Selos e Trombetas: algumas discussões atuais – Comentário Dr. Jon Paulien

Jon Paulien

Fonte: Estudos selecionados em Interpretação Profética – UNASPRESS

Esboço do capítulo

1. Questões no debate atual

2. A “grandiosa estratégia” do Apocalipse

3. O historicismo e os sete selos

4. O historicismo e as sete trombetas

5. Considerações finais

Sinopse editorial. Em anos recentes, os eruditos adventistas têm focalizado a estrutura literária do livro de Apocalipse. Esses estudos têm confirmado o consenso dos pioneiros adventista de que os cumprimentos das linhas paralelas da profecia (por exemplo, os sete selos e as sete trombetas), se estendem ao longo da Era Cristã, iniciando-se nos dias de João, e alcançando a Segunda Vinda.

Hoje alguns estão defendendo dois cumprimentos distintos dos selos e trombetas (e outras porções do Apocalipse, inclusive os períodos de tempo). Eles veem um segundo fim dos tempos dos selos e das trombetas, comumente ligando o primeiro ao juízo investigativo de Daniel 7. As trombetas são colocadas ou no final dos tempos pouco antes da Segunda Vinda, ou imediatamente depois do fim do tempo da graça.

Neste capítulo o autor resume a evidência embutida nas introduções a essas séries, bem como nos modelos do santuário e das festividades refletidos no livro. Os dados coletados endossam claramente a compreensão historicista de que estas séries se estendem através da Era Cristã e jamais foram destinadas (como séries inteiras) a encontrar um segundo cumprimento no final da era.

Questões no debate atual

Consenso dos pioneiros

Por volta do final do século 19, preeminentes adventistas do sétimo dia estudiosos da Bíblia chegaram a um consenso sobre como aplicar as várias partes do livro de Apocalipse à história da Era Cristã.

Eles compreenderam as cartas às sete igrejas (Apocalipse 1–3) como sendo dirigidas inicialmente a sete igrejas do primeiro século sobre as quais João tinha um interesse supervisor. O significado destas cartas se estendia também (por representação simbólica) aos sete grandes períodos da história cristã.

Os pioneiros adventistas do sétimo dia compreendiam os selos, as trombetas e o capítulo 12 (Apocalipse  4–12) como apresentando três linhas paralelas que abrangem toda a Era Cristã. (1) Os sete selos se dispunham em posição paralela às sete igrejas como um esboço dos grandes períodos da história cristã. (2) As sete trombetas continham primariamente os juízos divinos sobre as porções ocidental e oriental do Império Romano. (3) O capítulo 12 retratava o grande conflito no Céu e seu resultado na experiência da igreja na Terra.

Os pioneiros também concordavam em que a maior parte dos acontecimentos descritos nos capítulos 13–19 dizia respeito ao fim dos tempos, conduzindo até a segunda vinda de Cristo. Apocalipse 20–22, por outro lado, era visto como se situando além da Segunda Vinda.

A corrente principal do adventismo, portanto, veio a afirmar que o livro de Apocalipse se divide naturalmente em duas partes. A primeira cobre os grandes acontecimentos da história profética entre os dois adventos de Cristo, embora cada série conduza ao fim. Essa abordagem interpretativa de Apocalipse 1–12, conhecida como historicismo, baseia-se no modelo de Daniel e do próprio Jesus retratando o futuro em termos de uma série de eventos históricos que vão desde o tempo do profeta até o estabelecimento do reino eterno (ver Daniel 2).

A segunda divisão do Apocalipse era compreendida como abrangendo principalmente os eventos ligados à própria Segunda Vinda. Embora seguido hoje em detalhe exato por alguns, Daniel and Revelation, de Uriah Smith, continua como uma expressão desse consenso básico modelado cerca de cem anos atrás por nossos pais espirituais (SMITH, 1897).

Novas interpretações particulares

Em anos recentes, vários adventistas do sétimo dia têm explorado a possibilidade de que a perspectiva do fim dos tempos do Apocalipse poderia ser muito mais ampla do que os adventistas têm imaginado. Em geral, esses intérpretes concordam com o consenso histórico concernente às igrejas (Apocalipse1–3) e a última metade do livro (Apocalipse 13–22).

Todavia, eles comumente defendem um futuro segundo cumprimento de certas porções de Apocalipse, inclusive seus períodos de tempo. Um importante ponto de desacordo jaz em como os selos e as trombetas (Apocalipse 4–11) devem ser compreendidos. Esses “intérpretes do fim dos tempos”1 creem que os selos e as trombetas (Apocalipse 4–11) retratam acontecimentos associados ao fim dos tempos, em vez de à extensão global da Era Cristã. Os selos (Apocalipse 4–6) são geralmente compreendidos como retratando aspectos do juízo investigativo que começou em 1844, e as trombetas (Apocalipse 8–11) são compreendidas como vindo em seguida ao fechamento da porta da graça pouco antes do retorno de Cristo. Para alguns, estes são vistos como um segundo cumprimento.

