Ano Bíblico 2021 – 107º Dia – Do Norte e Sul à Terra Gloriosa – Comentários Pastor Elias Brasil de Sousa e Ellen White

Leitura Bíblica: Daniel 11

Fonte deste estudo : Bíblia Sagrada, Lição da Escola Sabatina 1trimestre 2020: Daniel e Infográficos do Infolição

O “grande conflito” mencionado pelo ser angelical em Daniel 10:1 se desenrola ao longo do capítulo 11 como uma sucessão de reis do Norte e do Sul que lutam entre si até o tempo do fim.

Nos bastidores das batalhas entre os reis do Norte e do Sul, há apenas um grande conflito. É a grande controvérsia entre Deus e Satanás, que tem repercussões políticas e sociais na Terra. Primeiramente, o conflito não diz respeito a conquistas territoriais ou materiais. É uma batalha universal com o objetivo de conquistar o coração e a mente dos seres humanos. Nessa batalha, a neutralidade é impossível; devemos escolher um lado.

A parte final do capítulo tem seu ponto alto na aniquilação das forças do mal quando estas lançam o último ataque contra Sião, o “glorioso monte santo” de Deus.

O capítulo 11 do livro de Daniel é, sem dúvida, o mais difícil de ser interpretado. Apesar disso, os contornos gerais da profecia se destacam de maneira clara. O povo de Deus será perseguido e atacado, mas no fim Deus vencerá. Neste estudo, destacaremos o grande conflito entre os poderes do Norte e do Sul e a descrição dos eventos finais que encerram o capítulo.

Ao estudarmos o capítulo 11 de Daniel, veremos que se trata de um texto desafiador. Alguns pontos devem ser apresentados no início. Primeiramente, esse capítulo está, em geral, em paralelo com os esboços proféticos anteriores do livro. Como nos capítulos 2, 7, 8 e 9, a mensagem profética se estende dos dias do profeta até o fim dos tempos. Em segundo lugar, uma sucessão de potências mundiais emerge; são poderes que muitas vezes oprimem o povo de Deus. Terceiro, cada esboço profético atinge o clímax com um final feliz. Em Daniel 2, a pedra destrói a estátua; em Daniel 7, o Filho do Homem recebe o reino; e em Daniel 8 e 9, o santuário celestial é purificado mediante a obra do Messias.

Em seguida, o capítulo 11 apresenta três pontos fundamentais. Primeiramente, ele apresenta os reis persas e discute o destino deles e o tempo do fim, quando o rei do Norte ataca o monte santo de Deus. Em segundo lugar, há a descrição de uma sucessão de batalhas entre o rei do Norte e o rei do Sul e como essas lutas afetam o povo de Deus. Em terceiro lugar, o capítulo conclui com um final feliz, quando o rei do Norte encara a sua ruína por meio do “glorioso monte santo” (Daniel 11:45). Essa conclusão positiva sinaliza o fim do mal e o estabelecimento do reino eterno de Deus.

Gabriel disse a Daniel que três reis ainda se levantariam da Pérsia. Eles seriam seguidos pelo quarto rei, que seria o mais rico de todos e provocaria os gregos. Depois de Ciro, três sucessivos reis exerceram domínio sobre a Pérsia: Cambises II (530-522 a.C.), o falso Esmérdis (522 a.C.) e Dario I (522-486 a.C.). O quarto rei é Xerxes, mencionado no livro de Ester como Assuero. Ele era muito rico (Ester 1:1-7) e comandou um vasto exército para invadir a Grécia, como previsto na profecia. Mas, apesar de seu poder, ele foi repelido por uma força menor de valentes soldados gregos.

Não é difícil reconhecer Alexandre, o Grande, como o poderoso rei que surge em Daniel 11:3 e que se torna o governante absoluto do mundo antigo.

Aos 32 anos, ele morreu sem deixar um herdeiro para governar o império. Por isso, o reino foi dividido entre seus quatro generais: Seleuco ficou com a Síria e a Mesopotâmia; Ptolomeu, com o Egito; Lisímaco, com a Trácia e partes da Ásia Menor; e Cassandro, com a Macedônia e a Grécia.

O que podemos aprender com essa variedade de nomes, datas, lugares e eventos históricos? Primeiramente, aprendemos que a profecia foi cumprida como previsto pelo mensageiro divino. A Palavra de Deus nunca falha. Em segundo lugar, Deus é o Senhor da História. Podemos ter a impressão de que a sucessão de poderes políticos, líderes e reinos é impulsionada pela ambição de imperadores, ditadores e políticos de todos os tipos. No entanto, a Bíblia revela que Deus está no controle supremo e moverá a roda da História de acordo com Seu propósito divino, o que, em última análise, levará à erradicação do mal e ao estabelecimento do reino eterno de Deus.

