foram reveladas [na Bíblia]. Não se trata de escavar verdades
adicionais; mas pelos Testemunhos Deus
tem facilitado a compreensão de importantes verdades já reveladas” (Testemunhos Para a
Igreja, v. 5, p. 665).
Infelizmente,
alguns não prestam atenção aos limites que Ellen White colocou em seus próprios
escritos. Essas pessoas trazem os ensinos de Ellen White para além do limite
das Escrituras, por meio de ênfases equivocadas e métodos de interpretação
deficientes (que serão examinadas mais à frente deste livro). Suas ideias
“elevadas” às vezes não somente contradizem a Bíblia, mas ultrapassam também os
limites estabelecidos por Ellen White quanto ao uso de seus escritos. Nossa
única segurança é ler os escritos de Ellen White dentro do quadro bíblico.
Devemos ter cuidado para não empregar seus escritos para salientar ensinos que
não são claramente enunciados pelas Escrituras. Devemos nos lembrar que o que é
necessário para a salvação está já presente na Bíblia.
Antes de
nos afastarmos do assunto da relação entre Ellen White e a Bíblia, é necessário
examinar ainda uma questão. Alguns adventistas consideram Ellen White um
comentarista infalível da Bíblia, no sentido de que deveríamos usar seus
escritos para estabelecer o sentido de textos bíblicos. Um importante editor
adventista escreveu na Review and Herald,
em 1946, que “os escritos de Ellen White constituem um grande comentário das
Escrituras”. Ele chegou a declarar que eles não eram comparáveis a outros
comentários por serem “comentários inspirados, suscitados pela ação do Espírito
Santo e que isso lhes põe numa categoria particular, bem acima de qualquer
outro comentário” (Review
and Herald, 9 de junho de 1946).
Mesmo que
Ellen White tenha afirmado escrever sob a inspiração do Espírito Santo, ela não
afirmava que deveríamos tomar seus escritos como a última palavra sobre o
significado de textos bíblicos. A. T. Jones, ao contrário, num artigo publicado
em 1894 sobre o propósito dos escritos de Ellen White, os considerava como um
intérprete “infalível” da Bíblia. Ele alegou que o bom uso dos escritos de
Ellen White era “estudar a Bíblia por meio deles”.
Tal abordagem, dizia ele, faria de nós “poderosos nas Escrituras” (The Home Missionary Extra,
dezembro de 1894). A sugestão de Jones serviu de linha de conduta para muitos
adventistas do século 20.
É
absolutamente essencial reconhecer que Ellen White rejeitou o uso de suas obras
como um comentário infalível. As melhores provas disso são suas respostas às
discussões sobre a interpretação da lei na Epístola aos Gálatas e a definição
do “contínuo” em Daniel 8. Esses foram combates teológicos que dividiram os
principais pensadores adventistas durante quase três décadas.
O
conflito girava em torno da suposta interpretação de Ellen White sobre as
passagens bíblicas relativas a essas duas questões. Segundo alguns de seus
leitores, em um testemunho escrito na década de 1850, ela havia definido a lei
na Epístola aos Gálatas como a lei cerimonial. Para essas pessoas, essa era a
prova irrefutável da identificação da lei. Mas havia um problema com a solução
dada por eles. O testemunho em questão tinha sido perdido; portanto, a “prova”
estava longe de ser conclusiva.
A
resposta de Ellen White a essa crise teológica é muito esclarecedora. No dia 24
de outubro de 1888, ela disse aos delegados da assembleia da Associação Geral
que havia sido providencial a perda do testemunho no qual ela havia
supostamente tinha resolvido a questão. Ela afirmou: “Deus tem uma intenção
nisso. Ele quer que abramos a Bíblia e busquemos a evidência nas Escrituras” (The 1888 Ellen G.
White Materials, p. 153). Em outras palavras, ela estava mais interessada
nas afirmações bíblicas sobre o assunto do que em suas próprias declarações.
