Venham a Mim, Eu Sou o Caminho

Eu gosto de imagens de estradas e caminhos… Elas me falam de coisas como prosseguir, se esforçar, ir em direção, avançar, chegada…
Uma das definições que Jesus deu de Si mesmo foi: “Eu Sou o Caminho”. O que Jesus quis dizer com isto? Este verso faz parte do contexto de João 14. Jesus deu essa declaração para os Seus discípulos. Foi em Seu último discurso, quando Ele os confortava, pois se aproximava o momento de Sua partida. Jesus refere-se ao propósito de Sua partida e ao destino deles.  Em palavras de ternura e compaixão, ordena-lhes que não deem lugar nem à dúvida, nem ao medo. Jesus os exorta a ter fé nEle e em Deus, pois Ele iria preparar o lar eterno para todos os que decidissem por Sua salvação e a Ele entregassem o cuidado por suas vidas.
Ele deveria partir. Sua ausência entre eles era necessária, para que mais tarde Ele pudesse voltar e assim permanecer eternamente com todos os que Lhe aceitassem como Salvador e Senhor. A afirmação de Jesus de que Ele é o caminho é uma resposta a Tomé que dissera desconhecer para onde Jesus estava afirmando ir e mais ainda, qual o caminho seguir. Na verdade, os discípulos realmente não estavam compreendendo as palavras de Jesus. Julgavam que Ele ao falar de Sua partida fazia referência à Sua morte. Jesus insiste, então, na Sua união com o Pai.
Sua retirada do mundo significaria o derramamento do Espírito Santo, o qual operaria neles obras maravilhosas em prol da humanidade. Sua presença junto ao Pai lhes asseguraria a resposta as suas orações feitas em “Seu nome”.

Jesus é a Resposta para as grandes questões humanas. Ele disse de Si mesmo: “vocês não querem vir a mim para ter vida” (João 5:40). “Eu sou o pão que é vida! Quem vier a mim nunca terá fome, e quem confiar em mim nunca terá sede.” (João 6:35) “Se alguém tem sede, venha a mim e beba.” (João 7:37)
Na Bíblia encontramos registradas algumas referências à cidade de Belém. Entre elas estão Miqueias 5:2 e Mateus 2:1-6: “Depois de Jesus ter nascido em Belém, na terra de Judéia, durante o reinado de Herodes, magos vindo do Oriente chegaram a Jerusalém e perguntaram: ‘Onde está o recém-nascido rei dos judeus? Vimos sua estrela no Oriente e viemos adorá-lo’. Quando o rei Herodes ouviu isso, ficou perturbado, como os demais habitantes de Jerusalém. Ele reuniu todos os principais sacerdotes e os escribas da Torah, e lhe perguntou: ‘Onde o Messias nascerá?’ Em Belém, de Judá, responderam, ‘porque o profeta escreveu: ‘E você, Belém, da terra de Judá, de forma alguma é a menor entre as principais de Judá porque de você procederá o Líder que pastoreará Israel, meu povo.”
Em hebraico a palavra Beit- Lechem (Belém) significa literalmente ‘casa do pão’.
Se refletirmos um pouco veremos facilmente que os elementos que compõem o pão, são elementos para a vida: “Pão é um alimento elaborado com  farinha, geralmente de trigo ou outro cereal, água e sal, formando uma massa com uma consistência elástica que permite dar-lhe várias formas.”1
Eu gosto de pensar no fato de que Jesus quer um relacionamento comigo no qual eu cresça sem perder minha individualidade. Não compreendeu nada quem pensa que tem que haver uniformidade no povo de Deus. O lar eterno que Jesus está preparando é um lar fundamentado na diversidade: seres humanos, anjos, querubins… Cada um com seu dom, sua personalidade, unindo forças e capacidade, focados na felicidade de todos.
Ele é o ‘pão’ que atende as necessidades individuais dos Seus amados. Sem invadir, imprimi em nosso ser a vontade de tornar-nos melhores. Seus princípios e normas são gravados no coração, processando assim o fortalecimento emocional, físico e espiritual de que tanto o ser humano precisa para ser de fato feliz.
Jesus metaforicamente identificou-Se como algo que alimenta: o pão, cuja base de composição é a água, o sal e a farinha. Ele falou-nos da farinha levedada por fermento e que Seus discípulos são o sal da terra. O fato é que uma vez tendo um relacionamento com Jesus ninguém é mais o mesmo. Sem que para isto tenha perdido a sua individualidade, a sua identidade.

