Refletindo sobre o ‘equilíbrio entre a Fé e as Obras’ (Livro: O Reavivamento Perfeito cap.5)

Estudo realizado na Iasd Aldeota dia 30.11.2022

Gênesis 1 e 2 narra que o ser humano foi criado ‘à imagem e à semelhança’ do Criador. O ser humano deveria cuidar da Terra como o Criador cuida do Universo. A condição, pois, era que o ser humano, homem e mulher, criados à semelhança do Deus Criador, deveria nEle confiar, obedecê-LO e aceitar Sua autoridade e soberania.

Eclesiastes 7:29 diz que ‘Deus fez o ser humano reto, mas depois estes se meteram em muitas astúcias’.

Criados moralmente livres, o primeiro casal decidiu questionar as palavras de ordem do Criador iniciando um processo de inimizade contra o Criador e amizade com o que se tornara inimigo de Deus.

O pecado segundo os pressupostos Básicos da Doutrina da Salvação, da Doutrina de Deus e da Natureza Humana

Gênesis 3 narra a história da decisão do ser humano de não obedecer ao Criador, não se submetendo em confiança à Sua soberania.

Depois da queda, portanto, o homem passou a viver com tendência para o mal, nossa natureza foi corrompida e se tornou propensa para a inimizade com Deus. Esses conceitos são idênticos nas teologias calvinista e arminiana. Não somos pecadores porque pecamos, mas que pecamos porque somos pecadores, pois herdamos de Adão uma condição corrupta de pecaminosidade.

O pecado de Adão trouxe cinco consequências para a humanidade:

1) a depravação total da natureza humana,

2) a perda da comunhão com Deus,

3) uma consciência corrupta,

4) mortes espiritual e física e

5) expulsão do Éden e proibição de comer da árvore da vida.

Após a transgressão da Lei estabelecida pelo Criador o casal se distanciou da ‘imagem e semelhança’, não gozando mais da santidade, mas permanecendo moralmente livre e em posse do seu livre arbítrio.

Há diferença entre Pecado e Pecados. Pecado é o que motiva a inimizade com Deus. Pecados, são os frutos dessa inimizade: mentir, roubar, adulterar, cobiçar, etc. Pecado é o que corrompeu a natureza humana e somente por ocasião da volta de Cristo, no processo de glorificação o Criador nos sarará dessa doença espiritual.  Como disse o apóstolo Paulo em 1Coríntios 15:54 NVI

“Quando, porém, o que é corruptível se revestir de incorruptibilidade, e o que é mortal, de imortalidade, então se cumprirá a palavra que está escrita: “A morte foi destruída pela vitória”.

Esta reflexão sobre o equilíbrio entre a Fé e as Obras será na dimensão do pecado da inimizade contra o Criador e não das consequências. É neste nível que precisamos discernir o reavivamento espiritual tão necessário em nossas vidas e na vida da Igreja. Como temos que pensar no pecado neste momento?

Pecado como ação: ato – Tiago 2:10-11

Pecado como pensamento – Mateus 5:28

Pecado como injustiça – 1 João 5:17

Pecado como acepção – Tiago 2:9

Pecado como não fazer o bem – Tiago 4:17

Pecado como depravação do coração: Gênesis 6:5; Isaías 29:13; Jeremias 16:32; Tiago 1:14-15; Salmo 51:10.

Pecado como poder escravizante Tiago 1: 14-15;  o Pecado aqui é descrito como um senhor: Romanos 5:21, a quem os seres humanos obedecem (Romanos 6:6, 12-13)

A solução para isto é o arrependimento, a confissão, o batismo e o recebimento do perdão (Atos 2:38; 1 João 1:9)

A solução é um novo coração e um espírito reto.

A solução é a mudança de domínio, não quero mais ser escravo do que me torna inimigo de Deus.

Pode você, posso eu, produzir tal solução em minha, na sua vida? Pense nisto quando pensar em reavivamento e reforma espiritual.

Agora comece a refletir na verdade de que Deus, o Criador, é o Legislador sobre Sua criação, logo somente Ele pode ser o seu Resgatador.

Como Legislador Ele cria Leis para que haja harmonia. A quebra dessas Leis gera o caos. Tudo foi criado perfeito, mas veio a quebra da Lei do Criador e a morte passou a fazer parte da realidade da criação. Há caos e desarmonia.

Amar pressupõe liberdade. Em Sua Onisciência, mesmo sabendo da queda espiritual e moral do ser humano, o Criador prosseguiu com Sua criação. Deus decidiu agraciar, perdoar o ser humano mesmo antes da sua criação. É preciso que entendamos que esse perdão não faz desaparecer a Lei. Como Juiz e legislador soberano Deus executa a Lei. Então, como Amoroso Senhor, Ele intercede e Lei / Graça e Justiça se abraçam para salvar o ser humano.