Mas os
delegados dispunham de seu livro Sketches From the
Life of Paul (1883), que parecia fixar definitivamente seu selo de
aprovação sobre a interpretação da lei cerimonial.
Qual foi
a reação de Ellen White ao uso de seus escritos? No mesmo dia em que
alguém apresentou um argumento retirado do livro Sketches From the
Life of Paul, ela declarou aos delegados: “Não posso tomar posição em favor
de nenhum lado [sobre a questão de Gálatas] antes de ter estudado o assunto” (The 1888 Ellen G.
White Materials, p. 153) Em resumo, ela rejeitou a abordagem dos que
quiseram se servir dela como um comentarista infalível. Vemos a essência da sua
resposta na seguinte afirmação: “Se vocês pesquisarem de joelhos as Escrituras,
então, vocês as conhecerão e serão capazes de responder a todo que lhes
perguntar a razão de sua fé” (idem, p. 152).
Ellen
White manteve a mesma posição vinte anos mais tarde, durante o debate sobre a
definição do “contínuo” em Daniel 8. Nessa disputa, os que defendiam a antiga
interpretação pretendiam que a nova derrubava a teologia adventista. Para eles,
uma declaração de Ellen White no livro Primeiros Escritos apoiava
a compreensão tradicional. O maior defensor da antiga interpretação afirmava
que uma mudança em relação à posição estabelecida destruía a autoridade de
Ellen White. Ele era muito incisivo em seu ponto de vista sobre a relação entre
os escritos dela e a Bíblia. “Devemos compreender essas expressões bíblicas com
a ajuda do Espírito de Profecia [manifestado nos escritos de Ellen White].
[...] É para esse propósito que o dom de profecia nos foi concedido. [...]
Todas as questões devem ser resolvidas” dessa maneira (Carta de S. N. Haskell a
W. W. Prescott, 15 de novembro de 1907).
Ellen
White discordava do argumento de Haskell. Ela pediu que seus escritos “não
sejam usados” para resolver o problema. “Rogo aos pastores H, I, J, e outros de
nossos principais irmãos, que não façam referência a meus escritos para apoiar
seus pontos de vista quanto ao ‘contínuo’. [...] Não posso consentir que
qualquer de meus escritos seja tomado como solucionando esse assunto. [...] Não
tive nenhuma instrução a respeito do ponto em discussão” (Mensagens Escolhidas,
v. 1, p. 164).
Portanto,
nos dois debates – sobre o “contínuo” e sobre a lei em Gálatas –, Ellen White
tomou a posição de que seus escritos não deviam ser usados para estabelecer o
sentido de textos bíblicos, como se ela fosse um comentarista infalível.
William
C. White também apresenta um interessante pensamento sobre a relação entre os
escritos de sua mãe e a Bíblia: “Alguns de nossos irmãos estão muito surpresos
e decepcionados porque mamãe não escreve algo decisivo que possa encerrar o
debate sobre o que é o ‘contínuo’ e, assim, pôr fim a essa discussão. Durante algum
tempo esperei por isso, mas, quando vi que Deus não julgou bom resolver a
questão através de uma revelação por intermédio de Sua mensageira, cheguei a
crer cada vez mais que Sua vontade é que haja um estudo sério da Bíblia e da
história, até que uma clara compreensão da verdade seja alcançada” (Carta de
William C. White a P. T. Magan, 31 de julho de 1910).
Sua
recusa em agir como um comentarista infalível da Bíblia não deveria surpreender
a ninguém. Ela nunca assumiu esse papel, mas sempre chamava a atenção das
pessoas sobre a necessidade de estudar a Bíblia por si mesmas. Ela nunca
declarou: “Deixe-me dizer
o que a Bíblia realmente quer dizer.” A última coisa que ela queria era se
colocar entre as pessoas e a Bíblia.