Gostei muito desse capítulo escrito pelo pastor presbiteriano Jonh Piper em seu livro “O que Jesus Espera de seus seguidores”. Ele diz:

“Quando alguém nasce de novo e se arrepende, sua atitude em relação a Jesus sofre uma mudança. Jesus passa a ser o centro e o valor supremo da vida dele. Antes do novo nascimento e do arrependimento, centenas de coisas eram, aparentemente, mais importantes e atraentes: saúde, família, emprego, amigos, esportes, música, comida, sexo, passatempos, aposentadoria. Mas quando Deus nos concede a mudança radical do novo nascimento e do arrependimento, Jesus passa a ser nosso maior tesouro. […] Jesus não veio ao mundo com a finalidade principal de instituir uma nova religião ou uma nova lei. Ele veio ao mundo para sacrificar-se a favor de nossa alegria eterna e fazer tudo que tivesse de ser feito – até mesmo morrer -, a fim de eliminar todos os obstáculos que impedissem essa alegria eterna nele. ‘Eu lhes disse isso para que minha alegria esteja em vocês, e a alegria de vocês seja completa.’ (João 15:11) Quando Jesus nos dá um mandamento (por exemplo, ‘Venham a Mim’), o objetivo fundamental é que tenhamos uma vida plena para desfrutar e condições de difundir seu valor supremo.”3
É isso que me fascina em Jesus. Ele nos ensina que a verdadeira transformação se dá no interior, no mundo dos pensamentos e das emoções. A mudança exterior é consequência da transformação interior. Ao nos alimentar com Sua presença o Espírito Santo escreve em nossos corações os princípios e normas divinas e passamos a viver em consequência. Jesus não pressiona para que O sigamos, apenas convida. Não exige, propõe.
“Quando Jesus analisou as religiões do mundo, até mesmo o judaísmo de sua época, ele viu muita gente se esforçando para receber o favor das divindades nas quais acreditavam. Jesus não veio substituir o fardo […] Ele veio para carregá-lo e nos convida a descansar nele. (Mateus 11: 28-30). Não se engane! Há um jugo e um fardo à nossa espera quando nos aproximamos de Jesus. […]
Talvez o fardo não seja tão suave nem tão leve como imaginamos. Jesus também disse: “entretanto, é estreito o portão, e difícil o caminho que conduz à vida, e apenas uns poucos o encontram.” (Mateus 7:14). O caminho não é apertado pelo fato de Jesus ser um capataz severo, e sim porque, neste mundo, é difícil demais amar a Jesus acima de todas as coisas. Nossa tendência suicida de amar outras coisas mais do que a Jesus precisa ser anulada (5: 29-30). Além de nossos pecados, muitos ficam irados conosco porque não amamos como eles amam. Jesus disse: “Vocês serão traídos até por pais, irmãos, parentes e amigos; alguns de vocês serão mortos. Todos odiarão vocês por minha causa.” (Lucas 21:16-17) […]. Aproximar-se de Jesus significa saciar a sede […]. O mandamento de nos aproximarmos de Jesus é o mandamento de nos aproximarmos da fonte da vida e saciar a sede.
Jesus não usou apenas a metáfora da água da vida eterna para levar-nos a obedecer-lhe. Ele também nos atraiu com a promessa do pão, o sustento da vida. Jesus é o pão do Céu, a fonte e essência da vida eterna. Ele nos atrai com a promessa de impedir que pereçamos (João 3:16). O mandamento para nos aproximarmos dele é, portanto, semelhante ao mandamento de um pai ao filho que está na beira de uma janela em chamas: “Pule em meus braços!”. Assemelha-se também ao mandamento de um marido rico, bonito, forte e carinhoso à esposa infiel: “Volte para casa”, ou ainda, ao mandamento de uma equipe de salvamento que nos encontra agonizando, desidratados após dias do deserto: “Beba esta água”.
Essa é a tragédia pessoal do pecado e da cegueira espiritual: as pessoas não se aproximam de Jesus. […] Por que as pessoas não se aproximam de Jesus? De certa forma, a resposta é: porque ‘não querem’. Elas ‘se recusam’. Algumas chamam ‘livre arbítrio’ essa decisão. Jesus diria que se trata de uma decisão de quem está escravizado pelo pecado: ‘Sim, eu lhes digo que quem pratica o pecado é escravo do pecado.’ (João 8:34). Jesus diria que as pessoas não se aproximam dele porque são escravas de suas preferências por outras coisas. (João 3: 19-20).
Como, então, alguém pode aproximar-se dele, se todos nós somos escravos do pecado e estamos espiritualmente mortos?2 Jesus respondeu que  Deus, em sua infinita misericórdia, vence nossa resistência e nos atrai: ‘Ninguém pode vir a mim, a menos que o Pai – que me enviou – o traga […]’. ‘Essa é a razão de eu lhes ter dito que ninguém pode vir a mim, a menos que o Pai lhe tenha concedido.’ (João 6: 44 e 65). Deus concede a dádiva do novo nascimento e do arrependimento, e essa dádiva abre os olhos dos que são espiritualmente cegos para a verdade e a beleza de Jesus. […] Quando você ouvir a voz de Jesus dizendo: ‘vinde a mim’, ore para que Deus o faça ver Jesus como irresistivelmente verdadeiro e belo. Ore para que você ouça o mandamento assim como Lázaro o ouviu quando estava morto.”3