A guerra entre o Norte e o Sul lembra as batalhas entre os poderes que disputavam o controle da terra prometida. Localizada na confluência dos grandes impérios daquele tempo, a terra de Israel foi muitas vezes envolvida nos conflitos internacionais da época. As potências do Norte (assírios, babilônios e selêucidas) lutavam contra as potências do Sul (egípcios e ptolomeus) pelo controle estratégico da Palestina. Evidentemente, uma guerra pelo controle da terra santa resultava em sofrimento ao povo de Deus. Como Gabriel deixou claro, a profecia tinha o objetivo de fazer Daniel “entender o que” haveria “de suceder ao [seu] povo nos últimos dias; porque a visão se [referia] a dias ainda distantes” (Daniel 10:14).

Assim, a longa sucessão de reinos e as guerras que travaram são relevantes na medida em que fizeram o povo de Deus passar por tremendo sofrimento. Conforme os eventos proféticos se desenrolam, as guerras entre o Norte e o Sul culminam em um ataque contra o povo de Deus no monte Sião. Essa batalha final, juntamente com a intervenção salvífica de Deus em favor do Seu povo, é o clímax da mensagem de Daniel.

Ao aplicarmos a abordagem historicista na interpretação desse capítulo, devemos também considerar que, à medida que o cronograma profético passa pelo Calvário, os símbolos proféticos e os eventos que eles representam devem ser interpretados de acordo com os termos da nova aliança. Em Cristo, a aliança com Israel é estendida aos gentios, e a terra prometida é ampliada a fim de abranger o mundo inteiro. Nesse contexto, ao interpretarmos os acontecimentos proféticos descritos em Daniel 11, devemos levar em conta as novas realidades que o Messias ocasionou.

Assim, a maioria dos intérpretes historicistas entende que o rei do Norte, a princípio, seja uma referência ao poder selêucida localizado na Síria, e o rei do Sul representa os ptolomeus, que dominavam o Egito. Posteriormente, a função do rei do Norte foi assumida por Roma pagã e depois por Roma papal. Do mesmo modo, posteriormente no cronograma profético, o Sul passa a representar o ateísmo, que foi fortemente promovido pelos poderes que provocaram a Revolução Francesa e que continuam atuando até hoje.

O tempo em que aconteceram as transições de poder em Daniel 11 ainda são assunto de debate. Portanto, devemos nos concentrar nos temas transparentes e bem estabelecidos, pois estão em paralelo com outros tópicos de Daniel. A tabela seguinte mostra as relações do capítulo 11 com as outras profecias de Daniel, especialmente as do capítulo 8:

Profecias sobre a Síria e o Egito

Após a morte de Alexandre, o Grande (323 a.C.), o vasto império grego foi dividido entre seus quatro generais. Dois deles, Seleuco, na Síria (Norte), e Ptolomeu, no Egito (Sul), conseguiram estabelecer dinastias que lutariam entre si pelo controle da terra.

A maioria dos estudantes da Bíblia compreende as guerras entre o rei do Norte e o rei do Sul profetizadas em Daniel 11:5-14 como se referindo às muitas batalhas envolvendo essas duas dinastias. Segundo a profecia, seria feita uma tentativa de unir essas duas dinastias pelo casamento, mas essa aliança duraria pouco (Daniel 11:6). Fontes históricas nos informam que Antíoco II Teos (261-246 a.C.), neto de Seleuco I, casou-se com Berenice, filha do rei egípcio Ptolomeu II Filadelfo. No entanto, esse acordo não durou, e o conflito que envolvia diretamente o povo de Deus logo foi retomado. Portanto, Daniel 11 trata de alguns eventos importantes que afetariam a vida do povo de Deus durante séculos após a morte do profeta Daniel.

Novamente, podemos perguntar por que o Senhor revelou antecipadamente todos esses detalhes sobre as guerras envolvendo reinos que lutariam entre si pela supremacia naquela parte do mundo. A razão é simples: essas guerras afetariam o povo de Deus. Então, o Senhor anunciou de antemão os muitos desafios que Seu povo enfrentaria nos anos futuros.

Além disso, Deus é o Senhor da História e, ao compararmos o registro profético com os eventos históricos, podemos ver novamente que a palavra profética foi cumprida. O Deus que predisse as vicissitudes daqueles reinos helenísticos que lutaram entre si é o Senhor que conhece o futuro.

Ele é digno de nossa confiança e fé. É um Deus grande, não um ídolo fabricado pela imaginação humana. Ele não apenas dirige o curso dos eventos históricos, mas também pode dirigir nossa vida se permitirmos que Ele assim o faça.

