Deus e o Orgulho de Nabucodonosor – Daniel 4

Por C. Mervyn Maxwell

Introdução

O quarto capítulo de Daniel foi escrito pelo rei Nabucodonosor. Que coisa extraordinária! Mais extraordinária ainda é constatar que este capítulo contém um edito oficial, que é o testemunho pessoal do rei quanto à liderança divina em sua vida.

Nabucodonosor havia recebido um outro sonho. Uma vez mais havia ele convocado os homens sábios e, embora dessa vez pudesse lembrar em detalhes o sonho que havia tido, os homens sábios não lhe ofereceram nenhuma explicação. Talvez estivessem com medo de fazê-lo. Foi exatamente que neste momento que Daniel, o superintendente dos sábios babilônicos, entrou na sala.

Nabucodonosor descreveu novamente o sonho que tivera. Contou que havia contemplado uma árvore magnificente, que se mantinha em tal ritmo de crescimento que por fim pareceu encher toda a terra com sua copada. Apareceu então um “vigilante”, que ordenou fosse a árvore derrubada e desfolhados os seus galhos. Mas o mesmo vigilante estipulou também que a árvore não devia ser inteiramente destruída. Seu tronco deveria ser deixado entre a “erva do campo”, amarrado “com cadeias de ferro e de bronze”.

Com uma agourenta mudança de tratamento, de “ela” (árvore) para “ele” (algum homem), o vigilante prosseguiu: “Mas o toco, com as raízes, deixe na terra, amarrado com correntes de ferro e de bronze, em meio à erva do campo. Que esse toco seja molhado pelo orvalho do céu, e que a parte que lhe cabe seja a erva da terra, junto com os animais. Que o coração dele seja mudado, para que não seja mais coração humano, e lhe seja dado coração de animal; e passem sobre ele sete tempos. Esta sentença é por decreto dos vigilantes, e esta ordem é por mandado dos santos, para que os que vivem saibam que o Altíssimo tem domínio sobre o reino dos homens. Ele dá esse reino a quem quer, e põe sobre ele até o mais humilde dos homens.” [Daniel 4: 15 – 17]

Daniel reconheceu imediatamente qual era o significado do sonho. Mas hesitou muito em apresentá-lo ao rei.

A data desse sonho pode ser estabelecida de forma aceitável em 569 a.C., depois que Nabucodonosor já havia reinado durante 35 anos. A essa altura dos acontecimentos, ele e Daniel haviam sido bons amigos durante bastante tempo. Daniel era um homem de oração. (Você poderá ler um testemunho mais eloquente a este respeito em Daniel 9. Veja também os capítulos 2 e 6.) Sem sombra de dúvida, ele orava frequentemente a Deus em favor de Nabucodonosor, para que este se convertesse. E agora Deus Se achava a ponto de atender essas orações, ao privar o rei do pleno uso da mente durante certo período, e ao restaurar-lhe depois o poder e o trono. Dessa forma, Nabucodonosor seria levado a reconhecer sua fraqueza e se renderia ao Senhor.

Enquanto Daniel hesitava – não por temor, mas por espanto – Nabucodonosor estimulou-o a falar a verdade. Sabia o rei que podia confiar plenamente em seu fiel e excepcional conselheiro. Então Daniel contou ao rei o que Deus lhe estava revelando, ou seja, que se Nabucodonosor não modificasse os seus caminhos, sua mente sofreria de uma enfermidade, ele começaria. a proceder como se fosse um animal e seria finalmente enxotado para a intempérie, onde comeria a erva do campo.

A condição descrita por Daniel é conhecida entre os psiquiatras como “cantropia” (ou síndrome do homem-lobo). Essas síndromes eram bastante comuns há vários séculos, quando até mesmo pessoas instruídas viviam em contato bastante íntimo com seus animais. Trata-se de um estado mental em que a pessoa chega a pensar que é um animal, e como tal começa a agir.

