Efésios 2 – Comentários Pr. Benedito Muniz

2:1. “Ele vos deu vida, estando vós mortos nos vossos delitos e pecados”.

A Graça é dádiva sempre. Seja como oferta ou, como crédito na vida do arrependido.

Paulo não está falando aqui de Graça como oferta à disposição, mas como o poder operante na vida da Igreja.

A Igreja não deve ser tratada como os que precisam receber a Graça, mas como quem já recebeu e desfruta.

Igreja é um grupo de ressuscitados espirituais, ou não é Igreja.

A Igreja ainda está no mundo, mas dele se desligou para ligar-se a Cristo.

Quando vejo crente velho atendendo a apelo para se entregar a Cristo, como se nunca houvera feito isso, fico agoniado.

São pessoas que nunca entenderam o que é ser ressuscitados dos mortos espirituais.

Esperam por um apelo como quem vagueia errante no campo espiritual.

Pior, passa tempo, outro apelo, e lá estão eles novamente.

Nunca passam dos rudimentos, o básico, para outros estágios.

Estágios, como: o prazer de testemunhar, crescer em conhecimento e graça (II Pedro 3:18).

A Palavra está dizendo: Vocês já foram ressuscitados. Deixaram de ser defuntos espirituais.

Então vivam como redivivos dentre os mortos (Romanos 6:13).

2: 3 – “Entre os quais também todos nós andávamos outrora, segundo as inclinações da nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos; e éramos, por natureza, filhos da ira, como também os demais.”. Efésios 2:3.

Vejamos como a Palavra trata a cada um de nós, em Cristo, quanto ao domínio do pecado:

“Andávamos”, “outrora”, “na carne”, “regidos por pensamentos maus”, “éramos filhos da ira”.

Antes de Jesus em nossa vida éramos participantes das práticas pecaminosas dos ímpios, e de sua condenação.

O comando era da carne (inclinação para o mal). Os impulsos mandavam e o pecador obedecia.

Como éramos conhecidos? Filhos da ira. Que definição assustadora.

O que é ser filho da ira? É estar sob a condenação da ira que se abateu sobre Cristo.

É estar sob a condenação do Juízo.

Em Cristo o pecador deixa de ser filho da ira passa a ser filho da luz (Efésios 5:8).

Que mudança de comportamento, rumo e status. Filhos da luz!

2: 4-5 “Mas Deus, sendo rico em misericórdia, por causa do grande amor com que nos amou, e estando nós mortos em nossos delitos, nos deu vida juntamente com Cristo, – pela graça sois salvos”. Efésios 2:4, 5.

Aqui a explicação da nossa salvação – uma intervenção divina!

Misericórdia é compaixão da miséria alheia.

O pecado separou o pecador de Deus, jamais Deus dele.

Nossa perdição não foi capaz de nos isolar de Sua busca.

A transgressão não foi capaz de nos expulsar do Seu coração.

O homem podia pagar o pecado, mas com sua morte eterna.

Cristo assumiu nossa morte e nos garantiu Sua vida.

O único meio de salvação era Graça – dádiva!

Aqui não cabe pagamento, mas aceitação.

Não é troca, é presente!

Estávamos no cadafalso; “mas Deus…” entrou em cena!

Que maravilha!

2: 6 “E, juntamente com Ele, nos ressuscitou, e nos fez assentar nos lugares celestiais em Cristo Jesus”. Efésios 2:6.

Todo o projeto de salvação em Cristo é de inclusão NELE. Nada do que Ele realizou foi isento de nós.

Foi tudo por nós e como se fôssemos nós, pois estávamos NELE!

Ele nos incluiu na Sua vida, por isso, Suas vitórias são nossas.

Ele as credita em nossa vida e nos faz vencedores morando em nós e vivendo em nós (João 14:23).

Ele nos inclui em Sua morte, por isso, morremos com Ele (II Cor. 5:14). Já sofremos o Juízo NELE.

Ele nos incluiu na Sua ressurreição, por isso, ressuscitamos NELE!

Ressuscitamos espiritualmente já, e fisicamente no dia glorioso, se estivermos descansando NELE.

Ele nos incluiu na Sua ascensão, por isso, quando assentou-Se no trono celestial, também nos assentamos com Ele.