Roma e o Príncipe da aliança

Uma transição no poder dos reis helenistas para Roma pagã parece ser descrita em Daniel 11:16: “O que, pois, vier contra ele fará o que bem quiser, e ninguém poderá resistir a ele; estará na terra gloriosa, e tudo estará em suas mãos”. A “terra gloriosa” é Jerusalém, região em que existiu o antigo Israel, e o novo poder que ocupou essa região foi Roma pagã.

O mesmo evento também é representado na expansão horizontal do chifre pequeno, que atinge a “terra gloriosa” (Daniel 8:9). Portanto, parece claro que o poder no comando do mundo naquele momento era Roma pagã.

Algumas pistas adicionais no texto bíblico reforçam essa percepção. Por exemplo, a expressão “um cobrador de impostos” (Daniel 11:20, NVI) deve ser uma referência a César Augusto. Foi durante o seu reinado que Jesus nasceu, visto que Maria e José viajaram para Belém para a realização do censo (Daniel 11:20). Além disso, de acordo com a profecia, esse governante seria sucedido por um “homem vil” (Daniel 11:21). Como mostra a história, Augusto foi sucedido por Tibério, seu filho adotivo. Tibério é conhecido por ter sido um homem excêntrico e vil.

Um fato ainda mais importante é que, de acordo com o texto bíblico, durante o reinado de Tibério, o “príncipe da aliança” seria quebrado (Daniel 11:22). Isso claramente se refere à crucificação de Cristo, também chamado de “Ungido” e “Príncipe” (Daniel 9:25; veja também Mateus 27:33-50), visto que Ele foi morto durante o reinado de Tibério. A referência a Jesus nessa passagem como “o Príncipe da aliança” é um indicador impressionante que mostra o fluxo de eventos históricos, dando novamente aos leitores uma evidência poderosa da surpreendente presciência de Deus.

Se Ele teve razão a respeito de tudo o que ocorreu antes em cumprimento dessas profecias, podemos certamente confiar em Suas declarações quanto ao que ocorrerá no futuro.

O Próximo Poder

Daniel 11:29-39 se refere a um novo sistema de poder. Embora esse sistema esteja em continuidade com o Império Romano pagão e tenha herdado algumas características de seu antecessor, parece ser diferente em alguns aspectos. O texto bíblico afirma: “Não será nesta última vez como foi na primeira” (Dn 11:29). Ao examinarmos com mais profundidade, descobrimos que ele atua como um poder religioso, mirando seu ataque principalmente em Deus e em Seu povo. Vejamos algumas ações perpetradas por esse rei.

Primeiro, ele se indignaria “contra a santa aliança” (Daniel 11:30). Essa deve ser uma referência à aliança divina de salvação, à qual esse rei se opõe.

Em segundo lugar, esse rei produziria forças que profanariam o santuário […] e tirariam “o sacrifício diário” (Daniel 11:31). Observamos em Daniel 8 que o chifre pequeno derrubou o fundamento do “santuário” de Deus e “tirou o sacrifício diário” (Daniel 8:11). Isso deve ser entendido como um ataque espiritual contra o ministério de Cristo no santuário celestial.

Em terceiro lugar, como consequência de seu ataque ao santuário, esse poder estabelece a “abominação desoladora” no templo de Deus (Daniel 11:31).

A expressão paralela, “transgressão assoladora”, aponta para os atos de apostasia e rebelião cometidos pelo chifre pequeno (Daniel 8:13).

Em quarto lugar, esse poder persegue o povo de Deus: “Alguns dos sábios cairão para serem provados, purificados e embranquecidos, até ao tempo do fim” (Daniel 11:35). Isso nos lembra do chifre pequeno, que lançou por terra uma parte do exército e das estrelas e os pisou (Daniel 8:10; compare com Daniel 7:25).

Em quinto lugar, esse rei se levantaria e se engrandeceria “sobre todo deus; contra o Deus dos deuses [falaria] coisas incríveis” (Dn 11:36). Foi previsto também que o chifre pequeno falaria “com insolência” (Daniel 7:8), até mesmo contra Deus (Daniel 7:25).

Eventos Finais

A parte final (Daniel 11:40-45) mostra que o longo conflito entre o rei do Norte e o rei do Sul atinge seu clímax no tempo do fim. A essa altura, o rei do Norte vence o rei do Sul e lança o ataque final contra o monte Sião. Como a maioria dos eventos aqui descritos se encontra no futuro, a sua interpretação permanece incerta; assim, devemos evitar o dogmatismo.

No entanto, é possível delinear os amplos contornos da profecia aplicando dois princípios básicos de interpretação. Primeiro, devemos entender que os eventos preditos na profecia são retratados com a linguagem e figuras derivadas da realidade do Israel do Antigo Testamento e de suas instituições. Em segundo lugar, essas figuras e a linguagem devem ser interpretadas como símbolos de realidades eclesiológicas (da igreja) universais e presentes nos ensinamentos de Jesus.

