Alianças de Deus com a Humanidade: A Teologia do Sábado – Hans K. LaRondelle

Mensagem apresentada em palestra em P. Alegre – RS (2003)

1. A Origem do Sábado – da Criação, não de Israel

Se procurarmos a primeira referência ao sábado, teremos que voltar na Bíblia a Gên. 2:2,3 onde lemos que Deus utilizou três coisas para criar o sábado.

O que é que Deus fez em primeiro lugar? Ele descansou no sétimo dia da semana da Criação. E o que Ele fez a seguir? Ele abençoou o sétimo dia. E então o que fez? Ele santificou o sétimo dia. Três coisas separadas. E talvez a mais importante foi a primeira: Ele descansou, porque Ele conectou o Seu descanso ao dia de sábado. Então este descanso de Deus torna-se um motivo de luz através de toda a história da redenção. E o livro de Hebreus no cap. 4 insiste com cada cristão para que entre no descanso de Deus, e declara que ainda resta um descanso de Deus que nos aguarda no Paraíso futuro. Portanto, o descanso de Deus interliga toda a história. Ele foi, é e será. O descanso de Deus acrescenta um significado redentor ao sábado. Assim o sábado é provavelmente a mais importante bênção dada por Deus à humanidade.

O sábado é retratado no Gênesis como uma parte integrante da semana da Criação original. É também apresentado como uma ordenança dada na Criação. Por isso jamais poderá ser ab-rogado pela igreja ou por decretos humanos, porque é parte da Criação original. O sábado não é uma instituição judaica no tempo de Moisés. A origem do sábado é de importância crucial.

O sábado é uma ordenança judaica ou vem da Criação? Agora você compreende porque a maioria dos cristãos gosta de denominar o sábado como sendo uma instituição judaica. E o que eles fazem com o Gênesis?

Eles creem que Gênesis 1 e 2 foi resultado do pensamento teológico dos judeus durante o exílio babilônico, que projetaram os escritos mosaicos para trás, à Criação – uma imaginação criativa judaica. E, portanto, isto mina e destrói a inspiração divina de Gênesis 1 e 2.

Por isso é que é importante saber o que Jesus cria, porque cristãos nominais aceitam a autoridade de Jesus. Será que Jesus fala a respeito de Gênesis 1 e 2? Sim, Ele falou a respeito do sábado e também do casamento, e em ambas as ocasiões declarou que temos que reconhecer como isto era no princípio.

Lemos isto em Mateus 19, Marcos 2:28. Jesus disse: “O sábado foi feito por causa” de quê? “do homem”. Ele disse: “O sábado foi feito por causa dos judeus”? Ou disse: “foi feito por causa do homem”? Portanto, Ele disse que o sábado foi estabelecido para benefício da humanidade.

Adão era judeu? Claro que não! Ele foi o protótipo original de toda a humanidade. Assim como não podemos declarar que Adão era judeu, não podemos declarar que o sábado é para os judeus.

Então, em primeiro lugar, por que então Deus criou o sábado para a humanidade?

Por que é que Deus descansou? Deus cansa? Não! O Deus Todo-poderoso jamais Se cansa. Mas, então por que é que Deus descansou?

Em Êxodo cap. 31 a Bíblia usa uma expressão de que Deus Se restaurou, a palavra refrescou é usada no original. Ele havia concluído a obra da Criação em seis dias. E agora Ele próprio está observando tudo o que havia criado. Ele faz uma avaliação de toda a Sua obra, e então Ele pronuncia Sua declaração de satisfação. E o que Ele disse? “Eis que tudo era muito bom.” É a avaliação de Deus sobre Sua própria obra, em especial a criação do homem. Mas, por esta hora Ele não tinha ainda feito a mulher.

2. Homem e Mulher Criados à Imagem de Deus

E é por isso que algumas pessoas declaram que Deus ao olhar a Criação, Ele disse: Ah, Eu posso melhorar isso um pouco. Eu posso fazer ainda melhor. E então criou a mulher! Bem, muitas vezes as mulheres são mais sensíveis do que os homens, elas possuem talentos e dons que os homens não têm. Algumas vezes uma mulher pode aumentar a utilidade de um homem. Devemos respeitar a mulher, porque ela também foi criada à imagem de Deus. Portanto ambos – homem e mulher – refletem a Deus.