O que tem surgido desses estudos e resultantes discussões é a percepção de que os adventistas do sétimo dia não têm investido a espécie de energia criativa sobre os selos e trombetas que habilitaria a posição historicista, ou qualquer outra posição, a ser declarada firmemente estabelecida. Os adventistas têm tido a tendência de supor que os selos e trombetas são duas séries históricas, se estendendo dos dias do profeta até o fim, mas não têm estabelecido este ponto de vista sobre a base de cuidadosa exegese do texto.2 Se as interpretações emergentes do fim dos tempos dos selos e das trombetas se demonstrarem corretas, os autores destas interpretações estimularam o estudo chamando a atenção para estas porções mais obscuras do Apocalipse.

Conquanto uma compreensão dos selos e trombetas possa não ser decisiva para a salvação, as realidades atuais exigem que lhes seja dada mais cuidadosa atenção do que tem sido o caso no passado. Este capítulo, portanto, descreve várias realidades do livro de Apocalipse que precisam ser levadas em conta quando se trata de como os selos e as trombetas devem ser interpretados.

A “grandiosa estratégia” do Apocalipse

Função do arranjo literário

Uma das principais evidências citadas em defesa de uma compreensão historicista dos selos e trombetas baseia-se na observação de que o livro de Apocalipse está estruturado como um “quiasma” (STRAND, 1979, p. 43-59). Uma “estrutura quiástica” ocorre quando as palavras e ideias são paralelas umas às outras na ordem inversa do início ao fim de um livro.

No caso de Apocalipse, o material antes de Apocalipse 15 é, no conjunto, confrontado no sentido inverso pelo material que vem depois do capítulo 15. Kenneth Strand considera a primeira (e maior) metade como estando relacionada com toda a Era Cristã. O conteúdo do Apocalipse posterior ao capítulo 15 diz respeito quase exclusivamente ao tempo após o fim do tempo da graça, um evento que ainda está no futuro. O “quiasma” e seus resultados são evidentes por si mesmos quando se compara os três primeiros capítulos do Apocalipse quando os dois últimos.3 Os intérpretes do fim dos tempos, porém, têm resistido a esta compreensão do arranjo literário do Apocalipse, sendo que ela tem impacto negativo sobre suas interpretações dos selos e trombetas.

Tenho procurado esclarecer a aplicabilidade do esboço de Kenneth Strand aos selos e às trombetas comparando cuidadosamente os capítulos 4–7 com o capítulo 19, como sugere Strand. Encontrei, na língua original, quatro grupos de ideias paralelas entre os selos e o capítulo 19, dois dos quais se relacionam diretamente com o assunto em questão.4

1. Nos capítulos 4 e 5, as cenas de adoração descrevem o louvor oferecido a Deus pela Criação e pela cruz. Contudo, cenas paralelas nos capítulos 7 e 19 descrevem o louvor a Deus por redimir o seu povo da Babilônia do fim dos tempos. Esta observação sugere que a melhor colocação dos capítulos 4 e 5 está no início da Era Cristã.

2. Apocalipse 6:10 descreve um tempo em que Deus não está ainda julgando.

Apocalipse 19:2 vem após estar concluído o juízo. O juízo não ocorre nos capítulos 4 e 5, quando os selos ainda têm de ser abertos. É óbvio que o juízo deve ocorrer algum tempo entre a abertura do quinto selo (em que os mártires pedem julgamento) e o pronunciamento do juízo concluído em Apocalipse 19:2.

Essas duas observações coincidem com o que se poderia esperar se a primeira parte do Apocalipse diz respeito a toda a Era Cristã e a última parte ao fim dos tempos.

Função do santuário em Apocalipse

Cenas introdutórias do santuário. As pesquisas mostram uma série de indicações de que o próprio João compreendia os selos e as trombetas como abrangendo o vasto alcance da história cristã em vez de somente o fim dos tempos. Por exemplo, as cenas do santuário que introduzem várias partes do Apocalipse demonstram uma progressão significativa (Apocalipse 1:12-20; 4:1–5:14; 8:2-6; 11:19; 15:5-8; 19:1-8; 21:1–22:5).

A primeira cena do santuário (1:12-20). Aqui a visão usa as imagens do santuário para retratar a presença de Cristo entre as igrejas na Terra; no entanto, não é um olhar para o santuário celestial. A cena ocorre em Patmos, e os sete candeeiros representam as sete igrejas. O convite explícito “sobe para aqui” para o reino celestial vem posteriormente em Apocalipse 4:1.

A segunda cena do santuário (4:1–5:14). O foco agora muda para o santuário no Céu. A maior coleção de imagens do santuário no livro se encontra nesta introdução aos selos. A cena contém uma completa mistura de imagens de quase todos os aspectos do ritual hebraico.

No santuário israelita somente duas ocasiões tinham contato com quase todos os aspectos do seu culto: o serviço de inauguração em cujo momento o santuário foi dedicado (cf. Êxodo 40) e o Dia da Expiação. A cena do santuário nos capítulos 4–5 é a primeira visão do santuário celestial no livro. É mais bem identificado com a inauguração ou serviço de dedicação do antigo santuário. O foco central é sobre as consequências da cruz, uma das quais foi o estabelecimento do reinado de Cristo no santuário celestial.