De acordo com esses princípios apresentados, o rei do Sul representa o Egito, conforme indicado de maneira sistemática ao longo da profecia. O rei do Norte, por sua vez, deve ser identificado com Babilônia, que aparece no Antigo Testamento como as forças do Norte (Jr 1:14; Jr 4:5-7; Jr 6:1; Jr 10:22; Jr 13:20; Jr 16:15; Jr 20:4; Jr 23:8; Jr 25:9, 12). Fundada por Ninrode, Babilônia se tornou um centro de religião pagã e o pior inimigo de Jerusalém.

No simbolismo apocalíptico, Babilônia passou a representar tanto Roma pagã quanto Roma papal. Assim, a essa altura do cronograma profético, que é o tempo do fim, Babilônia/o rei do Norte simboliza o papado e suas forças de apoio. O Egito, por sua vez, representa as forças que fazem oposição ao papado, mas que finalmente são dominadas por ele. Desse modo, entre outras possibilidades, como o antigo Império Otomano, o Egito muito provavelmente representa o ateísmo e o secularismo.

Quando o rei do Norte invade a “terra gloriosa”, está escrito que “Edom, e Moabe, e as primícias dos filhos de Amom” (Dn 11:41) conseguem escapar de seu grande poder. Como essas três nações há muito deixaram de existir, elas devem ser interpretadas como símbolos de entidades escatológicas mais amplas. Para melhor compreendermos o simbolismo relacionado a essas nações, devemos observar que a “terra gloriosa” não é um espaço geográfico no Oriente Médio, mas um símbolo do povo remanescente de Deus. De igual forma, “Edom, e Moabe, e […] Amom” não significam grupos étnicos ou povos, mas representam aqueles que resistirão à sedução de Babilônia e virão de diferentes religiões e tradições filosóficas para se juntarem ao remanescente nos últimos dias.

A batalha final desse longo conflito acontecerá quando o rei do Norte armar “as suas tendas palacianas entre os mares contra o glorioso monte santo” (Daniel 11:45). Esse cenário lembra os reis estrangeiros que, vindos do Norte, atacaram Jerusalém. Senaqueribe, por exemplo, armou suas tendas militares em Laquis, que ficava entre o mar Mediterrâneo e Jerusalém. Essas imagens simbolizam o confronto final das forças da Babilônia espiritual (o papado e seus aliados) contra o povo de Deus. “O glorioso monte santo” representa o povo do Senhor sob o comando de Cristo. Assim, com uma linguagem que lembra a experiência do antigo Israel e Judá, a profecia retrata o ataque de Babilônia no tempo do fim contra o povo de Deus. Mas o inimigo fracassará; “chegará ao seu fim, e não haverá quem o socorra” (Daniel 11:45).

As expressões a seguir nos ajudam a compreender o texto de hoje:

Tempo do fim: a expressão “tempo do fim” aparece apenas em Daniel (Daniel 8:17; 11:35, 40; 12:4, 9). O exame das profecias de Daniel indica que o tempo do fim se estende da queda do papado, em 1798, até a ressurreição dos mortos (Daniel 12:2).

Rei do Norte: esse nome primeiramente designa geograficamente a dinastia selêucida, mas depois se refere a Roma pagã e finalmente a Roma papal. Sendo assim, ele não descreve uma localização geográfica, mas o inimigo espiritual do povo de Deus. Além disso, devemos também observar que o rei do Norte representa uma contrafação do verdadeiro Deus, que na Bíblia está simbolicamente associada ao Norte (Isaías 14:13).

Rei do Sul: esse nome primeiramente designa a dinastia ptolomaica no Egito, ao sul da terra santa. Mas, à medida que a profecia se desenvolve, ele adquire uma dimensão teológica e é associado por alguns estudiosos ao ateísmo. Ellen G. White, comentando a referência ao Egito em Apocalipse 11:8, declarou: “Isto é ateísmo” (O Grande Conflito, p. 269).

O glorioso monte santo: nos tempos do Antigo Testamento, essa expressão se referia a Sião, capital e centro de Israel, geograficamente localizada na terra prometida. Depois da cruz, o povo de Deus não é mais definido segundo linhas étnicas e geográficas. Portanto, o monte santo deve ser uma designação simbólica do povo de Deus espalhado pelo mundo.

Assim, talvez possamos interpretar os acontecimentos dessa maneira:

(1) O rei do Sul ataca o rei do Norte: a Revolução Francesa tentou erradicar a religião e derrotar o papado, mas falhou.

(2) O rei do Norte ataca e derrota o rei do Sul: as forças da religião lideradas pelo papado e seus aliados acabarão vencendo as forças do ateísmo e formarão uma coalizão com o inimigo derrotado.