Mas por que o próprio Deus descansou? Qual o benefício de Seu descanso para a humanidade? O que significa ser criado à imagem de Deus, como lemos em Gên. 1:26? Ser criado à imagem de Deus é mais do que sermos parecidos com Deus. Significa o relacionamento de pai para filho ou filha.

Você pode ler a conexão com isso em: Gên. 5:3 – “Viveu Adão cento e trinta anos, e gerou um filho à sua semelhança, conforme a sua imagem, e lhe chamou Sete.”

Como Sete é descrito com relação a Adão? Ele era filho à semelhança de Adão e também à sua própria imagem. Então que relacionamento existia entre Adão e Sete? Qual era o relacionamento entre Adão e Sete? Pai e filho. Então voltemos para o capítulo 1, temos a mesma expressão entre Deus e Adão. Então o que significa o relacionamento Deus-Adão em Gênesis 1? De que Adão é o filho de Deus. Este relacionamento Pai-filho é o relacionamento da aliança.

Aliança sempre é envolve relacionamento. Não é um pedaço de papel preparado por um advogado, não é simplesmente um contrato. Na Bíblia uma aliança é sempre um relacionamento entre pelo menos duas pessoas. Então é um relacionamento que envolve amor e respeito e também obediência, e gratidão. Este é o início da humanidade.

3. O Sábado Implícito no Relacionamento de Aliança

Por que Deus nunca ordenou por lei que Adão e Eva guardassem o sábado? Não há nenhum mandamento para guardar o sábado no livro de Gênesis. Alguns gostam de capitalizar em cima dessa ausência.

O que ocorre num relacionamento de aliança, como num bom casamento? Ficamos apenas olhando um para o outro? Isso não é relacionamento. Nós começamos a comunicar-nos, começamos a falar. E Deus fala com Adão. Deu-lhes uma tarefa: eles deveriam reproduzir-se e cultivar a terra até que o mundo todo se tornasse um Jardim do Éden. E Deus falou com Adão a respeito dos alimentos que ele podia comer e o que não poderia comer. E Deus lhe disse: Adão esta é a árvore da vida, esta é a árvore do conhecimento do bem e do mal desta árvore você não deve comer. Se você comer do fruto dessa árvore, você morrerá.

Em resumo, todos os elementos de uma aliança estão em Gênesis 1 e 2. Esta é uma importante ligação com o sábado. Imagine: Que dia Adão foi criado? No sexto dia. Lembre-se que Adão não foi criado no sétimo dia. Adão está na posição número 6 – isso aconteceu na sexta-feira. O que aconteceu no término da sexta-feira? Começou o quê? O sétimo dia. E então, à tardinha, no pôr-do-sol Deus fala com Adão.

Nós não temos um registro da conversa, mas podemos reconstruir aquela conversa. Um teólogo tentou fazê-lo. Ele escreveu um livro sobre a teologia do sábado, o mais belo livro que eu já li. É conhecido – Karl Barth – como o maior de todos os teólogos do século XX.

Em seu livro Church Dogmatics ele tem um amplo capítulo sobre o sábado. É o capítulo mais maravilhoso e desafiador que alguém poderia ler sobre o sábado. Vou resumir em minhas próprias palavras: Deus, o Criador, na sexta-feira à tarde se aproxima de Adão. Ele diz: “Adão, você é meu filho. Adão, o próximo dia – amanhã – será um dia muito especial. Você até agora é a coroa da Criação. Mas para torná-lo plenamente operativo nós teremos que andar juntos através da vida. E amanhã começaremos esta caminhada, porque amanhã é dia de descanso, o dia de sábado. Sábado significa que Eu cessei de trabalhar e agora no sábado Eu estarei descansando. E este descanso que Eu possuo, quero partilhar com você, Adão.”

Adão pode ter-se perguntado: Por que é que eu preciso descansar? Eu não tenho nem um dia de idade, eu não trabalhei e por que preciso descansar?

Deus disse: “Adão, escute, você descansará para celebrar a obra perfeita da Criação, você celebrará isso comigo. Adão, nós estaremos comemorando não o que você fez mas o que Eu fiz.”

O sábado foi estabelecido para celebrar a perfeita Criação de Deus. “Adão, você deve fazer o que Eu faço. Eu vou guardar e vou celebrar o sábado, e porque Eu o farei e você é Meu filho, você deve seguir o seu Pai.”