Daniel disse que Nabucodonosor deveria permanecer nesta condição até que “sete tempos”, ou sete anos, tivessem decorrido. Seus cabelos não cortados e despenteados cresceriam desordenadamente, até que se assemelhassem a penas de águia. Suas unhas cresceriam e se tomariam mais e mais agudas, até adquirirem a semelhança de garras ou cascos. Mas, à semelhança do tronco deixado na terra, o seu direito de exercer o governo seja mantido; e tão logo retornasse a seu perfeito juízo e reconhecesse a liderança divina, o reino lhe seria devolvido.

Ao final da exposição interpretativa, Daniel apelou fortemente a seu real amigo: “Portanto, ó rei”, exclamou o profeta, “aceita o meu conselho, e põe termo em teus pecados pela justiça, e às tuas iniquidades usando de misericórdia para com os pobres; e talvez se prolongue a tua tranquilidade.” Daniel 4:27.

Esse conselho no sentido de romper com os seus pecados e praticar a justiça, deve ter aumentado a ansiedade de Nabucodonosor. Ao concluir o seu grande palácio de verão, ele erigira uma placa na qual chamava a atenção ao poderoso sistema de segurança do palácio. “O homem mau e injusto não poderá entrar aqui”, declarara ele – numa referência à segurança que o palácio oferecia contra assaltantes e outras espécies de criminosos. Mas agora Daniel parecia estar dizendo que Nabucodonosor, construtor e principal habitante do palácio, era igualmente um homem mau e injusto.

Parece que Nabucodonosor levou a sério as palavras de Daniel. Um ano inteiro decorreu até que o juízo caísse sobre o rei. Foi um ano excitante e cheio de alegrias para o rei, pois ele conseguira finalmente subjugar o Egito. Quando jovem, enfrentara batalhas no Egito, com resultados desastrosos; agora, depois de velho, podia ver aquele país finalmente subjugado. Sem qualquer dúvida, Babilônia era a capital de um poderoso império.

E que cidade extraordinária! Os selvagens assírios haviam-na arrasado até ao pó em 689 a.C., mas a opinião internacional havia requerido a sua reconstrução, pois era considerada como a casa dos deuses. Nabopolassar, pai de Nabucodonosor, eliminara a Assíria e assistira ao novo crescimento da cidade. Nabucodonosor aumentara o seu tamanho cerca de três vezes em relação ao original, tornando-a assim a maior cidade do mundo.

E também a cidade mais grandiosa! Enquanto Nabopolassar construíra apenas um palácio, Nabucodonosor construíra três, sendo cada um deles major e mais luxuoso que o seu antecessor. Um deles possuía como telhado um jardim constituído por árvores e arbustos exóticos: eram os Jardins Suspensos de Babilônia, uma das sete maravilhas do Mundo Antigo. O rei mandara construir enormes muros duplos em torno da metrópole – em certos lugares construíra até mesmo muros triplos – a fim de proteger os seus súditos. Ele construíra também uma ponte sobre o poderoso Eufrates, para o bem-estar das pessoas.

Nabucodonosor conduzira campanhas militares às Montanhas do Líbano, conquistando assim os lugares altos em que crescia o Cedrus Libani, o glorioso cedro do Líbano. Escavara estradas através das sólidas rochas, a fim de poder carregar os aromáticos troncos das árvores. Com suas próprias mãos, ajudara a derrubar os poderosos troncos. Mandara construir jangadas dos troncos de cedros, os quais desceram flutuando pelo Eufrates, como se fossem feixes de juncos.

Ele demonstrara sua gratidão aos deuses ao estimular a construção de nada menos que 53 templos, 955 pequenos santuários e 384 altares de rua! Babilônia era, sem dúvida, uma cidade religiosa.

E agora a cidade parecia tão linda! Seus muros externos eram da cor de barro amarelo. Seus principais portões eram de cor azul. Seus palácios tinham a frente coberta de ladrilhos de cor rosa, e seus milhares de templos eram de um branco resplandecente. Erguendo-se acima de tudo o mais, como símbolo da supremacia babilônica, tradicional líder na adoração aos deuses, aparecia a multicolorida Etemenanki, cuja construção era feita em sete “camadas” ou níveis diferentes. Seu relicário mais alto erguia-se a cem metros acima do nível de Esagila, o principal templo de Marduque. Tratava- se do mais famoso templo do Leste.