A descrição não é certamente uma cena de juízo como se poderia esperar se o Dia da Expiação estivesse em vista. De fato, a linguagem explícita do juízo está totalmente ausente da cena.5

A única ocasião em que uma palavra grega para “julgar” aparece na primeira metade do livro está em Apocalipse 6:10, e ali a asserção é que Deus ainda não começou a julgar! Sendo que a cena do santuário em Apocalipse 5 precede a abertura dos selos, a evidência de que o quinto selo ocorre em um tempo de “não julgamento” é decisiva na localização dos selos na Era Cristã em geral.

A terceira e a quarta cenas do santuário (8:2-6 e 11:19). Estas continuam no santuário celestial. A primeira (8:2-6) apresenta uma visão explícita do primeiro compartimento com seus serviços de intercessão. A última (11:19) retrata uma visão explícita do segundo compartimento no contexto de juízo (cf. 11:18).

A quinta cena do santuário (15:5-8). Esta visão retoma outra vez a linguagem da inauguração (a glória enchendo o templo), mas realmente descreve um fechamento do santuário, sua desinauguração ou cessação do seu ministério.

A sexta cena do santuário (19:1-10). A linguagem de trono, adoração e Cordeiro é característica da segunda cena, mas todas as imagens explícitas do santuário estão ausentes. O santuário celestial desapareceu de vista.

A sétima cena do santuário (21:1–22:5). O foco da visão retorna à Terra, o equivalente ao capítulo 1. O Senhor Deus e o Cordeiro são o templo da Cidade Santa (21:22). Deus está agora com seu povo na Terra (21:3).

Estas cenas introdutórias do santuário mostram duas linhas definidas de progressão. Primeira, é chamada a atenção do leitor da Terra para o Céu, e de volta novamente à Terra. Segunda, ele é levado da inauguração do santuário celestial para a intercessão, para o juízo, para a cessação do santuário, e finalmente para sua ausência. Esta progressão é ilustrada a seguir.

(1) Apocalipse 1:12-20

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     (2) Apocalipse 4 e 5 (Inauguração)             

                               (3) Apocalipse 8:2-6 (Intercessão)                                                  

                                                         (4) Apocalipse11:19 (Julgamento)                          CÉU

                              (5) Apocalipse 15:5-8 (Cessação)    

    (6) Apocalipse 19:1-10 (Abstenção)

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(7) Apocalipse 21:1 – 22:5 TERRA

Nesta progressão, o primeiro dia explícito da cena de expiação-juízo ocorre somente em 11:18-19. A primeira metade do livro focaliza inauguração e intercessão; a última metade move-se para juízo e rejeição. Isso apoia o consenso dos pioneiros e a compreensão básica de Kenneth Strand de que o livro de Apocalipse está dividido em uma metade histórica e uma escatológica.

O modelo diário/anual. Quando o livro do Apocalipse como um todo é examinado à luz do santuário, são feitas descobertas de natureza mais implícita. Partindo das fontes históricas, nos tornamos familiarizados com a maneira como os serviços diários e anuais do santuário eram conduzidos no primeiro século da Era Cristã. Uma comparação de Apocalipse 1–8 com essas fontes sugere que esta seção de Apocalipse reflete os serviços diários do santuário que prenunciavam a cruz.6

O primeiro ato importante no serviço sacrifical diário (tāmîd) do Templo era que um sacerdote escolhido entrava no lugar santo e punha em ordem o candelabro certificando-se de que cada uma das lâmpadas estava ardendo brilhantemente e tinha um novo suprimento de azeite (cf. Apocalipse 1:12-20). Em seguida a este ministério a grande porta do Templo era aberta (cf. Apocalipse 4:1). Então um cordeiro era morto (cf. Apocalipse 5:6), e o seu sangue derramado à base do altar do holocausto no pátio exterior do Templo (cf. Apocalipse 6:9). Depois do derramamento do sangue, era oferecido incenso no altar de ouro do lugar santo (cf. Apocalipse 8:3-4; Lucas 1:8-10). Então, durante um intervalo no cântico (cf. Apocalipse 8:1), eram tocadas as trombetas para indicar que o sacrifício estava concluído (cf. Apocalipse 8:2, 6).

Não somente a primeira parte de Apocalipse reflete todos os importantes detalhes do sacrifício diário no Templo, mas também alude a eles essencialmente na mesma ordem. Assim, o material que constitui as igrejas, selos e trombetas parece estar habilmente associado com as atividades do Templo relacionadas ao serviço diário (tāmîd). Os adventistas do sétimo dia compreendem esses serviços diários como sendo típicos da fase intercessora do ministério de Cristo iniciado no santuário celestial por ocasião de sua ascensão em 31 d.C. O fato de que as cenas introdutórias aos selos e às trombetas estão associadas à inauguração e intercessão do santuário é certamente compatível com esta descoberta.

É interessante, portanto, descobrir no capítulo 11 que o livro muda para a linguagem explícita dos serviços anuais do Dia da Expiação. Kenneth Strand salienta que Apocalipse 11:1-2 contém uma clara alusão ao Dia da Expiação, que vem imediatamente depois da referência ao término das profecias de tempo de Daniel (Apocalipse 10:5, 6) (STRAND, 1984, p. 317-325). Em Levítico 16 — o grande capítulo do Dia da Expiação —, é feita expiação pelo sumo sacerdote, o santuário, o altar e o povo. O único outro lugar nas Escrituras onde os termos santuário, altar e povo estão combinados é em Apocalipse 11:1-2. Sendo que o Sumo Sacerdote do Novo Testamento, Jesus Cristo, não precisa de expiação, a referência comum a santuário, altar, e povo sendo medidos parece ser uma deliberada recordação do Dia da Expiação como o dia em que estes eram avaliados ou “medidos” (cf. 2Samuel 8:2; Mateus 7:2). Essa tênue alusão ao Dia da Expiação vem pouco antes da mais explícita de Apocalipse 11:18-19.