Deus concede, então, Sua graça preveniente: Para que não fôssemos sufocados por nossa natureza caída, isto é, ficássemos sem possibilidade alguma, por nós mesmos, de libertar-nos da transgressão da Lei, Deus misericordiosamente, de maneira benevolente, se põe em ação a favor do ser humano. Nada há no ser humano que possa motivar a Deus a ser gracioso, perdoador. Deus tem motivações próprias.  É Deus quem age e nós quem reagimos. O contrário é heresia. É antibíblico.

A graça preveniente de Deus não é predestinada a uns seres humanos em detrimento de outros. Ela está em atuação no coração de todos os seres humanos, ao lado de sua consciência procurando levar o ser humano ao arrependimento. Esta é a nova do evangelho, a graça é universal, é para cada ser humano, pela fé em Jesus Cristo. Rejeitar conscientemente a graça de Deus é a escolha da perdição eterna. O ser humano pode sim resistir à graça de Deus.

Como disse Santo Agostinho, e foi muito apoiado por John Wesley, “aquele que nos fez para nossa atuação não nos salvará sem nosso consentimento.”

Romanos 1:18 – 3:20 nos revela a culpa e o pecado humano de forma universal.  A condição humana é irremediavelmente perdida.

Não herdamos a culpa de Adão e Eva, O que herdamos é a natureza caída.

O ser humano pós queda vive somente para si mesmo. Todas as obras humanas são motivadas pelo egoísmo, orgulho e vaidade. Nossa natureza caída é fruto do fato de que Deus não é mais o centro, mas o próprio Eu humano. Não temos condição de nos resgatarmos e recuperarmos, por nós mesmos, a comunhão com Deus.

As Escrituras Sagradas nos ensinam, de Gênesis a Apocalipse, que somos resgatados pela graça divina.

Gênesis 3 narra a queda humana, mas também nos diz que Deus mesmo libertará o ser humano;

Deuteronômio 30:15-20 nos ensina que a graça exige uma resposta.

Josué 24: 19-24 nos fala de escolhas e consequências.

Ezequiel 18: 30-32 nos ensina que Deus Se aflige com a perdição humana e apela para a conversão.

A graça de Deus é a Sua disposição benevolente para com o ser humano. É a única possibilidade do ser humano ser resgatado de sua própria natureza caída, inimiga de Deus e de Sua vontade. Não somos nós, através de nossas ações que motivamos Deus a nos perdoar ou a ser gracioso por nós. Este pensamento é um pensamento pagão: eu faço ofertas para Deus para que Ele Se comova ao meu favor. Isto é heresia, é paganismo.

Jeremias 31:3 diz que Deus nos atrai com Sua benignidade e amor eterno. Deus age e nós reagimos à ação de Deus em nossa vida. A graça perdoadora de Deus é gratuita em tudo e para todos. Não depende do poder ou mérito humano. Não depende das boas obras, ou da retidão daquele que a recebe. Não depende dos esforços humanos, dos sentimentos humanos, bons desejos, bons propósitos ou ações.

Seja o que for de bom feito pelo ser humano é fruto do agir do Espírito Santo.

Romanos 8:1 nos diz para tomarmos posse da salvação oferecida por Deus. O plano da salvação já estava ofertado na mente de Deus. O pecado não pegou Deus de surpresa. A Bíblia apresenta Jesus como o Cordeiro de Deus, como oferta de Deus antes da fundação do mundo. A graça sempre antecede ao pecado.  A graça já estava pronta para se manifestar, para não deixar o pecador descoberto em nenhum milésimo de segundo.

. Como relacionar Lei e Graça?

. A Graça possibilita a novidade de vida em três consequências:
1- Andar em novidade de vida. Romanos 6:4

2- Não deixar que o pecado reine em seu corpo mortal, apesar da luta contra o pecado continuar. Romanos 6:12;

3- Dedicar seus membros a Deus como armas da justiça em vez de dedica-los ao pecado. Romanos 6:13

. A Graça é que possibilita a regeneração e assim cria condições de que a Lei seja guardada e de ocorrer a santificação Tito 3:5

. Há dois sentidos para santificação: pode ser entendida como separação com um propósito (Gênesis 2:3) e como crescimento espiritual e moral (Romanos 6)

. Quais as Funções da Lei de Deus?

