O Grande Conflito ou os Resgatados: Nossa Única Salvaguarda, capítulo 37

Ellen White

O povo de Deus é encaminhado às Escrituras como a salvaguarda contra o poder ilusório dos espíritos das trevas. Satanás emprega todo artifício possível a fim de impedir os homens de obter conhecimento da Bíblia. A cada reavivamento da obra de Deus, ele se ergue para atividade mais intensa. A batalha final contra Cristo e Seus seguidores logo se desdobrará diante de nós. A contrafação se parecerá tão meticulosamente com o verdadeiro, que será impossível distinguir entre ambos sem o auxílio das Escrituras.

Os que se esforçam por obedecer a todos os mandamentos de Deus defrontarão oposição e escárnio. A fim de suportar a prova, devem compreender a vontade de Deus, conforme revelada em Sua Palavra. Só poderão honrá-Lo se possuírem correta concepção de Seu caráter, governo e propósitos, e se agirem de acordo com estes. Pessoa alguma, a não ser os que fortaleceram o espírito com as verdades da Bíblia, poderão resistir no último grande conflito.

Antes de Sua crucifixão o Salvador expôs aos discípulos que Ele seria submetido à morte e depois ressuscitaria. Anjos estavam presentes para gravar-lhes Suas palavras na mente e coração. Mas as palavras fugiram do espírito dos discípulos. Ao chegar à prova, a morte de Jesus destruiu tão completamente suas esperanças, como se Ele não os houvesse advertido previamente. Assim, nas profecias, o futuro se patenteia diante de nós tão claramente como foi revelado aos discípulos, por Cristo.

Quando envia advertências, Deus requer que toda pessoa dotada de raciocínio atenda à mensagem. Os terríveis juízos contra a adoração da besta e de sua imagem (Apocalipse 14:9-11) deveriam levar todos a aprender o que é a marca da besta e como podem evitar recebê-la. As massas populares, porém, não querem as verdades bíblicas, uma vez que estas interferem com os desejos do coração pecaminoso. Satanás supre os enganos que eles amam.

Mas Deus terá um povo que mantém a Bíblia, e a Bíblia somente, como norma de todas as doutrinas e base de todas as reformas. A opiniões de homens ilustrados, as deduções da ciência, as decisões de concílios eclesiásticos, a voz da maioria — nenhuma destas coisas, nem todas em conjunto, deveriam considerar-se como prova a favor ou contra qualquer doutrina. Devemos exigir um “assim diz o Senhor”.

Satanás leva o povo a olhar para os pastores e professores de teologia como seus guias, em vez de examinarem as Escrituras por si mesmos. Dominando esses líderes, ele pode influenciar as multidões.

Quando Cristo veio, o povo comum ouviu-O com prazer. Mas os chefes dos sacerdotes e os homens de posição se fecharam no preconceito; rejeitaram as evidencias de Seu caráter messiânico. “Como pode ser”, perguntava o povo, “que nossos príncipes e doutos escribas não creem em Jesus?” Tais ensinadores levaram a nação judaica a rejeição do Redentor.

Exaltação da autoridade humana—Cristo possuía uma visão profética da obra de exaltação da autoridade humana, com o fim de reger a consciência, a qual tem sido uma terrível maldição em todas as épocas. Suas advertências quanto a não seguir líderes cegos foram registradas como uma admoestação para as gerações futuras.

A Igreja Romana reserva ao clero o direito de interpretar as Escrituras. Embora a Reforma tenha dado a todos o acesso as Escrituras, o mesmo princípio mantido por Roma tem impedido multidões, nas igrejas protestantes, de pesquisarem a Bíblia por si próprias. São instruídas a aceitar seus ensinos conforme a interpretação da igreja. Milhares não ousam receber qualquer coisa, ainda que claramente de acordo com as Escrituras, se contrariar o seu credo.

Muitos ha que estão prontos a confiar ao clero a guarda de sua salvação. Passam pelos ensinos do Salvador quase sem os notar. São, porem, infalíveis os ministros? Como poderemos confiar em sua orientação, a menos que saibamos, pela Palavra de Deus, que são portadores de luz? A falta de coragem moral leva muitos a seguirem as pegadas de homens ilustrados, e estão se tornando desesperadamente presos nas cadeias do erro. Veem as verdades para esse tempo na Bíblia e sentem o poder do Espírito Santo acompanhando sua proclamação, mas ainda assim permitem que o clero os desvie da luz.

Satanás atrai multidões ao ligá-las com os sedosos laços da afeição aos que são inimigos da cruz de Cristo. ser paternal, filial, conjugal ou social. As pessoas postas sob seu domínio não têm coragem de obedecer às suas próprias convicções do dever.

Muitos alegam que não importa o que alguém creia, se tão somente sua vida for correta. Mas a vida e moldada pela fé. Se a verdade estiver ao alcance e nós a negligenciarmos, virtualmente a estaremos rejeitando, e assim escolhendo antes as trevas que a luz.

A ignorância não é desculpa para o erro ou pecado, quando há toda oportunidade de conhecer a vontade de Deus. Um homem em viagem chega a um lugar em que há várias estradas, e uma tabuleta indica aonde cada uma delas leva. Se a pessoa desatende a indicação e toma qualquer caminho que lhe pareça direito, poderá ser muito sincera, mas se encontrara com toda a probabilidade no caminho errado.

O primeiro e mais elevado dever — Não basta termos boas intenções, fazermos o que nos parece direito ou aquilo que o ministro diz ser correto. Devemos examinar as Escrituras por nós mesmos. Temos um mapa dando todas as indicações na jornada rumo ao Céu, e não devemos ficar conjecturando a respeito de coisa alguma. O primeiro e mais elevado dever de todo ser racional e aprender nas Escrituras o que e a verdade, e então andar na luz e estimular outros a imitarem o seu exemplo. Devemos formar opiniões por nós mesmos, visto que teremos de responder por nós mesmos perante Deus.

Homens doutos, com pretensão de grande sabedoria, ensinam que as Escrituras possuem um significado secreto e espiritual, não transparente na linguagem empregada. Estes homens são ensinadores falsos. A linguagem da Bíblia deve ser explicada de acordo com o seu sentido obvio, a menos que um símbolo ou figura seja empregado. Se os homens tão-somente tomassem a Bíblia como e, realizar-se-ia uma obra que traria para o redil de Cristo milhares que ora se acham vagueando em erro.

Muitas porções das Escrituras, que homens doutos declaram não ser importantes, estão cheias de conforto para aquele que tem sido ensinado na escola de Cristo. A compreensão das verdades bíblicas não depende tanto do poder do intelecto aplicado a pesquisa, como da singeleza de proposito, do fervoroso anelo pela justiça.

Resultados da negligencia da oração e estudo da Bíblia — Nunca se deve estudar a Bíblia sem oração. Somente o Espírito Santo pode nos fazer sentir a importância das coisas fáceis de se perceberem, ou impedir-nos de torcer verdades difíceis de serem compreendidas. Anjos celestiais preparam o coração para a compreensão da Palavra de Deus. Podemos ficar encantados com sua beleza, fortalecidos por suas promessas. As tentações muitas vezes parecem irresistíveis porque o que e tentado não consegue recordar facilmente as promessas de Deus e enfrentar Satanás com as armas das Escrituras. Anjos, porém, acham-se em redor dos que estão desejosos de receber instrução, e lhes trarão a lembrança as verdades de que necessitam.

“Esse [Consolador] vos ensinara todas as coisas, e vos fara lembrar de tudo o que vos tenho dito”. Joao 14:26. Mas os ensinos de Cristo devem ter sido previamente armazenados na mente a fim de que o Espirito de Deus os traga a lembrança no tempo de perigo.

O destino de imensas multidões da Terra está prestes a decidir-se. Todo seguidor de Cristo deve fervorosamente indagar: “Senhor, que queres que eu faça?” Atos 9:6. Cumpre-nos buscar agora uma experiência profunda e viva nas coisas de Deus. Não temos sequer um momento a perder. Estamos no terreno encantado de Satanás. Não durmais, sentinelas de Deus!

Muitos se congratulam pelos maus atos que não praticam. Não basta, contudo, que sejam arvores no jardim de Deus. Devem produzir frutos. Eles se acham registrados nos livros do Céu como estando a ocupar em vão o solo. Contudo, mesmo no caso daqueles que tem tomado em pouca consideração a misericórdia de Deus, desprezando a Sua graça, o Coração do longanimo amor ainda pleiteia.

No verão, nenhuma diferença se percebe entre os ciprestes e outras arvores; mas, ao soprarem as rajadas hibernais, aqueles permanecem inalteráveis, ao passo que estas perdem a folhagem. Levante-se a oposição, de novo se exerça a intolerância, acenda-se a perseguição, e os insinceros e hipócritas vacilarão, renunciando a fé; mas o verdadeiro crente permanecera firme, forte a sua fé, mais viva a sua esperança, do que nos dias da prosperidade.

“Bendito o homem que confia no Senhor, e cuja esperança e o Senhor. Porque ele e como a arvore plantada junto as águas, que estende as suas raízes para o ribeiro e não receia quando vem o calor, mas a sua folha fica verde; e no ano de sequidão não se perturba nem deixa de dar fruto”. Jeremias 17:7, 8.

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