Concluindo, podemos inferir que o modelo diário/anual embutido nas imagens do santuário de Apocalipse sugere que a primeira porção do livro (Apocalipse 1–10) foi escrita tendo em mente o ministério intercessório de Cristo. No capítulo 11, a imagem que se relaciona com os serviços diários é substituída por alusões ao ministério orientado para o juízo do Dia da Expiação. Isso é o que esperaríamos se a primeira metade do livro focaliza principalmente os grandes acontecimentos da Era Cristã e a última metade os eventos finais desta era quando o juízo trará um fim ao pecado e aos pecadores.

Festas anuais em Apocalipse. Igualmente impressionante é a evidência de que o livro de Apocalipse parece estar modelado também segundo as festas anuais do ano judaico.7

Páscoa. As cartas às sete igrejas são rememorativas da Páscoa, a festa primária da estação primaveril. Por exemplo, em nenhuma outra parte do Apocalipse há tão fortes concentrações de referências à morte e ressurreição de Cristo (cf. Apocalipse 1:5, 17-18).8

O intenso escrutínio de Cristo nas igrejas nos lembra a procura por fermento em cada família judaica para removê-lo pouco antes da Páscoa (Êxodo 12:19; 13:7). Sendo que a Páscoa é a única festividade cumprida pelo Cristo terrestre (1Coríntios 5:7), é apropriado que ela estivesse associada com esta porção do livro onde Ele é retratado em seu ministério às igrejas na Terra.

Pentecostes. Como a inauguração do santuário celestial, a cena do trono de Apocalipse 4–5 está adequadamente associada ao Pentecostes. O primeiro Pentecostes ocorreu durante o tempo em que a lei foi dada a Moisés no monte Sinai (Êxodo 19–20). Como o novo Moisés, Cristo recebe de Deus, por assim dizer, a nova Torá (Apocalipse 5). Êxodo 19 também envolvia a inauguração de Israel como o povo de Deus (Êxodo 19:5-6; cf. Apocalipse 5:9-10). A liturgia judaica para a festa de Pentecostes incluía a leitura de não apenas Êxodo 19, mas também de Ezequiel 1, importante base literária para Apocalipse 4–5.

Festa das Trombetas e Dia da Expiação. O soar de sete trombetas — perto do centro do livro (Apocalipse 8–9, 11) — lembra ao leitor as sete festas mensais da lua nova que culminavam na Festa das Trombetas, assinalando a transição entre as festas da primavera e do outono. A própria Festa das Trombetas, caindo no primeiro dia do sétimo mês (correspondendo à sétima trombeta) introduzia solenemente a hora do juízo que preparava o caminho para o Dia da Expiação (cf. 11:18-19). Há uma crescente focalização sobre o conceito do juízo deste ponto em diante no livro (Apocalipse 14:7; 16:5, 7; 17:1; 18:8, 10, 20; 19:2 etc).

Festa dos Tabernáculos. A última das cinco festas básicas do sistema levítico (cf. Levíticos 23) era a Festa dos Tabernáculos que seguia o Dia da Expiação. A colheita havia terminado (cf. Apocalipse 14–20). Deus estava agora “habitando” com o seu povo (cf. Apocalipse 21:3). As celebrações de Apocalipse do fim dos tempos estão repletas de imagens de festividades, ramos de palmeira, música, e regozijo diante do Senhor (ver Apocalipse 7:9ss. e Apocalipse 19:1-10, bem como Apocalipse 21–22). As imagens principais da festa — água e luz — encontram seu cumprimento final em Apocalipse 22:1, 5.

Dentro do adventismo, as festas da primavera têm sido associadas à cruz de Cristo e sua investidura e ministério no santuário celestial. As festas do outono encontram seu cumprimento no tempo do fim e no juízo pré-advento e acontecimentos que envolvem a segunda vinda de Cristo. O que tem sido ignorado é o fato de que a Festa das Trombetas vem como o clímax de sete festas da lua nova (Número 10:10) e forma a ponte entre as festas da primavera e do outono. Ela está, portanto, nas sete trombetas do Apocalipse em que se encontra a ponte cronológica entre as festas da primavera e do outono, entre um foco sobre a cruz e o início da Era Cristã, e um foco sobre o fim dos tempos em Apocalipse.

Assim, a primeira metade de Apocalipse, baseada nos sacrifícios diários e nas festas da primavera, apresenta uma ênfase sobre a cruz e seus efeitos; ao passo que a última metade do livro, baseada nos sacrifícios anuais e nas festas do outono, focaliza o fim. A Festa das Trombetas (o primeiro dia do sétimo mês) introduzia a época do ano em que ocorria o juízo e o santuário era purificado (Apocalipse 11:18-19).