“Esta é a minha cidade magnificente”, raciocinou Nabucodonosor com incontido orgulho. “E pensar que sou a principal pessoa responsável por isto!” Não conseguiu evitar as palavras que trariam consigo a própria condenação do rei: “Não é esta a grande Babilônia que eu edifiquei para a casa real, com o meu grandioso poder, e para a glória da minha majestade?” Daniel 4:30.

No mesmo instante em que se orgulhava de si mesmo, Nabucodonosor ouviu uma voz do Céu que anunciava haver chegado o momento do juízo preconizado havia um ano. O rei perdeu a razão e foi enxotado para os campos, onde passou a comer capim, como o faria um boi.

Entretanto, findo o período que Deus determinara – e quem nos conta isso é o próprio rei – sua razão retornou, ele ergueu os olhos ao Céu e “bendisse o Altíssimo”. Daniel 4:34.

Todo o capítulo 4 de Daniel foi evidentemente escrito em caracteres cuneiformes, nos tabletes de barro oficiais da corte. Talvez algum dia um arqueólogo descubra um desses tabletes, e então os jornais e revistas imprimirão o seu conteúdo, cheios de excitação. Antes que isso ocorra, você pode ler as palavras de Nabucodonosor, segundo elas aparecem em sua Bíblia.

A Mensagem de Daniel 4

[…] Os dicionários dizem que o ‘orgulho’ aplicado a um membro da família ou a um trabalho, significa ‘plena satisfação’, ou ‘autor respeito razoável, ou ainda um ‘justificável senso de satisfação’. Mas, há uma outra espécie de ‘orgulho’, que é definida como autoestima excessiva.

A Bíblia nos recorda que o orgulho e a soberba podem facilmente conduzir a pessoa ao desastre (Provérbios 16:18), e diz-nos também que Deus aborrece o orgulho (Provérbio 8:13). Uma das razões pelas quais Deus odeia essa espécie de orgulho é porque quando nós pensamos em termos tão elevados a nosso próprio respeito, tendemos a pensar nos outros como merecendo menor consideração, e os tratamos com desamor. Daniel disse ao orgulhoso Nabucodonosor: “Põe termo em teus pecados. . . usando de misericórdia para com os pobres.” Daniel 4:27. A Bíblia diz ainda:

“Ele te declarou, ó homem, o que é bom:

e que é o que o Senhor pede de ti,

senão que pratiques a justiça,

e ames a misericórdia,

e andes humildemente com o teu Deus? Miquéias 6:8.

Se o orgulho nos municia de sentimentos maus em relação às demais pessoas, ele também nos separa de Deus, Deus Se sente mal diante de ambas as situações, e faz o que Lhe é possível a fim de persuadir-nos a ser mais humildes.

Quando Deus tentou ajudar Nabucodonosor a amá-Lo mais e assim tornar- se mais misericordioso para com seus súditos, não foi Deus quem fez com que Nabucodonosor adoecesse. Deus é o Criador e Fonte de toda a vida. “Pois nEle vivemos, e nos movemos, e existimos.” Atos 17:28. Ele cerca a todos os indivíduos de um sistema individual de suporte à vida. Tudo o que Deus teria de fazer no caso de Nabucodonosor, era deixar de prover alguma porção daquele suporte vital que Nabucodonosor insistia em ignorar. O orgulho sempre nos leva a esquecer a nossa dependência de Deus.

[…] A humildade é um ingrediente essencial, tanto para lares felizes, como para palácios felizes.

O Respeito de Deus Pela Liderança

Em Daniel 4: 17 os “vigilantes” celestiais nos dizem que Deus deseja que os “viventes” – ou seja, todas as pessoas – aprendam (1) que Deus “tem domínio sobre o reino dos homens” e (2) que Ele “o dá a quem quer”.

Praticamente todas as pessoas criticam os líderes nos dias de hoje. Será realmente possível que Deus é quem coloca os líderes nas posições de mando do poder público?

Bem, a questão não é tão simples quanto parece! Em nosso estudo de Daniel 1, vimos como Deus, mui relutantemente, “entregou” o rebelde reino de Judá à liderança do rei Nabucodonosor. A opção predileta de Deus para Judá era extremamente melhor que essa. Foi a persistente conduta pecaminosa do povo que levou Deus à triste decisão. Poderíamos recordar o provérbio popular que diz: “o povo tem os governantes que merece”.

