Qual o Propósito Eterno de Deus para a Humanidade?

por Ruth Alencar

Qual a relação entre a queda do homem e este propósito?”
  Estas perguntas nos foram enviadas por e-mail por um de nossos leitores.

A Bíblia apresenta Adão e Eva como os primeiros seres humanos sobre a face da Terra, dizendo que eles foram criados por Deus à Sua imagem e semelhança. Esses dois termos implicam que o homem foi criado para refletir, espelhar e representar Deus. Deus lhes confiou essa responsabilidade para que Seu caráter e amor fossem desenvolvidos e refletidos nos seres humanos. Esta deveria ser a nossa herança eterna. De fato, o homem foi criado com este propósito especial: honrar e glorificar o Criador.  

Adão e Eva antes de caírem em desobediência eram espirituais, intelectuais e fisicamente perfeitos. Não havia nada em sua natureza humana, ao sair das mãos do Criador, que tivesse propensão a pecar. Eles não tinham a tendência para o mal. Enquanto permanecessem em perfeita união com o Criador nada poderia frustrar sua felicidade. Deus criou o ser humano para a felicidade. É importante que saibamos disso!

Eles foram formados à imagem de Deus com individualidade, o poder e a liberdade de pensar e agir. Contanto tenham sido criados como seres livres, cada um era uma unidade indivisível de corpo e mente, e dependente de Deus quanto à vida, respiração e tudo o mais. Quando os nossos primeiros pais desobedeceram a Deus, negaram essa dependência dEle, Sua imagem neles foi desfigurada e tornaram-se sujeitos à morte. Nós, seus descendentes partilhamos dessa natureza caída e de suas consequências. A Bíblia diz: “É isto a única coisa que encontrei: Deus fez os seres humanos justos, mas eles inventaram muitas intrigas” (Eclesiastes 7:29).  

Infelizmente a imagem de Deus no ser humano está corrompida. Desde que o pecado entrou na Terra, pela transgressão de Adão e Eva, uma degeneração começou a acontecer.  

A necessidade que sentimos hoje pela reconciliação e reavivamento constante com Deus foi também sentida por Adão e seus filhos. Todas as vezes que pecamos, temos a tendência de fugir do Senhor, afastando-nos dEle mais e mais. A queda do homem trouxe grandes implicações com relação ao propósito divino de que acima de tudo o homem seja um ser feliz. Deus deseja que o Universo volte a ser feliz. Isto porque a queda do homem está inserida no contexto complexo do conflito cósmico ocorrido em tempos anteriores à criação da Terra e dos seres humanos.  

A grande verdade é que a rebelião de Lúcifer , um dos mais influentes anjos criados por Deus, e posteriormente a queda do homem  encheu o Céu todo de tristeza. O mundo que Deus fizera está manchado pela maldição do pecado, e habitado por seres condenados à miséria e morte. A Bíblia aponta, então, para uma degeneração da criação, muito embora ainda rica da presença de Deus, daí porque a vida é teimosa. Ela existe mesmo em condições totalmente desfavoráveis e isto, admitamos ou não, é obra da graça de Deus.  

O fato é que “O pecado de Adão e Eva não pegou a Deus de surpresa. O remédio existia bem antes da doença. A Graça estava providenciada e assegurada na decisão de Cristo em ocupar nosso lugar na condenação se a transgressão ocorresse. Como raça, Ele poderia ter nos mantido na inexistência, mas preferiu nos dar a chance de uma nova vida” e o mais intrigante, permitiu-nos “a liberdade de escolher afastar-nos dEle” ou não. “Sua Graça esperava para se manifestar e socorrer, nunca para censurar; e foi o que aconteceu – Tão logo houve pecado houve um Salvador! A Graça provida tornou-se atuante. O Evangelho é a história de Seu amor que nunca nos abandonou. Neste momento é Graça que respiramos!’ (Pr. Benedito Muniz).  