E é por essa razão que Deus não deu um mandamento para Adão, dizendo: “Guarde o sábado.” Porque em um Paraíso sem pecado o exemplo de Deus tinha tanto poder como um mandamento. Assim Adão seguiu e imitou o exemplo de Deus, seu Pai. Deus criou o sábado como um santuário no tempo. Santo ao Senhor para prover um espaço para adoração. O sábado é o santuário no qual adoramos o Criador. E quando nós adoramos o Criador compreendemos que nós não somos o Criador, que somos criaturas, uma parte da Criação e reconhecemos nossas limitações. E devemos ser gratos a Alguém que nos criou, que nos deu vida, e alegria e gozo e também uma tarefa.

O Criador deu significado à nossa vida. No sexto dia Adão não tinha significado nenhum. No sexto dia o homem sem Deus é apenas 666. Mas no sétimo dia, ele recebe significado, relacionamento com Deus e ele começa a adorar, exaltar e louvar esse Deus. Agora o homem é completo – ele é agora totalmente um ser humano – porque ele entrou num relacionamento de aliança com Deus. O sábado é parte inseparável da criação do homem.

Este é o início do conhecimento a respeito do sábado. E isso é tudo o que precisamos conhecer.

4. O Sábado Protege da Idolatria

Quando o homem começa a se rebelar contra o seu Criador, ele também começa a perder o sábado e então ele começa a buscar substitutos para essa perda, e isso é o início da idolatria. Sem o sábado o homem cai na idolatria. O sábado nos previne da idolatria. Porque se adoramos ao nosso Criador, então sabemos que aquilo que foi criado não é Deus e não deveria ser louvado nem adorado. Então se a humanidade houvesse guardado o sábado em todo o tempo não teria surgido a idolatria.

Mas nos últimos dias como em Israel e com Moisés havia naquele tempo nações que adoravam muitos deuses e eles eram produto de sua própria imaginação, eles começaram a enaltecer os poderes da natureza, a humanidade começou a adorar o sol, a lua e as estrelas. De fato, todas as nações de toda a Terra eram adoradoras do sol, e todas elas também adoravam os poderes da natureza – eles eram chamados baalins, os baalins da terra. Apenas um povo exclusivo não adorava o sol, a luz e a natureza, e esse povo era Israel – eles eram exclusivos e únicos no meio de toda a humanidade.

Como podiam eles em meio a tanta idolatria ainda permanecer adorando o Criador? Porque Deus havia feito uma aliança especial com Moisés e com o povo de Israel.

5. Lei e Sábado Entregues a Israel Após Saírem do Egito

Mas quando é que Deus deu a Israel os Dez Mandamentos e o sábado? Quando eles estavam no Egito? Ou quando saíram do Egito?

Mas por que não no Egito? Por que Deus não disse a Israel: “Se vocês guardarem o sábado, então vocês vão provar que são obedientes a Mim, e Eu vou libertar vocês da escravidão do Egito.”

Alguns judeus sugeriram que isso aconteceu e ensinam isso até hoje: Se o povo judeu guardar um único sábado de modo perfeito, então o Messias virá.

Como e por que Deus o faz de modo diferente? Porque Deus não recompensa a nossa obediência com a Sua graça. Deus não usa essa ordem de fatores OBRAS e então GRAÇA. Deus tem a ordem reversa.

Deus oferece em primeiro lugar Sua graça, Sua graça redentora e então Ele pede obediência como uma resposta de gratidão à Sua graça.

Agora, percebam como Deus o fez. Ele disse a Moisés que todo o povo de Israel aplique o sangue de cordeiro nos batentes e nas vigas superiores das portas de suas casas, porque o anjo do juízo passará sobre o Egito, e ele verá o sangue, e em Êxodo 12: “Quando eu vir o sangue Eu passarei por cima.” Deus não diz: “Quando eu vir um guardador do sábado.” Ele disse: “Quando eu vir o sangue.” Isso representava o sangue do Cordeiro de Deus. Representava o sacrifício expiatório de Cristo.

Deus olha para cada lar e para indivíduo para ver o sangue de Cristo então Ele passa por cima sem condenar, e assim o será também no juízo investigativo.