O teólogo
adventista Fritz Guy ilustra muito bem esse ponto: “Se aponto meu dedo em
direção ao teto e digo: ‘Olhem!’, não quero que você olhe meu dedo. Desejo que
sigam a direção para a qual ele aponta. Se você insiste em olhar meu dedo é
porque você não me entendeu” (Fritz Guy, texto não publicado, 18 de janeiro de
1986). Esse era o propósito de Ellen White. Ela sempre conduziu seus leitores
em direção à Bíblia e nunca pretendeu ter a última palavra sobre o sentido de
textos bíblicos. Na verdade, em seus próprios escritos, ela nunca tirava as
mesmas lições ou interpretações das mesmas passagens bíblicas.
Os que
querem transformar Ellen White em um comentarista infalível da Bíblia vão
contra seus próprios conselhos e lançam por terra suas palavras. Eles fazem
dela a luz maior para explicar a luz menor, que seria a Bíblia. Robert W.
Olson, diretor aposentado do Patrimônio Literário de Ellen G. White, explica as
dificuldades inerentes a essa abordagem: “Dar a um indivíduo um controle
absoluto sobre a interpretação da Bíblia consistiria, praticamente, a elevar
essa pessoa acima da Bíblia. Seria um erro permitir mesmo ao apóstolo Paulo
exercer um controle sobre a explicação de todos os outros autores bíblicos. Nesse
caso, Paulo, e não a Bíblia inteira, seria a autoridade final” (One Hundred and One
Questions on the Sanctuary and on Ellen White, p. 41). Nossa única
segurança é permitir que os autores da Bíblia falem por si mesmos. O mesmo
acontece com Ellen White. Leia cada autor em sua própria mensagem, em seu
próprio contexto.
Olson
aponta uma questão importante quando ele nota que “os escritos de Ellen White
são geralmente de natureza homilética ou evangelística, e não estritamente
exegética” (idem). O comentarista evangélico I. Howard Marshall nos ajuda a
compreender melhor essa ideia. Ele ressaltar que “exegese é o estudo da Bíblia
[...] para determinar com precisão o que os autores buscavam dizer a quem se
destinavam suas mensagens”. Já “a exposição [homilética] é o estudo da Bíblia
para determinar o que ela pode nos ensinar” (Biblical Inspiration [Grand Rapids: Eerdmans, 1982], p. 95, 96). Em
outras palavras, exegese se
preocupa com o significado original de um texto bíblico, ao passo que homilética é
a aplicação de um texto num sermão, muitas vezes sem se limitar ao sentido
original.
Você pode
se perguntar: “Como isso se aplica à relações entre Ellen White e a Bíblia?”.
Da seguinte maneira: Ellen White sempre direcionou seus leitores à Bíblia para
que eles estudassem e descobrissem o que seus autores tinham a dizer (exegese).
Mas, além disso, ela sempre aplicava os princípios bíblicos ao seu tempo lugar
(homilética). Nos dois casos ela serviu como “uma luz menor para guiar
homens e mulheres à luz maior” (O Colportor Evangelista,
p. 125). Com essa frase, ela não queria dizer que tivesse um grau menor de
inspiração que os escritores bíblicos, mas que a função de seus escritos era
conduzir as pessoas à Bíblia.
Neste
capítulo, examinar o importante conselho de não transformar Ellen White em um
comentarista infalível da Bíblia. Também vimos que ela geralmente citou a
Bíblia de maneira homilética, e não exegética. Mas é importante notar que às
vezes ela usou a Bíblia se manifestou sobre a exegese de um texto. Devemos
determinar quais textos de Ellen White são de natureza exegética lendo-os em
seu contexto específico e depois lendo as passagens bíblicas em seus próprios
contextos. Olson foi muito feliz ao escrever: “Antes de afirmar que Ellen
White está interpretando um texto do ponto de vista exegético, deve-se estar
previamente seguro de como ela está utilizando o texto bíblico em discussão” (One Hundred and One
Questions on the Sanctuary and on Ellen White, p. 42).
George
Knight
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