Em Apocalipse 13:8 João nos revela que o cordeiro foi imolado antes da fundação do mundo, mostrando-nos que a crucificação de Jesus foi apenas uma manifestação daquilo que já havia sido feito antes da criação e, portanto, do pecado em si. A Bíblia é clara em dizer que existia um plano de redenção da humanidade caída “desde a fundação do mundo”. No coração de Deus uma solução viria através de Jesus. Jesus morreria no lugar do homem, a fim de que o homem não precisasse morrer devido ao seu pecado. O propósito eterno de Deus é, portanto, nos amar incondicionalmente. E Ele tem sido fiel ao Seu propósito, mesmo que isto implique respeitar a decisão humana de rejeitar o Seu amor.  

A liberdade do ser e de decidir é algo que Deus repeitará sempre, por isso não destruiu de imediato Lúcifer, deu um tempo para que ele provasse sua teoria quanto ao fato de que seria mais habilitado para gerenciar o Universo. Por isso, não permitiu que Adão e Eva fossem imediatamente mortos após a deslealdade deles. Afinal, Ele mesmo havia dito que se comessem do fruto (desobedecessem) morreriam.  

Em Seu propósito Criador Seu plano perfeito inclui a decisão de suas criaturas. A despeito do que dizem o livre arbítrio existe sim, e Deus sempre o levará em conta. Em Romanos 5 Deus é revelado como um Deus de amor (v.8). Um amor que é a fonte e não a consequência de Sua intervenção na história humana. Jesus, Deus encarnado na matéria humana e ‘por quem temos a paz com Deus’ (v.1), não surge na história da humanidade para impressionar Deus a nos perdoar, mas porque Deus nos ama.

A restauração do caráter de Deus nos seres humanos foi um plano da Trindade reunida, compadecida da triste situação em que Seus filhos se encontravam por causa da desobediência. Com apoio do Pai e do Espírito Santo, o Filho de Deus decidiu morrer em lugar do pecador. “Porque Deus amou tanto o mundo que deu seu Filho único, para que todo que nEle confia possa ter vida eterna, em vez de ser completamente destruído.” (João 3:16).

Sendo esse o desejo divino, que em tudo que fizermos, devemos mostrar ao mundo quão grande e amável Ele É, uma questão então se estabelece: Pode o ser humano cumprir o propósito de Deus ainda revestido por essa natureza corrupta?   A Bíblia é muito clara com relação às grandes questões existenciais e ela afirma que a imagem do ser humano corrompido pode ser restaurada somente pelo poder regenerador do Espírito Santo e da comunhão constante com o Criador. E isto porque nossa origem de fato é divina. Então, todo problema concernente à natureza humana exige como resposta a essência divina.

Todos os dias, o cristão deve agradecer a Deus por esse plano de amor e redenção. Ao mesmo tempo, o verdadeiro discípulo do Senhor deve seguir o modelo do Mestre em dar Sua vida para resgatar o máximo de pessoas possível. Não há cristianismo verdadeiro se não houver um espírito de abnegação e dedicação ao serviço do Senhor.[…] … Sabemos que Deus fez todas as coisas cooperarem para o bem de quem o ama e é chamado de acordo com o seu propósito, pois aqueles a quem conheceu de antemão, também determinou antecipadamente que se conformassem ao padrão de seu Filho, para que ele possa ser o primogênito entre muitos irmãos…” (Romanos 8: 28-29). E se quisermos ser semelhantes ao nosso Irmão primogênito que é Jesus, devemos fazer o mesmo. Há uma necessidade urgente de nossas igrejas treinarem suas ovelhas para que sejam verdadeiros discípulos de Jesus, buscando e salvando os perdidos.” (Matthew Henry’s Commentary on the Whole Bible: Complete and Unabridged in One Volume (Peabody: Hendrickson, 1994), Gênesis 1:26-28).  

Por isso, o amor a Deus e ao próximo constitui o mandamento maior.“O amor é a única força capaz de transformar um inimigo em amigo, ou vivemos todos juntos como irmãos, ou morremos todos juntos como idiotas”. (Martin Luther King Jr)

O cumprimento do propósito eterno divino passa pelo caminho da humildade quando servimos nossos semelhantes e os amamos como nos amamos. Foi isso que aconteceu naquela cruz. Jesus nos ama porque somos Sua própria essência. Não foi o pecado que levou Jesus a estar sobre aquela cruz, mas o amor. Revelar o caráter, a bondade de Deus ainda que não merecêssemos. O pecado da humanidade nunca foi de fato um problema para Deus.  Seu amor e graça sempre forem maiores e mais potentes. Seu propósito eterno para a humanidade é dar-nos vida e vida em abundância.  

No que concerne a relação entre a queda do homem e este propósito toda e qualquer dúvida foi resolvida na ressurreição de Jesus. Foi neste momento exato que Lúcifer compreendeu que seus argumentos contra Deus não se sustentavam.   

Porque Deus não enviou seu Filho ao mundo para julgar o mundo; mas para que por meio dele o mundo possa ser salvo.” (João 3:17).   

Aqui está “a grandeza do coração de Deus”. Entregou Seu único Filho para morrer em favor da humanidade.  Cristo afirma: Eu vim para que possam ter vida – vida em sentido pleno. Eis o propósito eterno de Deus para a humanidade.

Então, surge a pergunta: “Por que a maioria das pessoas não está experimentando essa “vida abundante”? Na verdade, todos têm o direito à vida, mas nem todos creem em Jesus. Só recebe essa vida abundante, ou seja, a salvação, aqueles que nEle creem. A imortalidade pertence somente a Deus e Ele como fonte da vida no-la concedeu condicionalmente. Pela entrada do pecado no nosso mundo a perdemos, mas Ele prometeu que por ocasião da Sua última intervenção, na história desse mundo caído, Ele restaurará a nossa natureza desfigurada de Sua imagem. Conceder-nos-á novamente a imortalidade condicional e viveremos com Ele por toda a eternidade.

Deus não disse a Adão e Eva que os abandonaria ou rejeitaria. O que Deus afirma é que eles tinham direito a uma escolha: viver ou morrer. Eles poderiam escolher. Sempre foi assim. Sempre será assim. Jesus morreu para que nos garantir essa liberdade. Muitos continuam a fazer a estulta escolha de rejeitar a eternidade em favor da vida presente. Nascidos neste mundo de pecado, somos pecadores por natureza. E a menos que o miraculoso poder de Deus interfira, nenhuma lógica ou razão nos levará a aceitar a eternidade que Deus nos oferece.  

Em Romanos 6:23 diz: “O que as pessoas merecem com o pecado é a morte; mas a vida eterna é o que se recebe como presente gratuito da parte de Deus, em união com Jesus, nosso Senhor.”  

Se hoje a vida prossegue seu curso, se na terra há fertilidade, se ainda há vida em nós, apesar da maldição do pecado, é porque o perdão temporal de Deus nos sustenta. Deus em Cristo perdoou toda a humanidade e a propósito disso Ele não nos exige uma resposta ética. Por isso, o sol brilha sobre justos e injustos. Deus não é motivado por nossa adoração para ser quem Ele É, misericordioso e gracioso.

No livro O que é Salvação, de Hans La Rondelle, se encontra a seguinte declaração: Salvação, no contexto bíblico, “é uma experiência de fé que redime nosso passado, enche de gozo nosso presente e aguarda com esperança um futuro glorioso” (p. 8). Gosto dessa definição, pois diz exatamente o que a salvação causa no coração do cristão.

Na verdade, a salvação está disponível a nós, porém é necessário crer. Embora seja necessário crer em Jesus para a salvação, isso não é tudo. A Bíblia diz que o diabo também crê em Deus, e estremece: “Você crê que Deus é um (Deuteronômio 6:4) Que vantagem há nisso? Os demônios creem nisso também – esse pensamento os faz tremer de medo! Entretanto, insensato, quer certificar-se de que a fé sem as ações concretas é estéril?” (Tiago 2: 19) O diabo crê, estremece, mas não obedece. O cristão precisa crer, estremecer e obedecer. De nada adiantará crer e não obedecer, pois assim não haverá diferença entre o cristão e o maligno.” (Otoniel de Lima Ferreira, D. Min. Professor de Evangelismo e Crescimento de Igreja. SALT, IAENE)  

A separação de Deus, portanto, é a condição pecaminosa, não importa quão bons possamos ser. Estar insubmisso à vontade e à autoridade de Deus é o que nos dá o status de pecadores. Há muita gente boa, de excelente moral, que vive longe de Deus. Vive, porém, em pecado. Praticando ou não coisas erradas, vive em pecado. Nós ainda seríamos reféns do inimigo de Deus se o Criador não houvesse intervindo através de Jesus.  

