História da Redenção Capítulo 34: Lealdade a Deus sob perseguição

Este capítulo é baseado em Atos dos Apóstolos 5:12-42.

Os apóstolos continuaram sua obra de misericórdia, curando os aflitos e proclamando o crucificado e ressurreto Salvador, com grande poder. Muitos eram continuamente acrescentados à igreja pelo batismo, mas ninguém se aventurava a associar-lhes sem estar unido de coração e mente com os crentes em Cristo. Multidões afluíam a Jerusalém, trazendo seus enfermos e aqueles que estavam possessos de espíritos imundos. Muitos sofredores eram depositados nas ruas ao passarem Pedro e João a fim de que sua sombra fosse projetada sobre eles e ficassem curados. O poder do ressurreto Salvador havia sem dúvida caído sobre os apóstolos, e estes operavam sinais e maravilhas que diariamente faziam aumentar o número de crentes.

Estas coisas grandemente afligiram os sacerdotes e príncipes, especialmente aqueles que dentre eles eram saduceus. Viam que, se fosse permitido aos apóstolos pregar um Salvador ressuscitado, e operar milagres em Seu nome, sua doutrina de que não havia ressurreição dos mortos seria rejeitada por todos, e sua seita logo viria a ser extinta. Os fariseus viam que a tendência de sua pregação seria solapar as cerimônias judaicas e tornar as ofertas sacrificais de nenhum efeito. Seus anteriores esforços para suprimir estes pregadores tinham sido vãos, porém agora estavam determinados a fazer calar o excitamento.

Libertados por um anjo

No acordo deles os apóstolos foram detidos e presos, e o Sinédrio foi convocado para julgar seu caso. Grande número de homens eruditos, além do conselho, foi convocado, a fim de juntos debaterem o que devia ser feito com os perturbadores da paz: “Mas de noite um anjo do Senhor abriu as portas do cárcere e, conduzindo-os par fora, lhes disse: Ide e, apresentando-vos no templo, dizei ao povo todas as palavras desta Vida. Tendo ouvido isto, logo ao romper do dia, entraram no templo e ensinavam.”

Quando os apóstolos apareceram entre os crentes e contaram como o anjo os havia guiado diretamente através do grupo de soldados que guardavam a prisão, ordenando-lhes retomar a obra interrompida pelos sacerdotes e príncipes, os irmãos se encheram de espanto e alegria.

Os sacerdotes e príncipes em conselho tinham decidido lançar sobre eles a acusação de insurreição, e atribuir-lhes o assassínio de Ananias e Safira (Atos dos Apóstolos 5:1-11), e de conspiração para despojarem os sacerdotes de sua autoridade e levá-los à morte. Esperavam excitar a turba de tal maneira que esta decidisse tomar a questão nas mãos e tratar com os apóstolos como havia feito com Jesus. Eles sabiam que muitos que não haviam aceito a doutrina de Cristo estavam cansados do arbitrário governo das autoridades judaicas, e ansiosos por alguma decidida mudança. Se essas pessoas se tornassem interessadas na crença dos apóstolos e a abraçassem, reconhecendo a Jesus como o Messias, eles temiam que a ira de todo o povo se levantasse contra os sacerdotes, fazendo-os responder pelo assassínio de Cristo. Decidiram então tomar medidas drásticas para prevenir isto. Finalmente mandaram que os supostos prisioneiros fossem trazidos a sua presença. Grande foi o seu espanto ante a resposta de que as portas da prisão foram encontradas seguramente fechadas e a guarda estacionada diante delas, mas não se encontravam os prisioneiros em parte alguma.

Logo chegou a notícia: “Eis que os homens que recolhestes no cárcere, estão no templo, ensinando o povo.” Embora os apóstolos tivessem sido miraculosamente libertados da prisão, não escaparam ao interrogatório e castigo. Cristo dissera, quando estava com eles: “Estai vós de sobreaviso, porque vos entregarão aos tribunais.” Enviando um anjo para os livrar, Deus lhes dera um sinal de Seu amor e certeza de Sua presença; tocava-lhes agora sofrer por amor

dAquele a quem estavam pregando. O povo estava tão perturbado pelo que tinha visto e ouvido que os sacerdotes e príncipes sabiam ser impossível excitá-los contra os apóstolos.