Resumo

O material acima sobre os antecedentes do santuário no Apocalipse indica que o quiasma de Kenneth Strand é bem apoiado por amplas tendências que abrangem o livro de Apocalipse como um todo. Estas tendências sugerem que João compreendia os selos e as trombetas como cobrindo toda a dimensão da história cristã desde os seus dias até o Segundo Advento (não importa quão longa João compreendia que esta fosse). O principal ponto de diferença com Strand diz respeito a se o ponto central do livro é Apocalipse 11–12 ou 14–15.

Este assunto não é, porém, uma diferença essencial. O material de Apocalipse 12–14 é de transição. Seu objetivo e foco estão sobre a ira final das nações contra o remanescente (12:17; 13). Mas gasta muito tempo recapitulando a história que levaria até esse clímax, preparando o terreno para as operações finais de caracteres que têm estado funcionando na maior parte da era. Começando com o capítulo 15, o foco quase exclusivo é sobre o próprio término do tempo do fim.

O historicismo e os sete selos

O espaço não permite uma resposta ponto por ponto aos argumentos daqueles que acham que a profecia dos selos (Apocalipse 4–8) tem em vista retratar os eventos do fim dos tempos.9

O mais decisivo argumento bíblico para esta posição, porém, brota de duas observações:

(1) É claro que Apocalipse 4 e 5 contém analogias a Daniel 7, Ezequiel 1–10 e Apocalipse 19. Sendo que o juízo é o tema principal destas passagens paralelas, infere-se que a cena de Apocalipse 4–5 deve ser a do juízo investigativo que se iniciou em 1844.

(2) Também está claro que algumas das imagens de Apocalipse 4–5 lembram aspectos dos rituais do Dia da Expiação.10

Assim, pode ser assumido que toda a cena é uma descrição do Dia da Expiação. Estes argumentos certamente merecem investigação, mas não revertem o quadro mais amplo delineado brevemente acima.

Em primeiro lugar, as analogias a Ezequiel e Daniel são informativas, mas não contam toda a história. João alude também a outras importantes passagens do Antigo Testamento (Isaías 6; 1Reis 22:19-22; Êxodo 19). O denominador comum entre todas as cinco passagens do Antigo Testamento não é juízo, mas uma descrição do trono de Deus. De fato, João seleciona a imagem da sala do trono de Daniel 7 e Ezequiel 1–10, mas evita empregar seus aspectos de juízo.11

Especialmente impressionantes são as acentuadas diferenças entre Apocalipse 4–5 e Daniel 7. Em Daniel são postos uns tronos (Daniel 7:9); em Apocalipse os tronos já estão lá (Apocalipse 4:2-4). Em Daniel muitos livros são abertos (Daniel 7:10); em Apocalipse um livro está selado (Apocalipse 5:1). Em Daniel a figura central é “o filho do homem” (Daniel 7:13; um termo com o qual o Apocalipse certamente está familiarizado — 1:13); em Apocalipse ele é o Cordeiro (Apocalipse 5:6; um termo mais apropriado para o serviço diário do que para o Dia da Expiação em qualquer caso).

Como foi notado acima, a linguagem de juízo nas cenas de Apocalipse 4–5 está totalmente ausente12 até 6:10, onde está claro que o juízo ainda não havia começado. Parece inconcebível que Apocalipse 4–5 pudesse ser a cena do juízo do fim dos tempos quando o juízo ainda não tem começado mesmo no tempo em que o quinto selo é aberto!

Conquanto haja algumas alusões ao santuário em Apocalipse 4–5 que podem estar relacionadas ao Dia da Expiação, há muito mais que se relacionam com outros aspectos do santuário e seus serviços. A impressão geral dada por esta passagem não pertence a qualquer compartimento ou serviço, mas sugere uma lista abrangente de quase todos os aspectos do antigo ministério.

As séries de observações acima concernentes ao santuário na estrutura literária do Apocalipse indicam fortemente que Apocalipse 4–5 é uma descrição simbólica do serviço de inauguração no santuário celestial que ocorreu em 31 d.C. O que segue à cena de inauguração tem a ver com toda a Era Cristã, não apenas o seu fim.

Tentativas recentes para localizar Apocalipse 4 no primeiro compartimento do santuário celestial e Apocalipse 5 no segundo compartimento são refutadas sobre a absoluta falta de evidência no texto para qualquer movimento do trono entre os dois capítulos. Os dois capítulos retratam uma simples localização visionária.

O historicismo e as sete trombetas

Os argumentos para a interpretação da série de trombetas no fim dos tempos (Apocalipse 8–11) são um tanto mais fortes do que aqueles apresentados para a série dos selos. Afirma-se que o atirar do incensário (Apocalipse 8:5) retrata o fim do tempo da graça. Assim, a série de trombetas que se segue (8:7ss.) deve ter cumprimento depois do fim da graça. Mais evidência para um cumprimento pós-fechamento da porta da graça deve ser visto no fato de que os objetos destruídos pelas duas primeiras trombetas — a terra, mar e árvores — não devem ser danificados até depois que esteja completo o selamento do capítulo sete (Apocalipse 7:1-3). A terceira peça de evidência para uma interpretação das trombetas pós-fechamento da porta da graça é o fato de que a praga dos gafanhotos/escorpiões da quinta trombeta não tem permissão de afetar os selados, sugerindo assim um cenário depois do fechamento da porta da graça (Apocalipse 9:4).