Deus criou o homem com um propósito. Neste propósito Adão deveria representá-LO ao lhe ser delegado o exercer autoridade sobre a Terra que o Criador acabara de criar.  A base da nossa moralidade deveria ser fundamentada nesta imagem e semelhança com Deus: sim, em Sua ética. Deveríamos ser amorosos, leais, verdadeiros, perdoadores, misericordiosos, tolerantes. Foi assim que Ele determinou que o homem fosse em relação aos seus semelhantes.

Temos esquecido o mais importante em nossa jornada como discípulos de Cristo: amar, como Ele nos amou e nos pediu para vivermos. “Criamos métodos que vende uma marca chamada igreja e deste ponto de vista somos fraquinhos. Quem somos nós para competirmos com a Ford, Ferrari, Nike, etc.? A meu ver, a igreja antes de qualquer coisa é uma comunidade de amor que expande esse amor ao povo, mas trabalhamos com a lógica do mercado que é: se estou investindo tem que dar retorno e é justamente nesse ponto que a instituição falha, pois “o amor tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta”. Quem ama não está interessado em feedback. Amar é servir e quem serve desinteressadamente tem força, tem vigor, tem moral. […] Jesus deixou claro que as pessoas nos conhecerão como Seus discípulos por um método apenas: ‘Todos saberão que são meus discípulos pelo fato de amarem uns aos outros’. (João 13:35)” (Pr. Laudelino Santos)  

“A maior provisão de Deus para o ser humano foi ter enviado Seu Filho para morrer em nosso lugar. Na verdade, a morte de Cristo supre a necessidade humana de salvação pela justificação, reconciliação com Deus e santificação e glorificação, o que motiva o cristão a viver de acordo com a vontade de Deus, aguardando um futuro glorioso. Devemos glorificar o nome de Deus todos os dias pelo fato de termos recebido do Pai a provisão necessária para viver neste mundo e no mundo por vir. Louvemos a Deus pelo fato de termos direito à salvação, mesmo sem merecermos. Louvemos ao Senhor porque, pela presença do Espírito Santo, somos guiados na jornada da vida cristã e no processo da santificação. […]

Estar feliz com Cristo e ter prazer em obedecer-Lhe, cumprindo o propósito de Deus para nossa vida, deve ser, com certeza, a alegria da salvação. Uma das maiores alegrias expressas por Paulo tem a ver com a salvação de outras pessoas. Paulo tinha um profundo desejo de salvar seus compatriotas israelitas. Ele expressou esse desejo em Romanos 9:1-4.[…]

Nossa oração deve ser: Senhor, “guia-me em Tua verdade e me ensina; pois Tu és o Deus que me salva, minha esperança está em ti durante todo o dia.” (Salmo 25:5). Há prazer em servir a Cristo, especialmente quando você faz isso por amor. Nosso lema deveria ser: “Paixão por Deus, paixão pelas pessoas, paixão em servir”. (Pr. Otoniel de Lima Ferreira, D. Min. Professor de Evangelismo e Crescimento de Igreja. SALT, IAENE)  

O fato é que “o pecado nos arrancou de Sua ética, mas não da Sua misericórdia.” (Pr. Benedito Muniz). O propósito eterno de Deus para a humanidade é a nossa salvação e vida eterna e isto está garantido na vitória de Cristo, embora o homem tenha fracassado e seja quem é.

Ruth Alencar

Compartilho com vocês este vídeo:

Indicamos a reflexão desse diálogo entre os Prs. Diego Inácio e José Jr, o tema começa no tempo 20:30 :   O fator Eclesia

Futuramente transcreveremos este estudo

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3 respostas para Qual o Propósito Eterno de Deus para a Humanidade?

  1. Nossa me ajudou muito, obrigado.

  2. Que bom Alex. Ficamos felizes com o seu feed back.

    Ajude-nos sugerindo temas para refletirmos juntos.

    Grande abraço

  3. Danielle Leite diz:

    Quão gratificante!
    Qnt conhecimento podemos extraí desse conteúdo.
    Qnt podemos extrair da Palavra e praticarmos e vivermos mais leve nesse mundo caído.
    Louvado seja Deus.

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