Epílogo – Daniel 12 – Comentário de Henry Feyerabend

Um dia, o prazer vai acabar;
Portanto, viva para interesses maiores.
Um dia, a tristeza vai acabar;
Portanto, seja paciente e não perca a esperança.
Um dia, a tentação vai acabar;
Portanto, seja corajoso.
Um dia, a oportunidade de trabalhar vai acabar;
Portanto, seja diligente agora.
Um dia, esta vida vai acabar;
Portanto, esteja preparado para a vida futura.
(Adeny, The Puípit Commentary)

O tempo do fim tem o seu clímax com a libertação do povo de Deus. Ele tem sido peregrino e forasteiro em um mundo inseguro. Ele tem sido perseguido e martirizado, mas agora, o dia da retribuição e recompensa chegou. “Porque será o dia da vingança do Senhor, ano de retribuições pela causa de Sião” (Isaías 34:8).

Epílogo é uma conclusão, um resumo, no qual o principal assunto do livro é revisto e a sua importância, enfatizada. Acabamos de estudar a intrincada profecia de Daniel 11. O capítulo 10 foi o prólogo dessa última visão de Daniel. O capítulo 12, o epílogo.

Nesse tempo, se levantará Miguel, o grande príncipe, o defensor dos filhos do teu povo, e haverá tempo de angústia, qual nunca houve, desde que houve nação até àquele tempo; mas, naquele tempo, será salvo o teu povo, todo aquele que for achado inscrito no livro (Daniel 12:1).

Nesse tempo: É importante notar que os capítulos 10, 11 e 12 constituem uma visão, não três. Acabamos de estudar algumas estratégias do anticristo. Todas a grandes profecias de Daniel e Apocalipse revelam o fato de que o papado será o ator principal na cena de encerramento do Conflito dos Séculos. Tudo isso terminará quando o poder papal acabar com a perseguição. O verso anterior termina com as palavras: “Mas chegará ao seu fim, e não haverá quem o socorra.” É nessa hora que Miguel assume o comando.

Miguel: Muitos teólogos insistem que Miguel é um mero anjo, um ser criado. Miguel, aqui, é descrito como “o grande príncipe, o defensor dos filhos do teu povo”. Ele é o “Príncipe e Salvador” (Atos 5:31). Ele é o “Ungido” (Messias), o “Príncipe” (Daniel 9:25). Não temos outro Messias! O único Príncipe para quem os cristãos olham para obter salvação é Aquele que pagou o preço pela expiação dos pecados deles no Calvário. Nenhum outro, a não ser o nosso Redentor, pode preencher a descrição das atividades descritas neste capítulo. (Para um estudo mais completo sobre Miguel, ver os comentários concernentes ao capítulo 12, sob o subtítulo “Quem é Miguel?”)

Se levantará: O que significa “se levantará Miguel”? Comparando Escritura com Escritura, encontramos a chave para a interpretação dessa expressão.

Eis que ainda três reis se levantarão na Pérsia (Daniel 11:2).

Depois, se levantará um rei poderoso, que reinará com grande domínio e fará o que lhe aprouver (Daniel 11:3).

Na profecia de Daniel 11, “levantar-se” significa tomar o poder ou governar. Quando a trajetória do anticristo terminar, Miguel haverá terminado Sua obra mediadora no santuário celestial e tomará o reino que a Ele pertence. O reino do mundo se tornou de nosso Senhor e do seu Cristo, e Ele reinara pelos séculos dos séculos” (Apocalipse11:15). Suas vestes sacerdotais serão postas de lado e trocadas pelo manto real. As nações serão quebrantadas com vara de ferro (Salmo 2:9). Elas serão reduzidas a pedaços como um vaso de oleiro. Neste momento, Ele é nosso Sacerdote. Quando terminar o seu ministério sacerdotal, o destino de todos estará para sempre definido. Todos os casos estarão decididos para a eternidade.

Logo, Ele Se tornará o nosso Rei. Agora, Ele está associado com o Pai no trono de domínio universal. Logo, Ele Se levantará para tomar posse do Seu próprio reino, o trono de Davi, há muito prometido, e estabelecerá um domínio o qual não terá fim (Lucas 1:32 e 33). Ele virá como o Rei dos reis e Senhor dos senhores (Apocalipse 19:16).

Tempo de angústia, qual nunca houve: Quando Miguel se levantar, haverá um tempo de angústia sem precedentes. Haverá uma série de julgamentos divinos sobre os que rejeitaram a Deus. Em Mateus 24.1, lemos acerca de uma tribulação sem comparação antes e depois. Esse foi o tempo de angústia experimentado pelo povo de Deus durante o período da dominação papal. Por 1.260 anos, o povo de Deus foi perseguido e oprimido. Mas essa não é a tribulação sobre a qual Daniel falou.

Como podemos ter dois tempos de angústia, cada um maior do que qualquer um antes ou depois? A tribulação de Mateus é uma tribulação que cai sobre a igreja. O povo de Deus passa por essa tribulação, e por causa deles mesmos, ela é abreviada (Mateus 24:22). O tempo de angústia descrito por Daniel não é um tempo de perseguição religiosa, mas de calamidade internacional. A expressão “qual nunca houve, desde que houve nação’ mostra que esse é um tempo de angústia sobre as nações, e não sobre a igreja. Esse é o tempo de angústia que inclui as últimas pragas de Apocalipse 16 e dá desfecho à história deste mundo com a vinda do Rei dos reis em nuvens de fogo ardente para destruir os Seus inimigos. No fim dessa tribulação, serão libertos todos aqueles cujos nomes estiverem no livro da vida.

Muitos dos que dormem no pó da terra ressuscitarão, uns paia a vida eterna, e outros para vergonha e horror eterno (Daniel 12:2).

Qual ressurreição? Essa não pode ser a descrição da ressurreição que ocorre na segunda vinda de Cristo (I Tessalonicenses 4:16), quando todos os justos mortos, de todas as épocas passadas, são ressuscitados. Nessa ressurreição, “muitos” são despertados do pó da terra. Entre eles, estão pessoas perversas que são despertadas para “vergonha e horror eterno. Isso não pode se referir à primeira ressurreição, da qual diz a Bíblia:

Bem-aventurado e santo é aquele que tem parte na primeira ressurreição; sobre esses a segunda morte não tem autoridade; pelo contrário, serão sacerdotes de Deus e de Cristo e reinarão com Ele os mil anos (Apocalipse 20:6).

Isto não pode se referir à segunda ressurreição, descrita em Apocalipse 20:5, em que é dito que “os restantes dos mortos não reviveram até que se completassem os mil anos”. A segunda ressurreição exclui os justos que ressuscitaram na primeira, e nenhum daqueles que dela participarem gozarão a vida eterna.

Duas ressurreições: Há um intervalo de mil anos entre a ressurreição dos justos e a ressurreição dos ímpios. Iodos eles vivem no mesmo mundo, são sepultados na mesma terra; mas, quanto ao tempo da ressurreição, haverá enorme separação. A ressurreição aqui mencionada não se encaixa com a descrição de nenhuma das duas ressurreições.

Quando Jesus estava diante de Caifás, o sumo sacerdote, Ele declarou: Vereis o Filho do homem assentado à direita do Todo-poderoso e vindo sobre as nuvens do céu” (Mateus 26:64). Como poderia Caifás, que logo viria a morrer, ser testemunha ocular da segunda vinda de Cristo?

No livro do Apocalipses nos é dito:

Eis que vem com as nuvens, e todo o olho O verá, até quantos O traspassaram. E todas as tribos da Terra se lamentarão sobre Ele. Certamente. Amém! (Apocalipse 1:7)

É evidente que, para Caifas e outros que pessoalmente tomaram parte na crucifixão verem o Cristo crucificado vindo nas nuvens com poder e glória, deve haver uma ressurreição preliminar, antes da segunda vinda.

Alguns que se esforçaram e sofreram por causa da esperança da vinda do Salvador, mas que morreram sem vê-Lo, serão ressuscitados para testemunhar as triunfantes cenas do glorioso advento.

Porém, os que zombaram dEle e O ridicularizaram em Sua agonia de morte, serão ressuscitados como parte do seu castigo. Caifás estará entre os que não poderão suportar a majestade e o esplendor do Vencedor celestial, e clamarão para que as rochas e as montanhas caiam sobre eles (Apocalipse 6:16 e 17).

Os que forem sábios, pois, resplandecerão como o fulgor do firmamento; e os que a muitos conduzirem à justiça, como as estrelas, sempre e eternamente (Daniel 12:3).

Os sábios: Quem é considerado sábio aos olhos de Deus? Não são aqueles que se consideram sábios. Paulo diz:

Porque a sabedoria deste mundo é loucura diante de Deus; porquanto está escrito: Ele apanha os sábios na própria astúcia deles (I Coríntios 3:19).

Para quem são dedicadas as páginas da História? Quem recebe os aplausos do historiador? Se você visitar Paris, com certeza será levado até o túmulo de Napoleão. Ele foi considerado um dos grandes homens da França. Se visitar a Praça Trafalgar, em Londres, verá que um alto monumento ao Almirante Nelson domina o cenário. Em Nova Iorque, os turistas são levados até o tumulo de Ulisses S. Grant. Na América do Sul há inúmeras estátuas em honra ao grande líder militar, Bolívar. A Bolívia recebeu esse nome em sua homenagem.

Quem é considerado grande neste mundo? Aqueles que organizaram exércitos e os conduziram na tarefa de destruir outros. Seus nomes são familiares: os gregos orgulham-se de Alexandre o Grande; os romanos, de seus Césares; os franceses, de Napoleão; os alemães, do Kaiser; e os russos, do Czar.

Quando Cristo voltar, muitos que se consideram sábios estarão entre os que clamarão para as rochas e as montanhas caírem sobre eles. A recompensa final não será dada com base na sabedoria ou no conhecimento mundanos. O Céu não julga de acordo com os padrões mundanos. Quem refulgirá como as estrelas, sempre e eternamente? Não serão aqueles a quem o mundo engrandece, exalta e aplaude. O louvor do mundo passa como a brisa da manhã. As promessas de Deus duram para sempre.

Existem muitas ocupações que exigem sabedoria. De todas as ocupações do mundo, a que merece mais destaque é a de ganhar almas. A Bíblia diz:

O fruto do justo é árvore de vida, e o que ganha almas é sábio (Provérbios 11:30).

Sabei que aquele que converte o pecador do seu caminho errado salvará da morte a alma dele e cobrirá multidão de pecados (Tiago 5:20).

Daniel chama de sábios “os que a muitos conduzirem à justiça”. A esses é dirigida a promessa: “resplandecerão como o fulgor do firmamento e ‘como as estrelas, sempre e eternamente”. A beleza dessa nobre promessa é sublime. Ela se encontra em uma das visões mais tenebrosas da Bíblia. Em meio à escuridão, vemos essa preciosa e gloriosa promessa.

Tu, porém, Daniel, encerra as palavras e sela o livro, até ao tempo do fim; muitos o esquadrinharão, e o saber se multiplicará (Daniel 12:4).

Encerra as palavras: Em Daniel 8:26, é dito ao profeta: “Preserva a visão, porque se refere a dias ainda mui distantes.” Essas visões não foram compreendidas adequadamente pela igreja primitiva, nem tampouco pelos reformadores. Não que Deus tenha ocultado arbitrariamente essas verdades dos cristãos das eras passadas. As profecias que são predições são melhor compreendidas depois que muitos dos seus detalhes são cumpridos. No tempo do fim, quase 25 séculos depois das visões, o mesmo Espírito que inspirou essas declarações, impressionaria os crentes fiéis com o seu verdadeiro significado.

Muitos o esquadrinharão, e o saber se multiplicará: Muitos estudantes da Bíblia veem nessa profecia uma descrição vívida dos nossos tempos modernos, com viagens aéreas e até mesmo viagens espaciais. O aumento do conhecimento científico tem sido incrível nos últimos anos.

Sir Isaac Newton, depois de estudar esse texto, declarou que não ficaria surpreso se, em algum tempo no futuro, as pessoas fossem de um lado para o outro à incrível velocidade de 80 quilômetros por hora. Mais tarde, Voltaire (que viveu no século 18) considerou essa declaração um exemplo de como o estudo das profecias induzia as pessoas a falar coisas absurdas.

No seu verdadeiro contexto, esse verso sugere que o conhecimento da profecia aumentará. “Muitos correrão de uma parte para outra, e a ciência se multiplicará” (texto conforme versão Almeida Revista e Corrigida) se refere mais especificamente à pesquisa das profecias para conhecer o seu verdadeiro significado. Ele aponta para os que, de maneira persistente, dedicada e meticulosa, estudam as visões. Somente esses que “correm de uma parte para outra”, ou “pesquisam” no livro de Daniel – e outros livros da Bíblia, entenderão suas verdades. As mais preciosas gemas da verdade do evangelho estão escondidas em lugares profundos, nas minas da Escritura. Devemos “examinar as Escrituras” para achar a Pérola de grande preço, a única que nos provê a vida eterna.

Então, eu, Daniel, olhei, e eis que estavam em pé outros dois, um, de um lado do rio, o outro, do outro lado (Daniel 12:5).

Um diálogo: Aqui, Daniel vê dois visitantes celestiais, além daquele que fala com ele. Acontece um diálogo que o ajuda a entender coisas que não podiam ser apresentadas por meio de símbolos.

Um deles disse ao homem vestido de linho, que estava sobre as águas do rio: Quando se cumprirão estas maravilhas? (Daniel 2:6)

Em Daniel 8:13 e 14, um método semelhante de revelar uma profecia é usado – o de perguntas e respostas. Essas perguntas e respostas aqui parecem ser um resumo dos importantes elementos fornecidos em visões anteriores.

Ouvi o homem vestido de linho, que estava sobre as águas do rio, quando levantou a mão direita e a esquerda ao céu e jurou, por Aquele que vive eternamente, que isso seria depois de um tempo, dois tempos e metade de um tempo. E, quando se acabar a destruição do poder do povo santo, estas coisas todas se cumprirão (Daniel 12:7).

Levantou a mão: O ato de levantar a mão antes de fazer uma declaração é um gesto que frequentemente acompanha um juramento. O mesmo gesto também é usado nas Escrituras como um apelo ao Céu. Nesse caso, ambas as mãos estão erguidas, dando maior ênfase à importância e veracidade da declaração.

O período de tempo mencionado aqui é mencionado repetidas vezes em Daniel e Apocalipse. Ele se refere aos 1.260 anos da supremacia papal e à opressão ao povo de Deus.

Se acabar a destruição do poder do povo santo: A palavra hebraica original, aqui traduzida como “poder” é, literalmente, “mão”. Essa passagem nos fornece uma figura de uma mão sendo destruída. Nos tempos antigos, destruir a mão do inimigo era método usado para reduzi-lo a um estado de total desamparo.

A resposta à pergunta “Quando se cumprirão?” é dada em duas partes. O tempo da destruição do poder do povo santo, que é um período de tempo definido de 1.260 anos, e o tempo quando “se cumprirão estas maravilhas” é um período cuja época não está determinado. O período medido terminou em 1798, e agora vivemos em um período que não foi medido.

Eu ouvi, porém não entendi; então, eu disse: meu senhor, qual será o fim destas coisas? (Daniel 12:8)

Não entendi: Existem aqueles que consideram sinal de fraqueza admitir que não entendem cada uma das sílabas das profecias bíblicas. Os servos de Deus mais honestos e corretos, mesmo se ficarem diante de homens e anjos, devem muitas vezes admitir que há mistérios impenetráveis os quais não podemos compreender.

A pergunta de Daniel: Essa não é a primeira vez que Daniel faz esse tipo de pergunta. Assim como Daniel, todos nós queremos saber o que nos reserva o futuro. Existem coisas que não podemos entender. Seu desejo de obter maior luz não foi atendido. A profecia a respeito da crise final não era para o seu benefício, mas para o benefício daqueles que deveriam passar por ela.

Ele respondeu: Vai, Daniel, porque estas palavras estão encerradas e seladas até ao tempo do fim (Daniel 12:9).

A tradução Moffat verteu esse verso da seguinte maneira:

Não peça mais, Daniel, pois a revelação deve ser mantida em segredo e preservada até que termine a crise (Daniel 12:9).

“Não se preocupe, Daniel”, é a mensagem. “Deixe tudo em minhas mãos. O destino do Universo repousa na minha soberana vontade. Fique tranquilo; deixe tudo comigo.” O propósito da visão era revelar o que aconteceria ao povo de Deus nos últimos dias. Somente esse povo poderia entender o seu significado. Qualquer um que não passasse pelas perseguições dos últimos dias não poderia compreender inteiramente as visões do livro de Daniel.

Muitos serão purificados, embranquecidos e provados; mas os perversos procederão perversamente, e nenhum deles entenderá, mas os sábios entenderão (Daniel 12:10).

Temos aqui o segredo do verdadeiro conhecimento. As Escrituras podem ser compreendidas somente por um povo puro e santificado. Perfeita pureza e justiça são necessárias para um perfeito entendimento dessas profecias. Quando, no fim dos tempos, o povo de Deus tiver passado pelo processo de refinamento e purificação, as escamas da descrença e ignorância cairão dos seus olhos, e coisas que antes eles não podiam entender resplandecerão em todo o seu significado e glória.

Depois do tempo em que o sacrifício diário for tirado, e posta a abominação desoladora, haverá ainda mil duzentos e noventa dias (Daniel 12:11).

Aqui, um novo período profético é introduzido. O começo desse período não é claramente definido. É simplesmente dito que é um “tempo em que o sacrifício diário for tirado, e posta a abominação desoladora”.

A expressão “posta” é traduzida do hebraico nathan, que significa “ser instalado” ou “estabelecido”. Alguns comentaristas sugerem que, embora a “abominação desoladora” fosse estabelecida plenamente em 538 d.C.- o início dos 1.260 anos -, um importante evento, ocorrido 40 anos antes, preparou o caminho para o que aconteceu cm 538.


Essa imagem não consta no livro
Essa imagem não consta no livro

Uma das barreiras para o estabelecimento do papado foi a oposição dos bárbaros, como os Godos, os Vândalos e Hérulos, que eram arianos. A conversão dos Francos, a primeira entre as tribos teutônicas a abraçar o catolicismo ocidental, preparou o caminho para a queda do arianismo e o triunfo final do papado.

Quando Clóvis, o rei dos Francos foi batizado, o bispo exclamou: “Eis o novo Constantino!” Clóvis se tornou o patrono e protetor do papado. Por meio desse evento, o papa tornou-se o indivíduo mais poderoso dentro do cristianismo.

A aliança de Clóvis com o bispo de Roma em 508 d.C. – justamente 1.290 anos antes de 1798 – foi um acontecimento vital para a instalação da abominação da grande apostasia. Nesse caso, a profecia dos 1.260 anos e a dos 1290 anos terminaram em 1798.

O evento que intensificou os temores de todos esses reis arianos, e que deixou para cada um pouco mais do que apenas a esperança de que fosse o último a ser devorado, foi a conversão de Clóvis, o ímpio rei dos Francos, para o catolicismo. – Thomas Hodgkin, Theodoric the Goth, pág. 186.

Bem-aventurado o que espera e chega até mil trezentos e trinta e cinco dias (Daniel 12:12).

Temos aqui outro período, o qual é 45 dias, ou anos, mais longo do que o anterior. A linguagem desse verso lembra algumas declarações semelhantes do livro de Apocalipse. “Bem-aventurado aquele que vigia e guarda as suas vestes” (Apocalipse 16:15).

Quando começa esse período? Embora não haja uma indicação direta, deve haver alguma conexão entre esse período e o de 1.290 dias do verso anterior. Se os dois períodos começam ao mesmo tempo – em 508 d.C.- esse período termina em 1843. Uma bênção é prometida aos que esperam e chegam a esse tempo.

O grande movimento do advento: Se olharmos para o ano de 1843, veremos o notável cumprimento da profecia na grande proclamação da segunda vinda de Cristo. Nesse ano, aconteceu a impressionante culminação de toda a luz que fora derramada nos assuntos proféticos até aquele tempo. Uma proclamação abalou o mundo e houve um espírito de reavivamento e despertamento sem paralelo.

De maneira simultânea, na Europa e nos Estados Unidos, estudantes sinceros da Bíblia se convenceram da proximidade da vinda de Jesus. Com apenas sete anos de idade, José Wolff, um menino judeu nascido na Alemanha, confrontou-se com a verdade de que Jesus era o Messias. Ele dedicou a vida à pregação dessa verdade. Ele não apenas creu no primeiro advento de Cristo, um “Homem de dores, experimentado nos trabalhos”, como creu que a verdade do segundo advento é igualmente clara. Ele viajou muito pela África, Ásia, Palestina, Síria, Pérsia e Estados Unidos. Falou para o Congresso americano e para entidades governamentais da Nova Jérsei e Pensilvânia, proclamando a verdade da segunda vinda de Cristo. Ele foi espancado, passou fome, foi vendido como escravo, condenado à morte em três diferentes ocasiões, atacado por bandidos e assaltado por causa da mensagem que ele tanto amava. Ele perseverou em sua pregação para europeus, americanos, judeus, turcos, indianos e muitas outras nacionalidades, anunciando em alto e bom som a chegada do reino do Messias.

Quase ao mesmo tempo, 700 ministros da Igreja da Inglaterra, cheios do poder do Espírito Santo, foram inspirados a proclamar essa mesma mensagem da iminente volta de Cristo.

Na América do Sul, Manuel Lacunza, sacerdote jesuíta, começou a estudar a Bíblia, e ficou chocado com a verdade da breve volta de Cristo. Por causa da sua conexão com o movimento jesuíta, ele achou por bem proclamar suas ideias, publicando-as sob o pseudônimo de “Rabbi Ben Ezra”. Seu livro foi traduzido para o inglês, dando forte impulso aos ensinamentos sobre o segundo advento, que já vinham sendo proclamados na Inglaterra.

Em Genebra, Suíça, um homem chamado Gaussen estava lendo a História Antiga, de Rollin, quando teve sua atenção voltada para a profecia do capítulo 2, de Daniel. Ao continuar os estudos das profecias, chegou à conclusão de que a volta do Senhor estava muito próxima. Sua influência na França e Suíça foi enorme, vindo a tornar-se um instrumento para convencer a muitos de que a vinda do Senhor estava por acontecer.

Na Escandinávia, os que pregavam sobre a segunda vinda de Cristo eram atirados na prisão. De maneira milagrosa, crianças com apenas seis ou oito anos de idade começaram a pregar. Eram crianças comuns, exceto quando se levantavam diante das pessoas e eram movidas pelo poder. O povo as ouvia com tremor, e, uma vez que eram menores de idade, não podiam ser detidas pelas autoridades.

Nos Estados Unidos, Guilherme Miller e seus associados pregavam uma mensagem que se espalhou de Estado em Estado. O seu testemunho simples e direto sobre as Escrituras trazia convicção aos ouvintes. Pessoas de todas as classes se aglomeravam nessas reuniões. Ao serem repetidas as evidências da breve volta de Cristo, as multidões ouviam no mais absoluto silêncio.

Tu, porém, segue o teu caminho até ao fim; pois descansarás e, ao fim dos dias, te levantarás para receber a tua herança (Daniel 12:13).

Descansarás: A obra de Daniel estava completa. Por duas vezes, ele fora informado por um mensageiro do Céu que ele era mui amado. Agora, a mensagem profética que ele recebera, estava escrita. Deus está dizendo: “Enrola o livro, põe a pena de lado, pois a revelação terminou.” Daniel está com 90 anos de idade. Ele completou sua carreira. Ele realizou a sua obra. Chegou a hora de descansar. Depois de mais de 70 anos de fiel serviço nas cortes de Babilônia e Susã, ele repousou e descansa na sepultura, até que o Doador da vida o chame para a vida eterna.

Levantarás para receber a tua herança: Junto com palavras de repouso e libertação vem uma promessa de recompensa. Quando o povo escolhido de Deus tomou posse da terra de Canaã, nos dias de Josué, eles lançaram sorte e cada tribo recebeu sua herança em lotes. Deus prometeu a Daniel que não falharia em dar-lhe sua recompensa por uma vida vivida em absoluta fidelidade.

Josué em hebraico, é o mesmo que Jesus em grego. Um dia, o nosso Josué vai partilhar a nossa herança numa Terra renovada. Aqui, na Terra, temos um pequeno espaço, suficiente para abrigar nossos ossos sem vida. Muito em breve, Deus vai nos doar uma herança. Se formos fiéis a Ele, a promessa feita a Daniel pode ser reclamada por todos nós. Teremos o nosso galardão.

Os escritos de Daniel guiarão o fiel povo de Deus através do tempo de angústia que se aproxima, preparando-o para o aparecimento de Cristo nas nuvens dos céus. Esse livro contém a mensagem apropriada para os tempos em que a igreja de Deus vive. Suas profecias nos fornecem datas exatas que gravitam em torno do primeiro advento. Elas focalizam uma trilha que se encontra pontilhada de sinais e marcos que clareiam com fulgor divinal o caminho que conduz para o estabelecimento final do Reino de Deus. Nesse livro profético encontramos instruções detalhadas e de importância vital na guerra contra os poderes das trevas. Esse livro mostra a forma extraordinária como Deus fala com o Seu povo. É necessário darmos atenção à mensagem que Ele transmite.

Olhe para as marcas do caminho ao longo da sua jornada,
Olhe para as marcas do caminho, uma a uma, ao passar por elas:
Através das eras, deixando para trás os quatro reinos.
Onde é que estamos? Olhe para as marcas do caminho.
Primeiro, Babilônia foi quem dominou o mundo,
A bandeira dos medo-persas, a seguir foi desfraldada;
E depois que a Grécia teve domínio universal,
Roma tomou-lhe o cetro, e hoje, onde estamos?
Lá em baixo, nos pés de ferro mesclado com barro,
Fracos e divididos, prestes a serem derrubados;
Qual será o próximo grande e glorioso drama?
É a vinda de Cristo à Terra, e a eternidade.
Olhe para as marcas do caminho, os grandes marcos proféticos.
Através das eras, deixando para trás os quatro reinos,
Olhe para as marcas do caminho, os grandes marcos proféticos;
Pois, a jornada já está quase acabando. (E E. Belden)

Você pode ler os estudos dos capítulos do Livro de Daniel aqui

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