Deus e a Cova dos Leões – comentários de C. Mervyn Maxwel

“Com isto faço um decreto, pelo qual em todo o domínio do meu reino os homens tremam e temam perante o Deus de Daniel; porque ele é o Deus vivo, e permanece para sempre; e o seu reino nunca será destruído; o seu domínio durará até o fim. Ele livra e salva, e opera sinais e maravilhas no céu e na terra; foi ele quem livrou Daniel do poder dos leões.”  (Daniel 6:26-27)
 
“[…] o Deus que libertou a Daniel naquela probante experiência, é o mesmo que ainda vive e nos resgata das perplexidades que temos de enfrentar na vida. A relevância dessa história para nossas necessidades atuais é salientada pelo apóstolo Pedro: “Sede sóbrios, vigiai. O vosso adversário, o Diabo, anda em derredor, rugindo como leão, e procurando a quem possa tragar;” (1 Pedro 5:8)
 
As pessoas que fixam sua fé em Deus podem ser livradas das tentações de Satanás do mesmo modo como Daniel foi libertado dos leões, pois Deus vive ainda hoje. Nosso Deus “é o Deus vivo, e permanece para sempre”.
 
No capítulo 5 “vimos que Belsazar foi condenado com justiça, pelo fato de que ele decidira pecar ‘mesmo sabendo’ tudo a respeito da experiência de Nabucodonosor (veja Daniel 5:22). Os homens que tentaram liquidar Daniel, tentaram assim proceder ‘mesmo sabendo’ de sua inocência e do registro excelente de sua vida, ao longo de aproximadamente 70 anos.  À semelhança de Belsazar – e de tantas outras pessoas que vivem nos dias de hoje – esses homens “não acolheram o amor da verdade”.
 
“e com todo o engano da injustiça para os que perecem, porque não receberam o amor da verdade para serem salvos.” (2 Tessalonicenses 2:10)
 
Pode parecer-nos estranho que um rei pudesse emitir um decreto mediante o qual todas as pessoas devessem orar tão somente a ele durante trinta dias, mas em tempos antigos os reis eram frequentemente tratados como deuses. Esse decreto particular pode até mesmo ter parecido razoável a muitas pessoas, pois foi interpretado como uma espécie de teste de lealdade, designado como forma de unir a todos sob o novo líder. […] Quando Daniel ouviu falar do decreto que lhe proibia de orar ao Deus verdadeiro, tomou uma atitude digna de nota:
 
“… entrou em sua casa, no seu quarto em cima, onde estavam abertas as janelas que davam para o lado de Jerusalém; e três vezes no dia se punha de joelhos e orava, e dava graças diante do seu Deus, como também antes costumava fazer.” (Daniel 6:10)
 
Tendo diante de si a perspectiva da cova dos leões, antecipando mandíbulas e afiadíssimos dentes, Daniel dava graças. Pense no que isto significa! Daniel conhecia muito bem as promessas de Deus:
 
Deus é o nosso refúgio e fortaleza, socorro bem presente na angústia.”(Salmo 46:1)
 
“O anjo do Senhor acampa-se ao redor dos que o temem, e os livra.” (Salmo 34:7)
 
Daniel dava graças. Ele podia recordar toda uma vida de experiências relacionadas com orações atendidas. Podia agradecer a Deus porque Ele permanecera ao seu lado durante todos esses anos. Daniel se achava com 84 anos aproximadamente quando Deus o livrou dos leões famintos.
 
A gratidão podia referir-se ao fato de que Deus haver estado junto a ele em sua juventude, ajudando-o a manter-se ao lado do direito, ao mesmo tempo em que galgava as mais importantes posições humanas que um homem poderia desejar. Por certo deve ter agradecido a Deus por haver-lhe concedido a visão acerca dos reinos futuros, a qual o rei Nabucodonosor esquecera. Por meio desta providência, Deus salvara a sua vida e a de todos os homens sábios. Ele também podia agradecer a Deus pela libertação de seus amigos, lá na fornalha ardente. Mais do que por qualquer outro motivo, talvez Daniel se sentisse grato porque Deus o utilizara como instrumento para levar o poderoso rei Nabucodonosor a tornar-se um humilde servo do Senhor. […]”
 
Interessante “que Daniel 7:1 diz: ‘No primeiro ano de Belsazar, rei de Babilônia, teve Daniel, na sua cama, um sonho e visões da sua cabeça. Então escreveu o sonho, e relatou a suma das coisas.’” Com isto compreendemos que “o profeta recebeu a visão relatada no cap. 7 vários anos antes de defrontar-se com a cova dos leões. A partir dos ensinamentos de Daniel 7, Daniel compreendeu que Deus era capaz de neutralizar ‘bestas’ tão cruéis e temíveis, que em comparação com elas – leões  não pareciam mais que inocentes gatinhos. Daniel possuía também plena confiança no dia da ressurreição. Se os leões decidissem engoli-lo, não importava; ele tornaria a viver.
 