(3) Edom, Moabe e o notável povo de Amom escaparão: alguns dos que não são contados entre o povo verdadeiro de Deus se juntarão ao aprisco na última hora.

(4) O rei do Norte se prepara para atacar o monte santo, mas chega ao fim: as forças do mal são destruídas, e o reino de Deus é estabelecido.

É interessante que, pelo menos em relação a Daniel 11:29-39, Martinho Lutero tenha identificado a abominação desoladora em Daniel 11:31 com o papado e suas doutrinas e práticas. Portanto, a correlação de Daniel 11 com Daniel 7 e 8 reforça a visão de Lutero e de muitos outros comentaristas protestantes de que a instituição do papado e seus ensinamentos constituem o cumprimento dessas profecias na História. Nesse sentido, Ellen G. White declarou: “Nenhuma igreja dentro dos limites da jurisdição romana ficou muito tempo sem ser perturbada na experiência da liberdade de consciência.

Mal o papado obteve poder, estendeu os braços para esmagar todos os que se recusassem a reconhecer-lhe o domínio; e, uma após outra, as igrejas se submeteram ao seu governo” (O Grande Conflito, p. 62).

“As condições dos últimos dias impelem-nos ao preparo Vivemos no tempo do fim. Os sinais dos tempos, a cumprirem-se rapidamente, declaram que a vinda de Cristo está próxima, às portas.

Os dias em que vivemos são solenes e importantes. O Espírito de Deus está, gradual mas seguramente, sendo retirado da Terra. Pragas e juízos estão já caindo sobre os desprezadores da graça de Deus.

As calamidades em terra e mar, as condições sociais agitadas, os rumores de guerra, são portentosos. Prenunciam a proximidade de acontecimentos da maior importância.

As forças do mal estão se arregimentando e consolidando-se. Elas se estão robustecendo para a última grande crise. Grandes mudanças estão prestes a operar-se no mundo, e os acontecimentos finais serão rápidos.

Algo decisivo está para ocorrer A atualidade é uma época de absorvente interesse para todos os que vivem. Governadores e estadistas, homens que ocupam posições de confiança e autoridade, homens e mulheres pensantes de todas as classes, tem fixa a sua atenção nos fatos que se desenrolam em redor de nós. Acham-se a observar as relações tensas e inquietas que existem entre as nações.

Observam a intensidade que está tomando posse de todo o elemento terrestre, e reconhecem que algo de grande e decisivo está para ocorrer, ou seja, que o mundo se encontra a beira de uma crise estupenda.

Anjos acham-se hoje a refrear os ventos das contendas, para que não soprem antes que o mundo haja sido avisado de sua condenação vindoura; mas está se formando uma tempestade, prestes a irromper sobre a Terra; e, quando Deus ordenar a Seus anjos que soltem os ventos, haverá uma cena de lutas que nenhuma pena poderá descrever. Ellen White, Educação, 179.

“É chegado o tempo em que haverá no mundo tristeza que nenhum bálsamo humano pode curar. O Espírito de Deus está sendo retirado. Catástrofes por mar e por terra seguem-se umas às outras em rápida sucessão. Quão frequentemente ouvimos de terremotos e furacões, de destruição pelo fogo e inundações, com grandes perdas de vidas e propriedades! Aparentemente essas calamidades são caprichosos desencadeamentos de forças da Natureza, desorganizadas e desgovernadas, inteiramente fora do controle do homem; mas em todas elas pode ler-se o propósito de Deus. Elas estão entre os instrumentos pelos quais Ele busca despertar a homens e mulheres para que sintam o perigo”. Ellen White  Profetas e Reis, 277.

“Grandes cidades serão varridas A obra que há muito devia estar em ativa operação para ganhar almas para Cristo não tem sido feita. Os habitantes de cidades ímpias a serem muito breve visitadas por calamidades têm sido cruelmente negligenciados. Aproxima-se o tempo em que grandes cidades serão varridas, e todos devem ser advertidos desses juízos por vir. Mas quem está dando para a consecução desta obra o integral serviço que Deus requer? […]

Atualmente nem uma milésima parte do trabalho a ser feito nas cidades o está sendo, e isso seria feito se homens e mulheres cumprissem o seu inteiro dever.” (Ellen White Manuscrito 53, 1910).

“Oh! quem dera tivesse o povo de Deus o senso da iminente destruição de milhares de cidades, agora quase entregues a idolatria!” The Review and Herald, 10 de Setembro de 1903.

“Logo sérios conflitos surgirão entre as nações conflitos que não cessarão até que Jesus venha. Como nunca dantes, precisamos unir-nos, servindo Aquele que preparou o Seu trono no Céu e cujo reino domina sobre todos. Deus não abandonou o Seu povo, e nossa força consiste em não abandoná-LO.