O segundo julgamento

“Nisto, indo o capitão e os guardas, os trouxeram sem violência, porque temiam ser apedrejados pelo povo. Trouxeram-nos, apresentando-os ao Sinédrio. E o sumo sacerdote interrogou-os, dizendo: Expressamente vos ordenamos que não ensinásseis nesse nome, contudo enchestes Jerusalém de vossa doutrina; e quereis lançar sobre nós o sangue deste homem.” Eles não estavam tão dispostos a levar a culpa pela morte de Jesus, como quando se associaram ao clamor da vil turba: “Seu sangue caia sobre nós e nossos filhos.”

Pedro, com os demais apóstolos, tomou a mesma linha de defesa que tinha seguido em seu primeiro julgamento: “Então Pedro e os demais apóstolos afirmaram: Antes importa obedecer a Deus do que aos homens.” Foi o anjo enviado por Deus que os libertou da prisão ordenando-lhes a ensinar no templo. Seguindo suas instruções eles estavam obedecendo ao divino comando, o que deveriam seguir fazendo com qualquer risco para si mesmos. Pedro continuou:

“O Deus de nossos pais ressuscitou a Jesus, a quem vós matastes, pendurando-O num madeiro. Deus, porém, com Sua destra, O exaltou a Príncipe e Salvador, a fim de conceder a Israel o arrependimento e a remissão de pecados. Ora, nós somos testemunhas destes fatos, e bem assim o Espírito Santo, que Deus outorgou aos que Lhe obedecem.”

O Espírito da inspiração estava sobre os apóstolos, e os acusados se tornaram acusadores, lançando o assassínio de Cristo sobre os sacerdotes e príncipes que formavam o conselho. Os judeus ficaram tão irados que decidiram, sem qualquer outro julgamento e sem a autoridade dos oficiais romanos, tomar a lei em suas próprias mãos e matar os prisioneiros. Já culpados do sangue de Cristo, estavam agora ávidos de manchar as mãos com o sangue de Seus apóstolos. Mas estava ali um homem de saber e alta posição, cujo claro intelecto viu que este violento passo traria terríveis consequências. Deus suscitou um homem de seu próprio conselho para deter a violência dos sacerdotes e príncipes.

Gamaliel, o sábio fariseu e doutor, um homem de grande reputação, era uma pessoas de extrema precaução, que antes de falar em favor dos prisioneiros, pediu que eles fossem removidos. Então falou com grande ponderação e calma: “Israelitas, atentai bem no que ides fazer a estes homens. Porque antes destes dias se levantou Teudas, insinuando ser ele alguma coisa, ao qual se agregaram  cerca de quatrocentos homens; mas ele foi morto, e todos quantos lhe prestavam obediência se dispersaram e deram em nada. Depois desse, levantou-se Judas, o galileu, nos dias do recenseamento, e levou muitos consigo; também este pereceu, e todos quantos lhe obedeciam foram dispersos. Agora vos digo: Dai de mão a estes homens, deixai-os; porque se este conselho ou esta obra vem de homens, perecerá; mas, se é de Deus, não podereis destruí-los, para que não sejais, porventura, achados lutando contra Deus.”

Os sacerdotes não podiam senão ver plausibilidade nesta opinião; foram obrigados a concordar com ele, e com muita relutância soltaram os prisioneiros, depois de os castigar com varas e insistir com eles vez após vez a não mais pregarem em nome de Jesus, ou suas vidas seriam o preço de sua ousadia. “E eles se retiraram do Sinédrio, regozijando-se por terem sido considerados dignos de sofrer afrontas por esse Nome. E todos os dias, no templo e de casa em casa, não cessavam de ensinar, e de pregar Jesus, o Cristo.”

Os perseguidores dos apóstolos devem ter ficado bem perturbados quando viram sua falta de habilidade para derrotar estas testemunhas de Cristo, que tiveram fé e coragem para transformar sua vergonha em glória e seu padecimento em alegria por amor de seu Mestre, que tinha suportado humilhação e agonia antes deles. Dessa maneira estes bravos discípulos continuaram a ensinar em público, e em particular nas casas, a convite de seus habitantes que não ousavam confessar abertamente sua fé, por temor dos judeus.

Indicamos: Perante o Sinédrio – Atos dos Apóstolos – Capítulo 8


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