Estes argumentos, é claro, contrariam frontalmente a evidência acima de que João tinha uma preocupação pela Era Cristã como um todo na primeira metade do Apocalipse e apenas focalizou especificamente o fim dos tempos na última metade do livro. Sob exame mais atento, porém, torna-se evidente que os argumentos para um cenário pós-fechamento da porta da graça para as trombetas baseiam-se mais em suposições do que na real evidência do texto bíblico.

Cena introdutória do santuário: Apocalipse 8:2-6

A principal suposição que está por trás do primeiro argumento é que a cena introdutória do santuário que retrata simbolicamente o ministério sacerdotal de intercessão de Cristo é concluída antes do início das trombetas. Assim, o atirar do incensário (o final da provação humana) precede os eventos que se seguem no capítulo. Como resultado, todas as sete trombetas são compreendidas como vindo depois do fechamento da porta da graça.

A suposição de que a cena introdutória é concluída antes do início das trombetas pode ser testada de duas maneiras. Primeira: As outras cenas introdutórias (que precedem as sete igrejas, os sete selos e as sete taças) concluem antes do começo de cada sétima série? Ou elas continuam permanecendo na base de toda a sequência visionária? Segunda: Se as trombetas em grande parte ocorrem durante o tempo da graça, que evidência existe na série para indicar que a porta da graça ainda está aberta para a humanidade? Quando examinamos as cenas introdutórias às séries de sete visões do Apocalipse, descobrimos que elas não somente precedem as cenas subsequentes, mas permanecem à vista por toda parte. Por exemplo, nas sete igrejas a visão introdutória precede as cartas no arranjo literário do livro, mas cada carta remete para as características de Cristo registradas nessa introdução. Sendo que as cartas são escritas em prosa ordinária, elas proveem uma clara indicação da estratégia literária do autor.

Cada um dos sete selos é aberto durante a incessante atividade do Cordeiro na sala do trono celestial (Apocalipse 5–6). Esta cena, começando com a inauguração do santuário celestial, continua ao longo da abertura dos selos até a Segunda Vinda e até o tempo em que toda a criação louva a Deus (Apocalipse 5:13).

A cena introdutória às sete taças (Apocalipse 15:5-8) retrata um tabernáculo vazio no Céu, o que é certamente apropriado para todo o período depois do fechamento da porta da graça.

Assim, cada visão introdutória provê o cenário para a atividade subsequente e permanece ativa em segundo plano até a conclusão da visão. Sendo que este é tão claramente o caso para três das quatro séries de sete visões, o ônus da prova está sobre qualquer um que deseja argumentar que Apocalipse 8:2-6 é uma exceção. É mais provável que João pretendia que o leitor visse a intercessão no altar de ouro como estando disponível até o instante em que apocalipse 10:7), isto é, à conclusão do evangelho (Romanos 16:25-27; Efésios 3:2-7; 6:19).

Outras evidências do tempo da graça

O exposto acima é apoiado por abundante evidência de que a porta da graça permanece aberta ao longo da sexta trombeta. A sexta trombeta equivale ao “segundo ai” e como tal vai claramente de Apocalipse 9:12 a 11:14. Em Apocalipse 9:13, há uma voz “dos quatro ângulos do altar de ouro que se encontra na presença de Deus”, uma clara referência ao altar de ouro de Apocalipse 8:3, 4. Isto sugere que a intercessão ainda está em andamento no tempo do soar da sexta trombeta.

Em Apocalipse 9:20-21, aqueles que experimentam a praga da sexta trombeta não se arrependem, o que pode indicar que o arrependimento ainda é uma opção.

Em Apocalipse 10:11, o profeta é informado de que ele deve profetizar outra vez, algo que faria pouco sentido depois do fechamento da porta da graça.

O que é mais importante, um grupo de pessoas descrito em Apocalipse 11:13 quando o “resto” ou os “restantes” (hoi loipoi — a mesma palavra aplicada para o remanescente de Apocalipse 12:17)13 “ficaram sobremodo aterrorizadas e deram glória ao Deus do Céu”. Qualquer ponto da história que possamos levar isto a ser, é claramente uma resposta apropriada ao evangelho proclamado pelo primeiro anjo de Apocalipse 14:6-7 — “Temei a Deus e dai-lhe glória.”14

Assim é evidente que a porta da graça continua aberta, e a intercessão de Apocalipse 8:3, 4 continua até o fim da sexta trombeta. As sete trombetas como um todo não são claramente compreendidas como sendo depois do fechamento da porta da graça.

São as trombetas sequenciais ao selamento (Apocalipse 7)?

Outro argumento para a interpretação das sete trombetas no fim dos tempos nota a semelhança de linguagem entre Apocalipse 7:1-3 e Apocalipse 8:7-9.

Segundo Apocalipse 7, a terra, mar e árvores não devem ser danificados até que esteja concluída a obra do selamento. Sendo que são estes os próprios objetos afetados pela primeira e segunda trombetas, sugere-se que essas trombetas devem seguir cronologicamente o selamento e, portanto, ocorre em tempos posteriores ao fechamento da porta da graça.