É segurança total estar em Cristo!

O cristianismo não é uma procissão de penitentes buscando misericórdia.

É a marcha de um exército de redimidos com uma missão na Terra, mas seguros do Reino eterno.

2: 7 “Para mostrar, nos séculos vindouros, a suprema riqueza da sua graça, em bondade para conosco, em Cristo Jesus”. Efésios 2:7.

A projeção do Evangelho, coloca os remidos no colo da eternidade, fala do plano perfeito e vencedor.

A “riqueza da Sua graça” envolve:

A Justificação – tirar o justo dos costumes do mundo.

A Santificação – tirar os costumes do mundo do justo.

A Glorificação – tirar o justo do mundo pecaminoso.

Cada mundo não caído se deleitará em ouvir de nós que o pecado não compensa.

Cada mundo que Ele organizar, ouvirá que surgem em um Universo onde o mal jamais se levantará (Naum 1:9).

O tema central? A bondade de Deus em Cristo!

O confortante agora é saber que fazemos e faremos parte desta interminável festa da Graça por toda eternidade.

2:8 “Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus”. Efésios 2:8.

Esse verso é um dos mais belos da Bíblia, uma síntese do Evangelho.

Salvação é ofertada pela Graça e aceita pela fé.

Existe Graça salvadora. Não existe fé salvadora.

A Graça é a fonte da salvação.

A fé é o método para receber a Graça.

Graça é dom. Fé é recepção.

Em Cristo a Graça foi oferecida.

A fé foi gerada em nós para aceitarmos a Graça.

A fé não tem mérito salvífico; aceita os méritos de Cristo.

Não somos salvos numa combinação de Graça e fé.

Tão somente pela Graça, a qual aceitamos pela fé.

Tudo é obra DELE:

Providência, despertamento, arrependimento (Atos 5:31), e a capacidade para a entrega do coração.

Paulo está escrevendo à Igreja, por isso diz: Sois salvos!

Mais que uma notícia, é uma conscientização, ou confirmação: Sois! Estais! Tomastes posse!

Salvação como oferta é possibilidade. Aceita, é realidade!

2:9 “Não de obras, para que ninguém se glorie”. Efésios 2:9.

A ação é DELE, a reação é nossa.

O favor é DELE, o fervor é nosso.

O sacrifício é DELE, os benefícios nossos.

A glória é DELE, a gratidão é nossa.

A causa é ELE, nós somos efeitos.

Ele estimulou, nós respondemos.

A ELE cabe o louvor, a nós o louvar.

Se o humano se gloriar, gloria-se na ilusão.

Quando a glória é centrada NELE, então o eu foi ajustado.

Quando o eu se assanha, logo esmorece.

Quando Cristo é o centro a vida aí ela tem sentido, porque há sentido.

A obra DELE dispensa as nossas, como mérito.

A obra DELE provoca as nossas, como fruto.

Que ninguém se glorie, só glorifique!

Agora o velho hino:

Sim, na cruz, sim, na cruz

Sempre me glorio,

Té que ao fim vá descansar

Salvo, além do rio.

2:10“Pois somos feitura dele, criados em Cristo Jesus para boas obras, as quais Deus de antemão preparou para que andássemos nelas. Efésios 2:10.

A expressão “feitura”, vem grego “ποίημα”, que significa “poema”.

É isso que somos em Cristo, belos poemas do Senhor Deus!

Por que não existe espaço para qualquer glória humana na vida cristã?

Resposta: Porque somos feitura Sua!

Feitura Sua aqui não se refere à Criação, mas à Redenção.

Em Cristo fomos feitos novas criaturas. Isso implica:

Novo status – salvos (Romanos 8:1).

Nova cidadania – do Seu reino (Colossenses 1:13).

Nova vida – vida eterna (João 3:36).

Nova ética (I Pedro 1:18).

Por isso, tudo o que acontece em nossa vida cristã tem a Cristo como realizador.

Cristo vive em nós as Suas exigências!

2:10 “Pois somos feitura dele, criados em Cristo Jesus para boas obras, as quais Deus de antemão preparou para que andássemos nelas”. Efésios 2:10.

Aqui temos a causa e o propósito da salvação: Cristo e as boas obras.