Nesse relato, em que Deus enfrenta o orgulho de Nabucodonosor, vemos como o Altíssimo é o Governante final de todas as nações, reservando – Se o direito de permitir que esta ou aquela pessoa chegue ao exercício efetivo do poder. É confortante saber que Deus pode remover líderes sempre que Lhe parece ser esse o melhor caminho. Nabucodonosor era o regente do maior império mundial daqueles dias, mas em questão de minutos Deus o removeu de sua alta posição palaciana e o fez habitar nos campos, à semelhança de um boi.

Contudo, Deus tratou a Nabucodonosor dessa forma, com o alvo de ajudá-lo. Desejava que o monarca se arrependesse e assim pudesse receber o perdão e mais adiante a vida eterna. Deus ama o mundo inteiro (S. João 3: 16); portanto, amava a pessoa orgulhosa, impulsiva, generosa e cruel que era Nabucodonosor.

Nas páginas do Novo Testamento, diz Paulo: “Antes de tudo, pois, exorto que se use a prática de súplicas, orações, intercessão, ações de graças, em favor de todos os homens, em favor dos reis e de todos os que se acham investidos de autoridade”. I Timóteo 2:1 e 2.

Orações, intercessões, ações de graças! Quanto tempo faz que você agradeceu pela última vez a Deus no tocante a seus líderes? Até mesmo os maus governantes proveem algum tipo de serviço público. A maior parte das pessoas concorda em que mesmo um tirano é melhor que a anarquia, e que leis más são melhores que a ausência de leis. Podemos agradecer a Deus, portanto, pelas boas coisas que recebemos, seja qual for o governo que temos.

Discordância é uma coisa; desrespeito é outra. Suponhamos que todas as pessoas, os cristãos de todas as partes, jamais falassem desrespeitosamente acerca de seus líderes! Suponhamos que as famílias cristãs debatessem de modo aberto, mas compreensivo, com os seus líderes, e pedissem insistentemente a Deus que os guiasse, e também se mostrassem perdoadoras para com a liderança!

Jesus demonstrou essa espécie de respeito pelos líderes quando viveu na Terra. Por exemplo, certo dia um grupo de líderes sem piedade trouxe à presença de Jesus uma mulher apanhada em adultério, esperando. que Ele a condenasse publicamente. Num relance, Jesus compreendeu que, embora os pecados da mulher fossem graves, em situação muito pior encontravam- se os líderes. Com extrema facilidade Jesus poderia tê-los desmascarado. Em vez disso, Ele Se ajoelhou e escreveu na areia, usando o próprio dedo, os pecados daqueles homens. Quando estes perceberam o que Jesus estava fazendo, procuraram retirar-se em silêncio. No momento cm que todos se haviam retirado, a primeira sandália que por ali passou, apagou completamente os registros (veja S. João 8: 1 a 11).

Jesus demonstrou respeito por aqueles líderes pecaminosos pelo fato de amá-los e desejar salvá-los. Em certa ocasião, falando de Si próprio, Jesus disse: “Porque o Filho do homem veio buscar e salvar o perdido.” S. Lucas 19:10.

É bem verdade que cm outra ocasião (S. Mateus 23) Jesus pregou um sermão no qual condenou publicamente os pecados dos líderes. Mesmo isso, porém, representou um esforço derradeiro de salvar esses líderes – três dias antes de Sua morte da cruz. A voz de Cristo, enquanto relacionava os pecados daqueles homens, achava-se carregada do mais profundo sentimento de amor.