Vamos olhar cuidadosamente a condição: Eles tinham que obedecer, mas não eram os Dez Mandamentos. Não era a guarda do sábado. Eles deviam aplicar o sangue do cordeiro. Não era obras meritórias. Não era uma virtude individual, era um sinal de submissão, era um sinal de fé. Então Deus libertou Israel da escravidão egípcia.

Mas o filho do próprio Faraó morreu. Parecia que era uma questão de ou o filho de Faraó ou o Filho de Deus. E Deus deu o Seu Filho de modo que nós não precisamos morrer.

E então Israel marchou para fora do Egito após terem sido redimidos pelo poder de Deus. As dez pragas haviam caído sobre o Egito e condenaram todos os falsos deuses do Egito. Então Israel caminhou através do deserto.

E a primeira coisa que Deus restaurou em Êxodo 16 foi o sábado do sétimo dia. Antes dos Dez Mandamentos, Deus restaurou o sábado como o sinal de Sua graça de que Ele iria prover o alimento e não lhes era permitido recolher o alimento no sétimo dia. E então vemos que Deus estabeleceu uma ordem: primeiro REDENÇÃO e então OBEDIÊNCIA.

E em Êxodo 19 Deus diz: Se vocês querem ser Meu povo, porque Eu os escolhi, porque todos os povos Me pertencem, Eu sou o Deus da humanidade no Universo – Deus criou toda a humanidade – mas Ele escolheu os descendentes de Abraão, Isaque e Jacó para ser Seu povo especial, o povo da aliança. E ele confiou-lhes a Sua sabedoria e deu- lhes participação no processo da graça redentora. E eles foram libertados da idolatria, não repentinamente. Pouco tempo depois eles estavam dançando diante do bezerro de ouro.

Não é fácil partir da escravidão para a liberdade, há recaídas. E Deus ficou desapontado com eles, mas Moisés os levanta de novo, e então Moisés implora: Senhor, lembra-te, por favor – Tu começaste um bom trabalho, e agora o povo quer saber como vais completar a obra.

Não abandones a obra de Tuas próprias mãos. E então Deus renova a aliança.

6. A Renovação da Aliança

Podemos ler isso em Êxodo 34, pela segunda vez Ele reescreve a Sua vontade, os Dez Mandamentos em tábuas de pedra. E Ele diz a Moisés: Eu sou o Deus da graça, o Deus compassivo, o Deus que perdoa pecados, a rebelião, mas se eles não se arrependerem Eu vou mantê-los como culpados.

Essa é uma tensão que existe dentro da aliança de Deus. Ele perdoa, mas a outros Ele não perdoa. É o relacionamento de aliança. E o povo em aliança se torna responsável. Eles têm que ser agradecidos e amar a Deus em resposta.

Por que o livro de Deuteronômio é chamado o “livro do amor”? Porque Deuteronômio resume o relacionamento da aliança. Ele resume a essência do relacionamento de Deus.

Em Deuteronômio 6:5 – “Amarás, pois, o SENHOR, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de toda a tua força”

Portanto a aliança feita por Deus com Israel é uma aliança de amor. Esse era o ideal de Deus para o Seu povo Israel. E quando esse ideal não foi cumprido, por causa da apostasia, Deus disse: Farei uma nova aliança, mas esta aliança que será feita nova será nada mais nada menos que uma renovação da antiga aliança, porque Deus renova o Seu plano.

Como foi na Criação. Todos as alianças feitas por Deus após a Queda com a humanidade tinham um único propósito: restaurar o relacionamento original da aliança como era no Paraíso. Cada aliança era um passo para restaurar a aliança original.

Cristo veio a esta Terra, e Ele veio para restaurar todas as coisas. A palavra-chave encontrada em Cristo era restaurar todas as coisas. Quando Ele encontrou um homem com a mão ressequida Cristo lhe disse: “Estende teu braço!” E Ele restaurou o braço. Restauração do corpo e da alma e do espírito. E então perdoou os seus pecados.

Havia um paralítico, e Cristo restaurou o seu corpo e então perdoou os seus pecados. A restauração externa era simplesmente um símbolo da restauração interna.

7. Cristo e o Sábado

E como Cristo Se relacionou com o sábado? Este é um assunto muito importante. Será que Jesus aboliu o sábado?

Havia e há um famoso teólogo neotestamentário na Suíça, dizendo – seu nome Oscar Cullmann – grandemente respeitado como um erudito em Novo Testamento, até o próprio Papa o respeita.