As boas obras (agir de acordo com a vontade de Deus) resultam da salvação.

“Para a salvação” indica um precedente à obediência, e claro, destaca o objetivo para o qual fomos salvos – praticar boas obras.

“Boas obras” é toda obediência que resulta da salvação.

O que torna uma obra boa aos olhos de Deus, não é natureza da obra, mas o motivo.

Quando o motivo é buscar merecer a salvação, então é chamado de obra da Lei (Gálatas 3:1-11).

Quando o motivo é glorificar o nome de Deus pela salvação que conquistou o coração, então é boa obra.

Boas obras não são meio de salvação; é festejo dela.

“Boas obras” é a prática da vontade de Deus, obediência aos Seus santos mandamentos.

Ele mesmo preparou os princípios espirituais, morais, nos quais devemos andar.

Pode Deus idealizar algo que seja prejudicial a Seus filhos, ou contrário a Si mesmo. Evidente que não.

Quem é o inimigo da Lei divina? O Querubim caído, o inimigo de Deus.

Esse anjo mau é quem suscita indiferença e ódio pela Lei de Deus.

Deus não preparou Sua Lei para vigorar por um tempo e depois aboli-la.

Ele a fez para que a humanidade, em todos os tempos, andasse nela; para o nosso bem.

A Lei de Deus são os parâmetros morais da nossa vida neste mundo.

Quando Deus pensou em nós pensou em seres morais, para serem regidos por princípios.

Esses princípios obedecidos, por Sua Graça, definem nossa segurança vertical (com Ele) e horizontal (como os homens).

Eis o propósito da salvação – recolocar o pecador na plataforma da obediência!

“Andar” é a conduta.

As boas obras foram criadas por Deus antes do mundo existir, “de antemão”.

Essas “boas obras” são seus preceitos voltados para Sua honra e amor ao próximo.

No verso 3, antes de Cristo, andávamos fazendo a vontade da carne.

Agora, andamos fazendo a vontade do Senhor expressa na Sua santa Lei.

Todo comportamento cristão tem sua raiz nos santos preceitos.

Nossa felicidade é encontrada em Cristo e na prazerosa obediência (ver Sal. 119).

Para o pecador sem Cristo a Lei tem o papel de condenar (Rom. 5:20).

Para o justificado, a Lei tem o papel de proteger, amparar (Gal. 3:13).

Pautar a vida pelos santos mandamentos é estar livre das agruras desta vida.

A Graça é dom que salva da desobediência para a obediência.

A Graça também salva da obediência legalista para a obediência teocêntrica.

Como viver pelos santos princípios? Pelo poder de Deus em nós.

Cristo vive em nós as Suas vitórias (Gal. 2:20)!

2: 11 – 13 “Portanto, lembrai-vos de que, outrora, estáveis sem Cristo, não tendo esperança e sem Deus no mundo. Mas, agora, em Cristo Jesus, vós, que antes estáveis longe, fostes aproximados pelo sangue de Cristo”. Efésios 2:11-13.

Quanta segurança! Quanta certeza! Outrora e agora!

O contraste – sem esperança e agora movidos por ela.

Antes longe, agora perto.

Outrora sem rumo, agora com norte definido – o Céu!

No passado, fixos no mundo; no presente, em Cristo!

Cristianismo é isso: olhamos o passado somente para testemunhar o grande livramento.

No presente temos a divinal consciência da salvação eterna que nos arrebatou das garras do pecado.

“Agora perto”. Isso é intimidade, proximidade. É caminhada com Ele, não para Ele.

Toda busca terminou. Toda procura por sentido da vida teve fim e início NELE.

Nunca esquecer de onde saímos, mas principalmente de onde estamos; em Cristo!

2: 14 “Porque ele é a nossa paz o qual de ambos fez um; e, tendo derribado a parede da separação que estava no meio, a inimizade”. Efésios 2:14.

Aí está a definição mais perfeita de paz: Cristo!

O pior dos equívocos é buscar paz em doutrinas.

É decepção buscar na Igreja.

Também não funciona buscar paz nas liturgias.

A euforia mais temporária é buscar paz nas experiências sensoriais.

Quando se busca paz numa mera leitura da Bíblia o desassossego continuará.