A mensagem de que “Deus tem domínio sobre o reino dos homens” é repetida cm Romanos 13, onde Paulo diz: “Todo homem esteja sujeito às autoridades superiores: porque não há autoridade que não proceda de Deus; e as autoridades que existem foram por Ele instituídas. De modo que aquele que se opõe à autoridade, resiste à ordenação de Deus; e os que resistem trarão sobre si mesmos condenação. […] A autoridade é ministro de Deus para o teu bem. Entretanto, se fizeres o mal, teme; porque não é sem motivo que ela traz a espada; pois é ministro de Deus, vingador, para castigar o que pratica o mal. É necessário que lhes estejais sujeitos… por dever de consciência.” Romanos 13:1 a 5

Cristãos sinceros encontram-se por vezes em situações nas quais sentem que a obediência a alguma legislação particular, imposta pelo Estado, representaria para eles uma “violação da consciência”. Durante as severas provas que caracterizarão os últimos dias, tais situações se tornarão mais frequentes. Por outro lado, lemos em Atos 5:29: “Antes importa obedecer a Deus do que aos homens.”

Devemos recordar, porém, que parte de nossa obediência a Deus está representada pela nossa obediência ao Estado. “A autoridade é ministro de Deus para o teu bem», diz Romanos 13:4. Quando a consciência da pessoa lhe sugerir que deve desobedecer às leis civis, bom seria lembrar que a Bíblia também nos diz: “É necessário que lhe estejais sujeitos. . . por dever de consciência.” Romanos 13:5.

Existem, efetivamente, ocasiões em que somos forçados a desobedecer às leis do Estado, mas nesses casos não é a consciência que deve constituir o parâmetro! A consciência de uma pessoa diz: “Incorpore-se ao exército e mate os seus inimigos.” A consciência de outra pessoa diz: “Fique longe do exército e seja um pacifista.” A consciência de uma terceira pessoa diz: “Participe do exército e atenda assim as exigências do Estado, mas utilize as oportunidades para curar pessoas, e não para matá-las, uma vez que a Bíblia diz ‘Não matarás’. Êxodo 20:13. […]

Uma vez que a consciência de uma pessoa, sozinha, não pode servir como um guia seguro, o guia seguro só pode ser a Bíblia.

Como adorador do Deus verdadeiro, o jovem Daniel provavelmente se sentiu mui[o desajeitado ao ter de frequentar o “colégio público” babilônico de seus dias.’ Bem sabia ele que o ambiente se achava corrompido por princípios idólatras e pseudocientíficos. Mas quando o rei lhe ordenou que frequentasse a escola, ele sabia não existir nenhum mandamento bíblico que ordenasse o contrário; portanto, obedeceu às instruções do rei. Entretanto, quando diante dele foram colocados alimentos impuros, proibidos pela Bíblia (Levítico 11), ele se recusou a comê-los, mesmo sob risco de perder a viida.

Sadraque, Mesaque e Abede-Nego teriam indubitavelmente preferido ficar longe da planície de Dura. Eles sabiam ser moralmente perigoso permanecer no local de severa tentação. Mas o rei lhes ordenou que comparecessem; e, pelo fato de não conhecerem nenhum mandamento bíblico que proibia esse comparecimento, obedeceram. Mas a Bíblia diz claramente que não devemos curvar-nos diante de imagens (Êxodo 20:4 a 6); assim, recusaram-se ao ato de adoração, mesmo sob risco de serem lançados, na fornalha ardente.

“As coisas. . . reveladas nos pertencem a nós e aos nossos filhos.” Deuteronômio 29:29. Sempre estimulo meus alunos a pensarem que, se um policial lhes der voz de prisão por estarem transgredindo a legislação de trânsito, eles deveriam lembrar que “as autoridades… foram por Ele [Deus] instituídas” e que elas são “ministros de Deus… para castigar o que pratica o mal”. Romanos 13:1 e 4. Certo dia um de meus alunos disse-me que havia posto em prática o meu conselho. Depois que o policial completou o preenchimento do formulário de multa, o jovem perguntou-lhe se poderia ler para ele uma passagem bíblica. Imediatamente pôs-se a ler os primeiros versículos de Romanos 13.

Quando mencionei o incidente a meus amigos, eles me perguntaram se o policial havia desistido de aplicar a multa. Ao lhes responder que “não”, meus amigos sentiram-se desapontados. Entretanto, o que aconteceu foi ainda muito mais impressionante. 0 policial prosseguiu em seu caminho com a reforçada determinação de ser fiel no cumprimento do dever, enquanto o meu aluno prosseguiu determinado a dirigir de modo cuidadoso – e sentindo-se feliz no íntimo, ao invés de carregar amargura no coração. Deus respeita os líderes, e espera que nós façamos o mesmo.