Oscar Cullmann argumentou assim: “Porque Jesus Cristo estava desrespeitando os regulamentos judaicos com relação ao sábado e de acordo com os judeus Jesus quebrava o sábado, devemos concluir que Jesus anulou a lei do sábado.” É uma declaração chocante!

Ora, há mais eruditos bíblicos que exclusivamente Oscar Cullmann. E agora como ele faleceu e outros se levantaram, eles fizeram um julgamento mais apropriado. Em vários livros nós podemos ler isso: Jesus quebrou apenas as regulamentações sabáticas – o halakôt – dos judeus. Halakôt significa as instruções orais da tradição judaica que podemos encontrar no Mishná. O tratado sobre o sábado proíbe 39 tipos de trabalho no sábado. Você não pode semear nem uma única semente. Você não deve escrever dois sinais. Muitas coisas triviais foram escritas. E Jesus desconsiderou estas coisas.

Mas ao Jesus desconsiderar o halakôt sabático os eruditos agora reconhecem que Ele está fazendo uma distinção tão clara entre os ensinos humanos e o quarto mandamento.

Será que Jesus fez distinção nítida entre os mandamentos de Deus e a tradição judaica?

Leio, por exemplo, Mateus 15. Ele perguntou aos rabinos: “Por que vocês transgridem os mandamentos de Deus e seguem as próprias tradições?” Jesus fez clara distinção entre os mandamentos de Deus e as tradições desenvolvidas pelos judeus. Portanto quando Jesus rejeitou tradições humanas Ele não rejeitou os mandamentos de Deus. E esta é a opinião de eruditos bíblicos hoje. E isto tem sido um apoio fantástico para a posição adventista. Oscar Cullmann está morto, totalmente morto e agora outros falam mais alto e melhor.

Temos que relembrar que o sábado foi feito por causa do homem. Deus convida os homens a partilhar com Ele o descanso sabático. O que é que mudou desde que Cristo veio?

Em Mateus 11:28 ouvimos Jesus dizer: “Vinde a Mim todos os que estais cansados e sobrecarregados e eu vos darei descanso para as vossas almas.” Este é o descanso do sábado que Deus prometeu a Adão e Eva no Paraíso, que Ele prometeu a Israel sob a liderança de Moisés. E em todas estas épocas a humanidade não entrou no completo descanso de Deus até que veio Jesus. E Ele declara: Eu vim até vós, e porque vim do céu, posso novamente oferecer-lhes o descanso de Deus.

O descanso de Cristo é o descanso de Deus. Portanto o descanso do sábado agora é acessível por meio de Jesus Cristo. Não é suficiente apenas guardar o sétimo dia. Agora que o Messias chegou o descanso sabático também é o descanso messiânico. Somente poderemos observar o dia de sábado através de Jesus Cristo.

Jesus disse: “Lembrai-vos de como foi no princípio.” Ali está o modelo para o casamento e para o sábado. E Deus estabeleceu o sábado antes da Queda.

Agora tenho uma pergunta para vocês.

Se o sábado foi estabelecido para o homem em sua perfeição, sem pecado, seres pecadores precisam mais ou menos do sábado? É claro que agora o homem é pecador, ele necessita muito mais do sábado.

E o que significa o sábado antes e após a Queda em relação ao caráter de Deus? O Criador concedeu o sábado no princípio para seres sem pecado; após a Queda o mesmo Criador restaura o sábado agora para seres pecadores. O sábado é contínuo.

Mas o sábado não era um sinal da Criação, da perfeita Criação? E agora após o pecado, o que o sábado significa para nós? Que o Criador é fiel às Suas criaturas e promete levar de volta a humanidade ao Paraíso.

O fato de que o sábado é restabelecido revela que o Deus Criador está buscando vindicar Sua Criação e restaurá-la à sua beleza original.

Pergunta: Necessitamos de dois sábados diferenciados – o sábado do sétimo dia para o povo judeu e o dia de domingo para os gentios cristãos?

8. A Teologia do Domingo e a Teologia do Sábado

Como é que os teólogos cristãos defendem essa ideia? Eles têm o seguinte raciocínio: O sábado é o sinal da velha criação, e Ele criou Israel, conduzindo-os para fora do Egito; portanto a libertação da escravidão do Egito era o ponto focal máximo da antiga aliança no Antigo Testamento. Mas agora um Moisés muito superior veio na Pessoa de Jesus. E esse Jesus Cristo ressuscitou dentre os mortos no domingo pela manhã e este é o maior de todos os sinais do evangelho, é o dia do nascimento de uma igreja, e o Espírito Santo também desceu no domingo. E Cristo fez um apelo e apareceu para os Seus apóstolos no domingo. O domingo agora é o sinal da nova aliança, porque o Redentor é maior do que o Criador. Esta é a teologia circulando hoje.

Agora a minha resposta é a teologia do sábado. Se nós temos uma diferente construção de um Deus Criador e um Deus Redentor, então estaríamos criando dois deuses diferentes.

Isto aconteceu nos dias de Paulo com o gnosticismo cristão: eles criam que o Criador era um Deus inferior e imperfeito, um Deus da guerra, mas que Cristo Jesus era um Deus superior porque Ele era um Deus do amor, da graça, do perdão.

Este é o sistema do Dispensacionalismo, em que se declara que o Antigo Testamento é inferior ao Novo Testamento, e portanto o domingo substituiu o sábado.

Quando voltamos ao livro de Gênesis e também ao livro de Salmos, nós lemos acerca de um Criador perfeito, que ao mesmo tempo é o Redentor de Israel. Assim o Criador e o Redentor é o mesmo e o único Deus. E Jesus Cristo veio apenas para representar Deus o Pai. Ele disse em João capítulo 12: Eu só falo o que o Pai me ensinou; eu só faço o que o Pai me determinou. (João 12:49) Jesus, portanto, Se revela aqui como sendo parte do Criador. E nós lemos em o Novo Testamento de que Jesus é o Co-Criador.

Leiam, por exemplo, João 1: “No princípio era o Verbo, . . . e o Verbo era Deus. […] Todas as coisas foram feitas por intermédio dEle. […] E o Verbo Se fez carne.” Se Cristo é Co-Criador de toda a Criação, então Cristo também fez o sábado. Cristo declarou de Si mesmo que Ele é o próprio Senhor do sábado. Isso significa que Ele é o Criador e o Intérprete do sábado. E desta forma entendemos que o sábado honra tanto o Criador como o Redentor com força igual. A guarda do sábado é um reconhecimento de que o Criador não é inferior ao Redentor, que o Criador é também o Redentor. Vindica o caráter de Deus, de que Deus é fiel à Sua Criação e que Deus será plenamente vindicado quando Ele restabelecer o Paraíso que foi criado.

O sábado não é apenas um símbolo da perfeita Criação no passado, mas é também um sinal que o Paraíso será restaurado. O sábado inclui a promessa de que a Terra e o céu finalmente serão reunidos.

E lemos em Hebreus 4:4 e 11 que ainda resta um descanso sabático [grego sabatismo] no futuro para o povo de Deus. O sábado é a garantia de que o Criador e vai recriar um novo céu e uma nova Terra. O sábado é o sinal de que saímos marchando para Sião, de que haverá uma Nova Jerusalém e de que nós entraremos e fruiremos o eterno descanso sabático. E então o Criador estará plenamente satisfeito de que em primeiro lugar Ele fez uma ótima Criação e de que não precisou destrui-la, e que Ele pôde redimir e restaurar em maior perfeição aquilo que já era perfeito no princípio.

Portanto, Hebreus 4 é o elo de união, porque apresenta a conexão entre o passado, o presente e o futuro. E o livro de Hebreus conclui no cap. 13, verso 8 – “Jesus Cristo é o mesmo ontem” – lá no tempo antigo na Criação – “hoje e para sempre” no futuro. A continuidade é garantida: do Paraíso Perdido ao Paraíso Restaurado. Cristo é a garantia. E Ele honra a Seu Pai. E isso demonstra que a obra unida do Pai, Filho e Espírito Santo foi bom e ao ser restaurado será perfeito novamente. E no futuro, o Paraíso Restaurado será ainda melhor que o Paraíso original, porque na Terra feita nova o trono de Deus estará estabelecido nesta Terra, e nós O veremos face a face.

Por isso tenho desejo de estar lá. E vocês, gostariam de estar naquele Paraíso Restaurado? Deus viu as suas mãos erguidas. Deus atenda ao seu pedido. Amém.

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