Contudo, deve ser notado que Apocalipse 8:2 introduz uma nova série; consequentemente, é necessário demonstrar que a série de trombetas segue cronologicamente a seção literária que a precede. Os capítulos 4 e 12 certamente retornam a um estágio anterior da história. Por que não também o capítulo 8?

Embora seja verdade que os objetos para destruição nas primeiras duas trombetas são protegidos em Apocalipse 7:1-3, eles são também protegidos na quinta trombeta (Apocalipse 9:4). Esse fato suscita sérias interrogações sobre se a série de trombetas deve estar relacionada como uma sequência imediata à visão do capítulo 7.

Ainda mais decisivo, porém, é o fato de que o mais forte paralelismo entre a primeira parte de Apocalipse 7 e as sete trombetas está em Apocalipse 9:14, 16. Em ambas as sessões, “segurar” e “soltar” estão relacionados aos quatro anjos. Em ambas as seções, um povo está sendo numerado: em Apocalipse 7, o povo de Deus; em Apocalipse 9, seus correlativos demoníacos. E são estes os dois únicos lugares em Apocalipse contendo as palavras enigmáticas: “Eu ouvi o número [ēkousa ton arithmon].” Se a porta da graça continua aberta ao longo da sexta trombeta e então se fecha com o soar da sétima, a sexta trombeta é o exato correlativo histórico de Apocalipse 7:1-8. É a última oportunidade para salvação pouco antes do final.

Portanto, as sete trombetas não seguem os acontecimentos de Apocalipse 7 em ordem cronológica. Em vez disso, as trombetas aproveitam a sugestão e o início, a partir da visão introdutória de Apocalipse 8:2-6. O principal tema dessa visão é intercessão no altar de incenso. Este é um suplemento apropriado para a inauguração do santuário celestial conforme descrito em Apocalipse 5.

O livro de Apocalipse flui naturalmente, como foi mostrado acima, desde uma visão da cruz (Apocalipse 1:5, 17, 18; ver 5:6, 9, 12) a uma visão da inauguração do ministério de Cristo à luz da cruz (Apocalipse 5), a uma descrição do ministério intercessório que resulta (Apocalipse 8:3, 4), e finalmente ao juízo que precede o fim (Apocalipse 11:18, 19). Essa ordem de acontecimentos é característica de todo o Novo Testamento.

O selo de Deus (Apocalipse 9:4)

O importante argumento final para uma interpretação das trombetas no fim dos tempos repousa sobre a observação de que a quinta trombeta não afeta aqueles que estão selados (Apocalipse 9:4). Argumenta-se que se o selamento é o último acontecimento antes do fechamento da porta da graça, então os eventos da quinta trombeta devem ocorrer depois do fim da graça. Esse argumento, porém, assume vários pontos que precisam ser demonstrados. Assume que o “selamento” significa exatamente o mesmo em ambos os contextos. Assume que o “selamento” está limitado ao fim dos tempos. Assume que as opiniões de Ellen G. White sobre o selamento em Apocalipse 7:1-3 se aplicam também a Apocalipse 9:4.

Se alguém aborda Apocalipse 9:4 dentro do contexto mais amplo do Novo Testamento, estas suposições são difíceis de suster. As palavras gregas para selamento (sphragis, sphragizō) são múltiplas em significado. Por exemplo, quando um selo é colocado sobre um documento, mensagem, ou túmulo sua finalidade pode ser ocultar ou confinar, demarcar, delimitar (Mateus 27:66; Apocalipse 5:1, 2, 5, 9; 6:1, 3, 5, 7, 9, 12; 8:1; 10:4; 20:3; 22:10). Um significado alternativo é certificar que algo ou alguém é confiável (João 3:33; 6:27; Romanos 15:28; 1Coríntios 9:2). Mas quando relacionado ao povo de Deus, o significado predominante de selamento é posse e aceitação por Deus (“o Senhor conhece os que lhe pertencem”) (2Timóteo 2:19; cf. 2Coríntios1:22; Efésios1:13; 4:30). Neste sentido ele já era uma realidade presente no tempo de Abraão (Romanos 4:11).

Se em uma determinada passagem o contexto indica que estamos antes do fim da graça, o conceito de um povo selado deve ser compreendido no sentido geral daqueles que pertencem a Deus em qualquer época. Assim, não deve ser assumido que o selamento de Apocalipse 7:1-3 é necessariamente idêntico àquele de Apocalipse 9:4.

Também não deve ser assumido que o selamento de Apocalipse 7:1-3 está limitado ao fim dos tempos. Apocalipse 7:1-3 não limita explicitamente o selamento ao fim dos tempos; meramente focaliza o significado da obra de selamento em um ambiente do fim dos tempos. Relacionado a isso existe a observação de que seja o que for que Ellen White compreendia por Apocalipse 7:1-3, ela nunca citou Apocalipse 9:4 em um contexto do fim dos tempos; assim é imprudente assumir o que ela mesma jamais declarou.

Resumo

Portanto, está claro que os argumentos utilizados por muitos para colocar as trombetas em um ambiente do fim dos tempos não conduz o peso necessário para subverter a perspectiva mais ampla delineada na primeira parte deste capítulo de que as trombetas cobrem toda a Era Cristã.