Deus é Generoso ao Indicar Profetas

Quando chegarmos ao estudo de Apocalipse 12 será bom recordarmos que Deus é liberal ao indicar profetas.

Temos um bom exemplo nos dias ide Daniel. Enquanto este servia em Babilônia como embaixador de Deus no palácio real, Deus estava sendo representado por mais dois profetas. Jeremias, mais velho que Daniel, desempenhava seu ministério na Palestina, e mais tarde no Egito (veja Jeremias 29:1; 43:4 a 8). Ezequiel trabalhou em Babilônia. Este aparentemente tinha a mesma idade de Daniel, e viveu numa “colônia” judaica próxima a Nippur, junto ao importante canal de irrigação, Nar Kabari, que na Bíblia é conhecido como o Rio Quebar (veja Ezequiel 1:1; 43:3).

São bem conhecidos todos os dezesseis profetas bíblicos` de lsaías a Malaquias. Bem menos conhecidos são outros profetas, tais como o vidente Gade (1 Crônicas 29:29), ou a profetisa Hulda (11 Crônicas 34:22). Frequentemente, como nos dias de Daniel, Deus dispunha de mais de um profeta ao mesmo tempo. Miquéias serviu ao mesmo tempo que lsaías, por exemplo. Compare Miquéias 1: 1 com lsaías 1:1. Na igreja do Novo Testamento, as quatro filhas de Filipe serviam simultaneamente como profetisas (Atos 21 :8 e 9), assim como o faziam Ágabo, Judas, Silas e outros (veja Atos 15:22; 21: 10). Certa vez, no Antigo Testamento, Deus fez repousar o Seu Espírito sobre setenta profetas ao mesmo tempo. Números 11:24 e 25.

No decorrer do século vinte, olhamos com intensa expectativa, esperando o cumprimento final de Joel 2:28: “E acontecerá depois que derramarei o Meu Espírito sobre toda a carne; vossos filhos e vossas filhas profetizarão.”

Deus é generoso ao fazer surgir profetas. Ele deseja comunicar-Se conosco porque é um Deus que vela pelos Seus filhos.

Retornando agora aos dias de Daniel, observamos que durante a grande crise do exílio, Deus não usou apenas a Daniel, mas também a Ezequiel. Adicionalmente, inspirou a Jeremias com mensagens proféticas, primeiro na Judéia e depois no Egito, quando um grupo de judeus não exilados decidiu deslocar-se para este último país. Em Sua liberalidade, Deus inspirou Daniel, Ezequiel e Jeremias a escreverem mais de cem capítulos de material profético, justamente quando este se fazia mais necessário.

Sabemos igualmente que Daniel se achava bastante familiarizado com a obra de Jeremias. Compare Daniel 9:1 e 2 com Jeremias 29:10. É bem possível que Daniel também estivesse familiarizado com o outro profeta contemporâneo, Ezequiel. A cidade de Nippur, onde parece ter vivido Ezequiel, distava apenas oitenta quilômetros a sudeste da cidade de Babilônia.

Em 587 a.C., cerca de uns dezenove anos antes de Nabucodonosor receber o sonho da árvore gigantesca, Ezequiel foi inspirado a dizer ao Faraó egípcio que ele também estava sendo comparado por Deus a uma árvore alta. Ezequiel 31. Ezequiel advertiu Faraó de que, tendo em vista castigar o seu orgulho, Deus enviaria contra ele o rei Nabucodonosor, para cortá-la como se fosse uma árvore (Ezequiel 29: 19; 30:10). Ezequiel lançou também uma advertência geral de que nenhuma outra árvore – ou seja, nenhum outro rei ou reino – deveria aspirar crescer tanto (veja Ezequiel 31: 1 4).

Tendo em vista a posição especial que Daniel desfrutava junto ao rei Nabucodonosor, e desejando o profeta ver o rei convertido, é bem provável que Daniel tenha mostrado a Nabucodonosor essa mensagem paralela de Ezequiel ao Faraó.”

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