Gosto muito dessas palavras do Pr. Benedito Muniz: “O cristão corre o risco de permanecer na comunidade da Igreja e nas doutrinas, mas desconectado de Jesus. Esse equívoco tem de ser evitado, pois fatalmente trará a tragédia da apostasia ou de uma vida cristã de amarguras e decepções. Se permanecermos apenas na comunidade, desconectados de Cristo, inevitavelmente nos decepcionaremos, mais cedo ou mais tarde, porque serão humanos se apoiando apenas em humanos. Se permanecemos nas doutrinas, tão somente, nos cansaremos e abandonaremos, ou viveremos procurando ciscos nos olhos dos irmãos. Seremos pessoas formais, viveremos de aparências. Porém, se permanecermos em Cristo, tanto a comunidade como as doutrinas terão o brilho que devem ter em nossa vida cristã. Cristo é o centro. DELE deriva o amor pelas pessoas e doutrinas.
Só permanecemos em um lugar, ideologia, ou pessoa, que nos fazem sentido. Se não nos agrada, a permanência será fonte de desalento, desencanto e até de doenças. Quando o lugar ou a pessoa nos são agradáveis a permanência se renova a cada dia, de modo tão natural como o amanhecer. Não é mais preciso convite, nós passamos a querê-la. Jesus sabe que o fascínio do mundo sempre há de buscar a reconquista da nossa mente, então Ele insiste como quem sabe o melhor: ‘Permenecei em Mim’. Cristo é o ponto final de nossas buscas. Não precisamos mais de aventuras; Ele é nossa ventura. Não precisamos de outras caminhadas; Ele é o Caminho. Nada de outras filosofias de vida; Ele é verdade. Nada de crises existenciais; Ele é o amigo presente! Ele é a Rocha onde construímos nossa casa espiritual!
Nós permanecemos em Cristo, mais por vontade do que por desejo. Desejo é querer passivo, vontade é querer ativo. Desejo é querer contemplativo, vontade é querer que decide; nós decidimos querer ir a Ele, e decidimos permanecer nEle. Permanecemos como eternos… supridos, Ele permanece como Supridor. Nós os carentes da vida, Ele como a fonte inesgotável da vida. De nossa parte é preciso querer receber. Da parte de Jesus a disposição em abastecer nosso tanque espiritual é constante e Seu poder inesgotável. Quem decide permanecer encontra a Sua firme e prazerosa declaração: ‘Eu permanecerei em vós’. Que sintonia! Que projeto infalível! Isso é o Éden espiritual restaurado! Absoluta religação.”  
Eu diria que discernir em Jesus o Caminho é encontrar a religião verdadeira.
E o pastor Benedito continua: “Já ouvi muitos pais dizendo: ‘É melhor ter meu filho, minha filha assim (numa referência a alguma inadequação cristã), mas dentro da Igreja, do que fora’. Que visão do Cristianismo mais limitada… Nós não fomos chamados a permanecer apenas em uma comunidade cristã, vivendo conforme nossa carnalidade. Fomos inseridos no ‘Corpo de Cristo’, Sua Igreja, para vivermos em intimidade com Ele. […]  É preciso saber se estamos em sintonia com o ‘Cabeça’ da Igreja, com o ‘Cérebro’ que conduz o corpo. Pais, lideres, convocai filhos e povo a terem certeza do Cristianismo real – ligação ininterrupta com o Senhor Jesus. Paulo advertiu: ‘Examinem-se para saber se estão vivendo a vida da confiança. Provem-se. Não percebem que Jesus, o Messias, está em vocês? – a menos que sejam reprovados no teste!  (II Coríntios 13:5). O Amado Jesus é o nosso porto seguro. Amém!”
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Versão: Bíblia Judaica Completa
3- John Piper, “O Que Jesus Espera de seus Seguidores: Mandamentos de Jesus ao Mundo”, Editora Vida

Ruth Alencar

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2 respostas para Venham a Mim, Eu Sou o Caminho

  1. Anônimo diz:

    "Na criação visível, divina sabedoria é manifestada numa infinda variedade de processos. A uniformidade não é a regra seguida no mundo da natureza. Também não é a regra seguida no reino da graça. Deus opera de diferentes maneiras para alcançar um só propósito – a salvação de almas. O benigno Redentor usa métodos diferentes para lidar com mentes diferentes. A mudança do coração é efetuada tão verdadeiramente por um processo como pelo outro. É o Senhor influindo sobre as mentes e moldando caracteres.
    Nem todos são conduzidos ao Senhor precisamente da mesma maneira. Os seres humanos não devem definir, arbitrária e restritamente, as características da atuação de Deus sobre as mentes. " Este dia com Deus, 28 de fev 1980

  2. Perfeito … sendo Ele, Jesus Cristo, o Caminho todos os meios são válidos.

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