Conclusões

Neste breve capítulo, combinamos várias observações textuais para demonstrar que o profeta João tinha em mente duas grandes perspectivas quando escreveu suas visões. Na primeira parte do livro, ele focalizou a Era Cristã como um todo, movendo-se do seu tempo até o fim. Na segunda metade do livro, ele delineou principalmente os eventos do fim.

Esta percepção é análoga ao modelo de outras duas grandes passagens “apocalípticas” do Novo Testamento: Mateus 24 (e suas similares, Lucas 21; Marcos 13) e 2 Tessalonicenses 2. Cada uma dessas passagens contém uma seção que focaliza primeiro a Era Cristã como um todo (ver Mateus 24:3-14 e 2Tsessalonicenses 2:3-7). Essas seções são então seguidas por atenção especial ao clímax no fim (2Tessalonicenses 2:8-12; Mateus 24:23-51; especialmente os versos 27 a 31).15 Assim o livro do Apocalipse, corretamente compreendido, está em perfeita harmonia com a teologia e as práticas literárias do Novo Testamento, embora sua linguagem seja muito singular.

O peso da evidência produzida neste capítulo é o reconhecimento de que o consenso dos pioneiros adventistas do sétimo dia sobre os selos e trombetas, embora desfigurado por algumas inexatidões históricas e percepções exegéticas limitadas, todavia era correto em sua percepção de que os selos e as trombetas deviam, na concepção inspirada de João, abranger toda a Era Cristã e não apenas o fim desta era.

_________

1 Eles são frequentemente rotulados como “futuristas”, mas embora esta designação seja descritiva até um ponto, eles geralmente recusam qualquer aceitação do sistema dispensacionalista futurista de interpretação.

2 Em apoio desta asserção, note o comentário de Uriah Smith sobre Apocalipse 8:7–9:21. Sessenta e dois por cento dos comentários de Smith são diretamente citados de comentaristas não adventistas do sétimo dia. A maior parte do restante é parafraseada. Dificilmente há um exemplo em que é feita referência ao texto. A posição historicista é assumida como um dado, nunca é argumentada a partir do texto das trombetas.

3  Note os seguintes paralelos:

1:1 ……………….  “que em breve devem acontecer”       ……………. 22:6

1:3 ……….. “bem-aventurados aqueles que […] guardam” …….. 22:7

1:3 ……………………….. “o tempo está próximo” …………………………… 22:10

1:4 …………………………….. “as sete igrejas” …………………………………….. 22:16

1:17 …………………….. “o primeiro e o último” ……………………………… 21:6

2:7 …………………………….. “árvore da vida” ……………………………………..22:2

2:11 …………………………… “segunda morte” …………………………………..21:8

3:12…………………………… “nova Jerusalém” ……………………….. 21:10

4 Para uma discussão mais completa destes grupos paralelos, veja o capítulo 11 deste volume, “Os sete selos”.

5 As palavras gregas para “juízo”, krisis, krima e krinô, são muito comuns na segunda metade do livro.

6 A fonte para a descrição do sacrifício diário é o tratado Tamid da Mishnah, uma coleção de tradições mais antigas pertencentes às leis, tradições e práticas do judaísmo primitivo.

7 Sou grato a Richard Davidson, do Seminário Teológico Adventista do Sétimo Dia, por muitas das analogias aqui descritas.

8 Embora o cordeiro morto seja mencionado na próxima parte de Apocalipse (Apocalipse 5:6), ele morreu antes da cena de Apocalipse 5 (Apoalipse 5:5-6; cf. 3:21).

9 Para uma discussão da profecia dos selos, veja o capítulo 11 deste volume.

10 A “porta” de 4:1 pode se referir à porta entre os compartimentos do tabernáculo terrestre do Antigo Testamento (também pode ser usada para outras aberturas dentro do santuário). O trono pode lembrar o propiciatório sobre a arca da aliança. As três pedras da primeira parte de Apocalipse 4 podem ser encontradas no peitoral do sumo sacerdote, que ministrava no Dia da Expiação. Os quatro seres viventes lembram os quatro querubins do Templo de Salomão.

11 Escritores bíblicos posteriores frequentemente usam escritos inspirados mais antigos para um propósito diferente do principal intento do escritor original.

12 Em grego, as palavras são krima, krisis e krinō.

13 Também em deliberado contraste com os impenitentes hoi loipoi de Apocalipse 9:20.

14 Em direto contraste estão aqueles de Apocalipse 16:9 que preferem rejeitar o arrependimento e blasfemam contra Deus em vez de dar-lhe glória. Note que a impenitência tem avançado em 16:9, 11 além do estágio de 9:20, 21.

15 Deve ser notado que esta dupla perspectiva está particularmente clara em Lucas onde os “tempos dos gentios” (Lucas 21:24) formam uma ponte entre a descrição de 70 d.C. e as realidades gerais da Era Cristã (Lucas 21:7-23) e a descrição do fim dos tempos (Lucas 21:25ss.).

Referências

SMITH, U. Daniel and the Revelation. Battle Creek: [S.n.], 1897.

STRAND, K. A. Interpreting the Book of Revelation. 2. ed. Naples: [Sn.], 1979.

_____________. An Overlooked Old-Testament Background to Revelation 11:1. Andrews University Seminaries Studies, v. 22, p. 317-325, 1984.

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