Os juízos de Deus estão na Terra. As guerras e rumores de guerra, as destruições pelo fogo e inundações, dizem claramente que o tempo de angústia, que aumentará até o fim, está às portas.

Não temos tempo a perder. O mundo está insuflado pelo espírito de guerra. As profecias do capítulo onze de Daniel já alcançaram quase o seu final cumprimento. Idem, 24 de Novembro de 1904.

“Preparar-se enquanto há uma oportunidade Ao subverter a agressão religiosa às liberdades de nossa nação, os que ficarem ao lado da liberdade de consciência serão postos numa posição desfavorável. No seu próprio interesse devem eles, enquanto têm oportunidade, tornar-se entendidos sobre enfermidades, suas causas, prevenção e cura. E os que assim procederem encontrarão um campo de trabalho em qualquer parte. Haverá sofredores, quantidades deles, que necessitarão ajuda, não apenas entre os de nossa própria fé, mas em grande proporção entre os que não conhecem a verdade”. The Medical Missionary, Novembro-Dezembro de 1892.

“Prontos para oferecer imediata assistência Pobreza e sofrimento nas famílias virão ao nosso conhecimento, e os aflitos e sofredores terão de ser aliviados. Pouco sabemos do sofrimento humano existente por toda parte ao nosso redor, mas aos termos oportunidade devemos estar prontos para oferecer imediata assistência aos que estão sob dura opressão”.  Manuscrito 25, 1894.

“Mão ajudadora de Deus na amenização do sofrimento A obra da reforma de saúde é o meio empregado pelo Senhor para diminuir o sofrimento de nosso mundo, e para purificar Sua igreja.

Ensinai ao povo que eles podem desempenhar o papel da mão ajudadora de Deus, mediante sua cooperação com o Obreiro-Mestre na restauração da saúde física e espiritual.” Obreiros Evangélicos, 348.” (Ellen White – Beneficência Social, cap 5)

A certeza da profecia

“Tudo quanto Deus especificou que se havia de cumprir na história profética no passado, cumpriu-se, e tudo quanto está ainda por vir virá por sua ordem. Daniel, o profeta de Deus, está em seu lugar. João está em seu lugar. No Apocalipse o Leão da tribo de Judá abriu aos estudiosos da profecia o livro de Daniel, e assim Daniel se erguerá em seu lugar. Dá seu testemunho, aquilo que o Senhor lhe revelou em visão dos grandes e solenes acontecimentos que precisamos conhecer ao nos encontrarmos no próprio limiar de seu cumprimento.

Na história e na profecia a Palavra de Deus descreve o longo e continuado conflito entre a verdade e o erro. Esse conflito se acha ainda em processo. As coisas que foram, repetir-se-ão. Velhas controvérsias serão reavivadas, e novas teorias estarão continuamente a surgir. O povo de Deus, porém, que em sua crença e cumprimento de profecia desempenhou uma parte na proclamação da primeira, segunda e terceira mensagens angélicas, sabe onde se encontra. Possuem uma experiência que é mais preciosa que o ouro fino. Devem permanecer firmes como a rocha, retendo firmemente o princípio de sua confiança até o fim. […]

Depois do grande desapontamento em 1844 poucos houve que se aplicaram a buscar a Palavra de todo o coração. Algumas pessoas, porém, não se assentaram em desânimo, nem negaram que o Senhor os conduzira. A esses a verdade foi aberta ponto por ponto, entrelaçada com suas mais abençoadas recordações e simpatias. Os pesquisadores da verdade sentiam que a identificação de Cristo com sua natureza e interesses era completa. A verdade foi feita brilhar, bela em sua simplicidade, majestosa com um poder e investida de uma certeza, desconhecidos antes do desapontamento. Podíamos então proclamar a mensagem em unidade.

Mas entre os que não haviam firmado bem sua fé e experiência, houve grande confusão. Toda opinião concebível foi apresentada como mensagem da verdade; a voz do Senhor, porém, era: “Não os creiais; pois não os enviei.”

Andávamos cuidadosamente com Deus. A mensagem devia ser dada a todo o mundo, e sabíamos que esta verdade presente era dom especial de Deus ao mundo. A comunicação desse dom era prerrogativa de Deus. Seus desapontados servos, ainda em busca da verdade, foram guiados passo a passo para comunicarem ao mundo aquilo que lhes fora comunicado. As declarações proféticas deviam ser repetidas, e a verdade essencial à salvação devia ser dada a conhecer. […]

O Senhor não dirigirá as mentes agora no sentido de afastá-las da verdade que o Espírito Santo induziu no passado Seus servos a proclamarem.