“Naquele tempo se levantará Miguel, o grande príncipe, que se levanta a favor dos filhos do teu povo; e haverá um tempo de tribulação, qual nunca houve, desde que existiu nação até aquele tempo; mas naquele tempo livrar-se-á o teu povo, todo aquele que for achado escrito no livro. E muitos dos que dormem no pó da terra ressuscitarão, uns para a vida eterna, e outros para vergonha e desprezo eterno.”(Daniel 12:1-2)
 
Ao orarmos, deveríamos ser como Daniel dando graças a Deus. É melhor que não iniciemos nossas preces contando a Deus os nossos problemas. Quando assim procedemos, parece que os problemas se tornam mais e mais avolumados, e nossa fé tende a enfraquecer-se. Penso que melhor faremos se iniciarmos a oração citando algumas das divinas promessas, acrescentando então: “Senhor, eu creio em Ti.” Podemos então acrescentar a experiência de algumas orações que Deus atendeu previamente, dizendo: “Senhor, graças Te dou por isso!” Depois que tivermos conversando com Deus dessa forma algum tempo, estaremos em melhores condições – quanto a nossa própria segurança – de Lhe apresentarmos os problemas que nos afligem, pois nesse ponto nossa fé ter-se-á reforçado e os problemas parecerão passíveis de solução. Desse modo, estaremos em condição de orar com fé, e não em dúvida. Deus ouve a oração de fé e responde gloriosamente.
 
Medite em 2 Crônicas 20 
Portanto, Daniel dava graças a Deus. Esse era um de seus segredos. […] A gratidão representava um hábito em sua vida, um dos mais gloriosos hábitos de sua vida extraordinária.
 
As pessoas admiram-se ao ver quanto foi realizado pelo apóstolo Paulo, que prosseguia sempre em frente quando tudo parecia volver-se contra ele. Deus livrou a Paulo de muitas provações, assim como fizera com Daniel, contudo, permitiu também que o apóstolo enfrentasse muitas dificuldades. Paulo pôde dizer: “dos judeus cinco vezes recebi quarenta açoites menos um. Três vezes fui açoitado com varas, uma vez fui apedrejado, três vezes sofri naufrágio, uma noite e um dia passei no abismo; em viagens muitas vezes, em perigos de rios, em perigos de salteadores, em perigos dos da minha raça, em perigos dos gentios, em perigos na cidade, em perigos no deserto, em perigos no mar, em perigos entre falsos irmãos;” (2 Coríntios 11: 24-26)
 
O segredo do poder de sustentação de Paulo era o mesmo de Daniel. Preso numa escura e fria prisão romana, ele foi capaz de escrever a seus companheiros de fé cristã: “Regozijai-vos sempre no Senhor; outra vez digo, regozijai- vos. Seja a vossa moderação conhecida de todos os homens. Perto está o Senhor. Não andeis ansiosos por coisa alguma; antes em tudo sejam os vossos pedidos conhecidos diante de Deus pela oração e súplica com ações de graças; e a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará os vossos corações e os vossos pensamentos em Cristo Jesus.” (Filipenses 4: 4-7)
 
“Em tudo dai graças; porque esta é a vontade de Deus em Cristo Jesus para convosco.” (2 tessalonicenses  5: 18) Posso aprender que nenhuma situação é tão negativa que nela não possamos achar algum motivo para dar graças a Deus.
 
“sempre dando graças por tudo a Deus, o Pai, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo,” (Efésios 5: 20) para poder orar dessa maneira a pessoa necessita crer que Deus fará tudo – tudo, absolutamente – operar em favor de nosso bem e de Sua eterna glória. É exatamente isso que Ele nos promete em Romanos 8:28: “E sabemos que todas as coisas concorrem para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito.”
 
A religião cristã é uma religião alegre. Deus retrata a Si próprio como estando a regozijar-Se em relação ao Seu povo, do mesmo modo como o noivo se alegra com sua noiva: “Pois como o mancebo se casa com a donzela, assim teus filhos se casarão contigo; e, como o noivo se alegra da noiva, assim se alegrará de ti o teu Deus.” (Isaías 62:5) Ele promete que os redimidos virão a Sião (a Jerusalém celestial) com cânticos de alegria, e que “haverá perpétua alegria sobre as suas cabeças;” (Isaías 51:11) Ele Se sentirá feliz se começarmos a praticar a alegria no lugar e nas circunstâncias em que nos encontramos agora.
 
Jesus nos ensinou também que não devemos sentir-nos ansiosos, e que não devemos preocupar-nos em função de “coisas”. Em vez disso, disse Ele, deveríamos buscar em primeiro lugar o reino de Deus e Sua justiça, confiando em que todas as nossas necessidades serão atendidas por Ele.”
 
Medite em Mateus 6:25 a 34
 
Referências
 
1- Uma Nova Era Segundo as Profecias de Daniel, pág. 98-103
 
2- O Livro de Daniel
 
3- Heródoto III. 89.
 
4. ICC, Daniel, p. 270.
 
4. Ibid., p.278.
Tags .Adicionar aos favoritos o Link permanente.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *