Comentários de John Stott de Gálatas 5:26- 6:1-5

Fonte: Lendo Gálatas com John Stott

“Não nos deixemos possuir de vanglória, provocando uns aos outros, tendo inveja uns dos outros. Irmãos, se alguém for surpreendido em alguma falta, vocês, que são espirituais, restaurem essa pessoa com espírito de brandura. E que cada um tenha cuidado para que não seja também tentado. Levem as cargas uns dos outros e, assim, estarão cumprindo a lei de Cristo. Porque, se alguém julga ser alguma coisa, não sendo nada, engana a si mesmo. Mas que cada um examine o seu próprio modo de agir e, então, terá motivo de gloriar-se unicamente em si e não em outro. Porque cada um levará o seu próprio fardo.” Gálatas 5:26- 6:1-5

“Não sejamos presunçosos, provocando uns aos outros e tendo inveja um dos outros. Essas são palavras muito instrutivas, porque mostram que a conduta para com os outros é determinada pela opinião sobre nós mesmos. Quando somos preguiçosos, os relacionamentos estão fadados a serem envenenados.

Se nos considerarmos superiores às pessoas, nós as desafiamos, pois queremos que conheçam e sintam nossa superioridade. Se as consideramos superiores a nós, nós as invejamos. Em ambos os casos, nossa atitudes se deve ao fato de termos uma opinião tão fantasiosa sobre nós que não podemos suportar rivais. Muito diferente é o amor que é o fruto do Espírito, que os cristãos exibem quando andam pelo Espírito. O Espírito Santo abriu-lhes os olhos para que pudessem ver tanto próprio pecado como sua indignidade, e também a importância e o valor das outras pessoas aos olhos de Deus.

A ordem “levem os fardos pesados uns dos outros” pressupõe que todos temos fardos e que Deus não deseja que os levinhos sozinhos. É claro que podemos colocar os fardos em Cristo, mas uma das maneiras pelos quais Ele os leva é por meio da amizade humana. Ser alguém que carrega fardos é um grande ministério. É algo que todo cristão deve e pode fazer. É uma consequência natural da prática de andar pelo Espírito.

Paulo dá um exemplo de como levar um fardo: “Se alguém for surpreendido em algum pecado, vocês, que são espirituais, deverão restaurá-lo com mansidão.” Se notarmos alguém fazendo algo errado, não devemos ficar parados sem fazer nada. Também não devemos desprezar ou condenar o pecador, denunciá-lo ao ministro ou fazer mexerico sobre ele. Não, devemos restaurar essa pessoa. E são apenas os “que vivem pelo Espírito” que devem tentar a restauração. Ela deve ser feita com mansidão- um dos frutos do Espírito. Paulo acrescenta que devemos ter cuidado para também não sermos tentados. Isso sugere que a mansidão em relação aos outros nasce do senso da própria fraqueza e tendência ao pecado.

Se andarmos pelo Espírito, amaremos mais uns aos outros; se amarmos mais uns aos outros, levaremos os fardos uns dos outros; e, se levarmos os fardos uns dos outros, não deixaremos de procurar restaurar um cristão que caiu em pecado. Se obedecermos à referida instrução apostólica como devemos, evitaremos muitos mexericos e também a apostasia; a igreja avançará e o nome de Cristo será glorificado.

A implicação de Paulo é que, se não tomamos – ou não tomarmos – os fardos uns dos outros, é porque nos consideramos superiores. Não nos rebaixaríamos a tal coisa; ela estaria abaixo de nossa dignidade. Mais uma vez, é notável que a conduta para com os outros é governada pela opinião sobre nós mesmos. Assim como provocamos e invejamos outras pessoas quando somos presunçosos, nós nos recusamos a carregar o fardo dos outros quando pensamos que somos “alguma coisa”.

A verdade é que não somos coisa alguma; não somos nada. Isso é um exagero? Não quando o Espírito Santo abriu os nossos olhos para vermos como somos, rebeldes contra o Deus que nos fez à Sua imagem, não merecendo nada de Suas mãos, a não ser a destruição. Quando nos dermos conta e nos lembrarmos disso, não nos compararemos de modo favorável com outras pessoas, nem nos recusaremos a servir a elas ou a a carregar os seus fardos.

Mesmo quando formos cristãos, redimidos por Deus por meio de Jesus Cristo, não devemos nos comparar com os outros. Essas comparações são odiosas e perigosas, como apóstolo continua a dizer. Em vez de examinarmos o próximo e nos compararmos a ele, devemos “[examinar] os [nossos] próprios atos”, pois teremos de levar a “própria carga”. Ou seja, somos responsáveis perante Deus por nosso trabalho e deveremos, um dia, prestar-Lhe conta disso.

Devemos levar os fardos uns dos outros que são muito pesados para uma pessoa carregar sozinha. Mas há um fardo que não podemos compartilhar – na verdade não precisamos compartilhar, porque é um fardo suficientemente leve para cada um carregar – a responsabilidade para com Deus no dia do juízo. Nesse dia você não poderá levar o meu fardo, e eu não poderei lavar o seu. Cada um de nós deverá responder individualmente a Deus.”

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