  1. A Lei de Deus revela o Seu caráter. Há atributos de Deus na Sua Lei (Salmo 19:7-8; 119: 172; Romanos 7:12)
  2. A Lei não tem a função de resolver o problema do pecado (Romanos 7:8-11)
  3. A Lei alerta para o que é pecado (Romanos 3:20; 5:20; 7:7)
  4. A Lei é santa porque reflete o caráter de Deus. É justa porque é o padrão de uma vida justa. É boa porque não vem para trazer morte. (Romanos 7:12), mas vida ao apontar para Cristo (Gálatas 3:24; Romanos 10:4)
  5. Assim, a Lei não está em oposição à Graça, ao contrário, a guarda da Lei depende da Graça. E a Lei revela a necessidade da Graça para a Salvação.

Como relacionar Fé e Obras?

. A justificação não é feita a partir das obras (Gálatas 2:16; Romanos 3:20; Tito 3:5)

. Mas, há um juízo de acordo com as obras para os crentes ( Mateus 7:21-23; ‘8: 23-35; 25: 31-46; Romanos 14:10, 12; 2 Coríntios 5:10);

. No juízo, as obras não salvam, são apenas evidências de que a salvação foi aceita, confirmam a fé. (Tiago 2:14-26)

Precisamos entender que pecamos contra Deus e precisamos confessar os pecados, sentindo culpa ou não sentindo, cada um de nós é um transgressor da Santa Lei de Deus e precisamos confessar nossa culpa diante de Jesus.

Não esperemos sentir tristeza pelo pecado. Somos pecadores não porque pecamos, mas porque nascemos pecadores. Precisamos confessar a Jesus nossa culpa.

Precisamos do agir do Espírito Santo em nós para nos transformar, pois Jesus nos salvou para a obediência.  Segundo Gálatas 5:22 nosso agir e sentir em obediência é fruto do agir de Deus em nós através do Espírito Santo. Portanto, fruto da graça e não a raiz. Nosso agir é resultado da salvação aceita em Cristo Jesus.

O objetivo da verdadeira espiritualidade é o desenvolvimento do caráter. Toda cerimônia exterior só tem valor se contribuir para esse desenvolvimento interior. Romanos 12 e 13 nos ensinam que precisamos cultivar as graças do Espírito Santo. Precisamos andar em humildade com Deus e o próximo. Andar em humildade é estar em obediência à Sua Lei, aos Seus princípios. Deus promete grande vitória ao Seu povo e esta vitória não virá pelos métodos humanos.

Precisamos entender que a nossa natureza é pecaminosa, caída. É uma natureza herdada. Precisamos entender que é muito perigoso olharmos para nós mesmos e nos acharmos santos e obedientes.

Em nenhuma parte da Bíblia, ser perfeito ou irrepreensível significa impecabilidade (Mateus 5:48; 6:12, 14 – 15). Então, eu vou cair, você vai cair apesar de sabermos como devemos agir, o importante é não gostar de cair, mas continuar lutando para aborrecer o cair.

A perfeição, que é o amadurecimento espiritual, está ligada à misericórdia e ao amor aos outros. (Mateus 5:44-47; Lucas 6:36). 1 Coríntios 13 nos afirmam que a grande pergunta de Deus para cada um de nós é se amamos. Porque Ele é amor e foi o Seu amor a base de nossa redenção. Foi amor quando Deus aqui, neste mundo vil, homem Se tornou… e foi para nos salvar. Orgulho não combina com redenção. Humildade sim, combina. Pensemos nisto!

Tomo consciência de que sou pecador, pecadora, porque minha natureza está infectada e afetada pelo pecado.  Então, me arrependo. Aceito minha condição diante da Lei de Deus. Confesso minha condição caída e aceito a aceitação de Deus. Sou perdoado, perdoada. Perdoada para andar em obediência.

Provérbios 28: 13-14 diz: “Quem esconde os seus pecados não prospera, mas quem os confessa e os abandona encontra misericórdia.
Como é feliz o homem constante no temor do Senhor! Mas quem endurece o coração cairá na desgraça.” Este prosperar é espiritual. Prospera em que? Prospera espiritualmente, cresce, amadurece. Entra em santidade, como Ele é Santo.

Lembremo-nos, portanto, que a fé não salva. O que salva é a graça. Porque a graça é o dom de Deus e a fé é a mão que agarra esta graça.

Quando a pessoa confessa seus pecados e com fé aceita o perdão e se entrega a Cristo, diante de Deus é como se nunca tivesse pecado. Isso significa justificação, pegar um injusto e declará-lo justo. A culpa desaparece. A justiça de Cristo nos é imputada. Aceitamos a obra que Cristo realizou para nós na cruz. Esse é o verdadeiro reavivamento.

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