Paz é Jesus! Só temos paz tendo a Ele.

Ele é mais que o Pacificador. Ele é Shalon (a paz do Céu).

Ele é mais que um missionário da paz; é o Príncipe dela (Isaías 9:6).

Ele disse: “Em Mim tendes paz”! (João 16:33).

Tudo que listei acima só tem sentido, e tem, quando Ele é a causa.

Não temos paz através dessas coisas. Desfrutamos desses itens pela PAZ que temos!

Ele é a nossa paz com o Céu e a Terra – Deus e os homens.

Em Cristo não há castas, classes, grupelhos, rico, pobre, culto inculto, influente, simples. Todos somos um corpo!

Eu acho a unidade de Igreja em Cristo a coisa mais celestial na Terra. Todos se chamando de irmãos!

Quando acontece a ameaça da unidade, podemos ter certeza que ali está o dedo mal cheiroso do anjo caído.

Não existe isso, como: cristão metido, arrogante, prepotente, que por algum modo goste de humilhar outros.

No Templo de Israel havia a divisória dos gentios no Templo, além daquele ponto eles não poderiam entra.

Paulo, com certeza, se refere a essa barreira. Ele diz: “Cristo derrubou”. Amém!

Toda glória ao Autor da nossa unidade!

2: 15 – 16 “Aboliu, na sua carne, a lei dos mandamentos na forma de ordenanças, para que dos dois criasse, em si mesmo, um novo homem, fazendo a paz, e reconciliasse ambos em um só corpo com Deus, por intermédio da cruz, destruindo por ela a inimizade”. Efésios 2:15, 16.

Antes da cruz a inimizade entre Israel e os gentios era aberta e hostil.

Os gentios não tinham acesso fácil ao culto israelita, nem intimidade com a liturgia das cerimônias.

Os judeus, escalados para a evangelização dos povos eram os gargalos para a missão de salvar.

Em Cristo as leis cerimonias tiveram fim. Ele agora era o cumprimento das festas, sendo acessível a todos os povos.

Em Jesus todos somos irmãos, sem nacionalidade, raça, ou outros diferenciais.

A paz de Cristo destrói a inimizade entre os humanos.

A Igreja do Senhor (para além de Denominações) abriga a todos na irmandade dos salvos.

Festejemos a grande salvação da penalidade do pecado, e do pecado das divisões sociais.

2: 17 “E, vindo (Cristo), evangelizou paz a vós outros que estáveis longe e paz também aos que estavam perto”. Efésios 2:17.

Os que estavam longe – gentios.

Os que estavam perto – judeus.

Na verdade, os dois estavam longe:

Gentios, pela ausência de conhecimento da revelação.

Judeus, pelo legalismo.

Parece que os que estão distantes pela ignorância, valorizam mais o Evangelho.

O legalismo resiste mais ao Evangelho, porque acha que tem méritos.

O Evangelho da Graça tem esse poder de unir nações e raças sob o mesmo teto.

Enquanto o paganismo ou legalismo reinarem, inimizades continuam.

Cristãos de verdade não perpetuam magoas, não atiçam encrencas, nem alimentam preconceitos.

Os seguidores de Cristo “caiu sobre a Pedra” – Jesus (Mat. 21:44) e tiveram o “eu” despedaçado.

2: 20-21 “Edificados sobre o fundamento dos apóstolos e profetas, sendo Ele mesmo, Cristo Jesus, a pedra angular; no qual todo o edifício, bem ajustado, cresce para santuário dedicado ao Senhor”. Efésios 2:20, 21.

“O fundamento”. A base é Cristo. Os apóstolos e profetas apenas transmitiram o que DELE receberam.

Jesus é a Pedra que suporta todo o peso do edifício da Igreja (todos que aceitaram a Cristo como Salvador).

Sobre Cristo estamos erguidos. Nossa base não é o conteúdo doutrinário; é Cristo!

“Bem ajustado” é uma referência à Justificação pela fé.

Nenhum cristão verdadeiro foi declarado justo por qualquer mérito pessoal,somente pela Graça, recebida pela fé em Cristo.

Todo justo cresce em Cristo. Cresce em conhecimento, em virtudes cristãs e postura ética.

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