Muitos hão de investigar sinceramente a Palavra em busca de luz como fizeram os do passado; e veem luz na Palavra. Não passaram, porém, pelas experiências da primeira proclamação dessas mensagens de advertência. Assim sendo, alguns não apreciam o valor das verdades que foram para nós como marcos miliários, e fizeram de nós o que somos como um povo peculiar. Não fazem a devida aplicação das Escrituras, e assim, arquitetam teorias que não são corretas. É verdade que citam quantidade de textos, e ensinam muita coisa que é verdadeira; mas a verdade está tão misturada de erro que leva a conclusões errôneas. Todavia, como podem entremear textos escriturísticos em suas teorias, pensam que possuem uma cadeia lógica de verdade. Muitos que não tiveram uma experiência no surgimento das mensagens, aceitam essas teorias errôneas, e são induzidos a caminhos falsos, para trás, e não para a frente. Esse é o desígnio do adversário”. – Ellen White Testemunhos para a Igreja vol. 1, p 110 – 113

“As verdades da Palavra de Deus não são mero sentimento, mas enunciações do Altíssimo. Aquele que torna essas verdades parte de sua vida, torna-se, em todo sentido, nova criatura. Não lhe são dadas novas faculdades mentais, mas as trevas que, devido à ignorância e ao pecado, obscureceram o entendimento, são removidas.

As palavras: “E vos darei um coração novo” (Ezequiel 36:26), querem dizer: E vos darei um novo entendimento. Esta mudança de coração é sempre seguida de uma clara concepção do dever cristão, do entendimento da verdade. A clareza de nossa visão quanto à verdade será proporcional à compreensão que tivermos da Palavra de Deus. Aquele que dá às Escrituras acurada atenção estudando-a com oração obterá uma clara compreensão e um perfeito discernimento, como se, volvendo-se para Deus, houvesse atingido um mais elevado grau de inteligência.

Se a mente se aplica à tarefa de estudar a Bíblia, o entendimento se fortalecerá, e as faculdades de raciocínio se desenvolverão. Pelo estudo das Escrituras a mente se dilata, e torna-se mais bem equilibrada do que se ocupando em obter conhecimentos de livros que não têm nenhuma ligação com a Bíblia.

Cristo é o centro de toda verdadeira doutrina. Toda religião genuína se encontra em Sua Palavra e na Natureza. É nEle que se centralizam nossas esperanças de vida eterna; e o mestre que dEle aprende encontra seguro ancoradouro.

Tudo quanto a mente pode apreender, acha-se aberto perante nós na Bíblia. Esta é nosso alimento espiritual. Cumpre-nos contemplar as maravilhosas obras de Deus, e repetir a nossos filhos as lições aprendidas, a fim de que os levemos a ver-Lhe a perícia, o poder e a grandeza revelados em Suas obras.

Que Deus é o nosso Deus! Ele governa Seu reino com diligência e cuidado; e construiu um muro — os Dez Mandamentos — em torno de Seus súditos, a fim de os preservar dos resultados da transgressão. Exigindo obediência às leis de Seu reino, Deus dá a Seu povo saúde e felicidade, paz e alegria. Ensina-lhe que a perfeição de caráter por Ele exigida só pode ser alcançada familiarizando-nos com Sua Palavra.” Ellen White – Conselhos aos Pais e Professores e Estudantes, p. 45- 454

“A união entre Cristo e Seu povo deve ser viva, verdadeira, infalível, assemelhando-se à união que existe entre o Pai e o Filho. Essa união é o fruto da permanência interior do Espírito Santo. Todos os verdadeiros filhos de Deus revelarão ao mundo sua união com Cristo e com seus irmãos. Aqueles em cujo coração Cristo habita, produzirão os frutos do amor fraternal. Compreenderão que, como membros da família de Deus, acham-se comprometidos a cultivar, nutrir e perpetuar o amor e o companheirismo cristãos em espírito, palavras e ações.

Ser filhos de Deus, membros da família real, significa mais do que muitos supõem. Os que são considerados por Deus como Seus filhos revelarão uns pelos outros amor idêntico ao de Cristo. Viverão e trabalharão por um único objetivo — a devida apresentação de Cristo perante o mundo. Por Seu amor e unidade, mostrarão ao mundo que apresentam as credenciais divinas. Pela nobreza do amor e da abnegação, mostrarão aos que os rodeiam que são verdadeiros seguidores do Salvador. “Nisto conhecerão todos que sois Meus discípulos: se tiverdes amor uns aos outros.” João 13:35. …

A mais poderosa demonstração que uma pessoa pode dar de haver nascido de novo e de ser um novo homem em Cristo Jesus, é a manifestação de amor para com seus irmãos, o praticar obras à semelhança de Cristo. Este é o testemunho mais maravilhoso que

se possa dar em favor do cristianismo, e ganhará pessoas para a verdade. […] Cristo leva todos os crentes à completa unidade consigo, a própria unidade existente entre Ele e Seu Pai. Os verdadeiros filhos de Deus são ligados uns aos outros e com o Salvador. São um com Cristo em Deus.” — General Conference Bulletin, 1900.

“Em Cristo reside nossa única esperança. Deus tem para Seu povo vitórias diárias a ganhar. […] Por Seus dons celestiais o Senhor tomou amplas providências em favor de Seu povo. Um pai terrestre não pode dar a seu filho um caráter santificado. Não pode transferir ao filho o próprio caráter. Unicamente Deus nos pode transformar. Cristo soprou em Seus discípulos, e disse: “Recebei o Espírito Santo.” João 20:22. Este é o grande dom do Céu. Por meio do Espírito, Cristo comunicou-lhes Sua própria santificação. Infundiu-lhes Seu poder, para que pudessem ganhar pessoas para o evangelho. Daí em diante Cristo viveria através das faculdades deles, e falaria por suas palavras. Eles tiveram o privilégio de conhecer que, daí em diante, Cristo e eles deviam ser um. Precisavam nutrir-Lhe os princípios e ser regidos pelo Seu Espírito. Não mais deviam seguir os próprios caminhos, falar as próprias palavras. As palavras que haviam de proferir deviam proceder de um coração santificado, e caírem de lábios santificados. Não mais deveriam viver sua vida egoísta; Cristo devia viver neles, e por meio deles falar. Ele lhes daria a glória que tinha com o Pai, para que Ele e eles fossem um em Deus. — General Conference Bulletin, 1899.

“Apoderar-se-á o homem do poder divino e, com decisão e perseverança resistirá a Satanás, como Cristo lhe deu o exemplo em Seu conflito com o inimigo no deserto da tentação? Deus não pode, contra a vontade do homem, salvá-lo do poder das artimanhas de Satanás. […] O homem precisa ser cooperador de Cristo na obra de vencer, e então será co-participante de Cristo em Sua glória.” Testemunho para a Igreja vol4, p. 32-33

Aplicação para a Vida – Perguntas para reflexão

“Nos registros da História humana, o desenvolvimento das nações, o nascimento e a queda dos impérios aparecem como que dependendo da vontade e do poder do homem.

O decorrer dos acontecimentos parece determinado, em grande medida, por seu poder, ambição ou capricho. Mas na Palavra de Deus a cortina é afastada, e podemos ver acima, por detrás e pelos lados, as partidas e contrapartidas de interesse, poder e desejo humanos – os agentes do Todo-Misericordioso – executando paciente e silenciosamente os conselhos de Sua própria vontade” (Ellen G. White, Profetas e Reis, p. 499, 500).

1. Daniel 11 apresenta o detalhado conhecimento divino sobre a história futura. De que maneira a presciência de Deus fortalece a sua fé?

2. O capítulo 11 de Daniel (especialmente Daniel 11:40-45) tem sido objeto de algumas interpretações especulativas. Como a noção de recapitulação na profecia apocalíptica nos ajuda a permanecer dentro dos limites interpretativos corretos para o entendimento desse capítulo?

3. Tendo aprendido sobre o grande conflito refletido nas profecias de Daniel, o que devemos fazer com tal conhecimento? (Daniel 11:33).

4. Como podemos ser sensíveis aos sentimentos dos outros, sem comprometer o que a Bíblia ensina sobre a função de Roma nos últimos dias?

5. Daniel 11:33 afirma: “Os sábios entre o povo ensinarão a muitos; todavia, cairão pela espada e pelo fogo, pelo cativeiro e pelo roubo, por algum tempo.” O que esse texto revela sobre o destino de alguns fiéis de Deus? O que alguns deles estarão fazendo antes de ser martirizados? Qual é a mensagem desse texto para nós hoje?

6. Daniel 11:36 afirma: “Este rei fará segundo a sua vontade, e se levantará, e se engrandecerá sobre todo deus; contra o Deus dos deuses falará coisas incríveis e será próspero, até que se cumpra a indignação; porque aquilo que está determinado será feito.” A quem se refere o texto? O que isso faz lembrar? (Veja Isaías 14:12-17; veja também 2Ts 2:1-4).

7. Em Daniel 11:27, 29 e 35, é usada a expressão lammo’ed ou “o tempo determinado”. O que isso nos revela, novamente, sobre o controle divino da História?

Avance o tempo para o tempo 8: 30

Neste link você encontrará outros comentários e vídeos sobre Daniel 11

Livro 2: Entenda as Grandes Profecias de Daniel e Apocalipse

Estudar Capítulo 12, páginas 65-84

. Guerras Mundiais

. Tempo de Salvação

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